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Operação remove 468 ambulantes da Praça da Estação

A retirada começou na madrugada de ontem; somente 250 serão realocados para o Beco da Poeira

Os 468 feirantes que ocupavam, há mais de dois anos, a Praça da Estação, no Centro da Capital, começaram a ser removidos, na madrugada de ontem (26), como parte de uma operação de ordenamento da Prefeitura de Fortaleza, através da Secretaria Regional do Centro (Sercefor). A retirada das barracas teve início por volta da meia-noite, pegando muitos vendedores de surpresa e os deixando sem resposta sobre o que será feito de seus negócios. Segundo o órgão, apenas metade dos comerciantes será transferida para outro ponto.

Alguns feirantes ainda atuavam no local ontem. Fiscais faziam trabalho de convencimento para que eles deixassem a Praça Foto: Lucas de Menezes

Na manhã de ontem, o clima no local era tenso e cercado por indefinição. Enquanto fiscais da Prefeitura faziam trabalho de convencimento para que os feirantes deixassem a Praça, muitos deles alegavam não terem sido notificados sobre a operação. “Não sabíamos que iriam fazer isso hoje. Outros vendedores ligaram de madrugada para me avisar que estavam removendo minha barraca”, relata o comerciante Adonísio Henrique da Silva. Conforme ele, os vendedores foram informados que o processo de remoção começaria apenas em maio, e não esperavam a chegada da fiscalização durante a madrugada.

Indignados com a operação, alguns vendedores reclamaram, ainda, das perdas financeiras acarretadas com a retirada. A feirante Diana Fernandes afirma que, além da banca na qual atuava, mercadorias, manequins e cabides utilizados no local foram levados, deixando um prejuízo de quase R$ 500,00. “Gastei muito dinheiro para montar tudo e tiraram. Ninguém aqui tem dinheiro para recuperar o que perdeu”, conta a comerciante.

Realocação

A preocupação geral, no entanto, diz respeito ao destino dos comércios. A expectativa dos feirantes é que todas as barracas sejam transferidas para outros pontos, mas os vendedores ainda não sabem se a realocação vai ser, de fato, realizada. “Não disseram o que a gente deve fazer. Comentaram que iam nos transferir para o Beco da Poeira, mas não cabe todo mundo lá. Podemos até ficar sem emprego, já que esse é o único trabalho que temos”, comenta a feirante Edna Teixeira.

O titular da Sercefor, Régis Dias, afirma que somente 250 dos 468 feirantes serão realocados para o Centro de Pequenos Negócios (CPN), o Beco da Poeira, onde, segundo ele, haveria boxes vazios disponíveis para novos permissionários. Conforme ele, terão prioridade os vendedores que tiveram mais assiduidade nas chamadas feitas desde o início do ano. Alguns feirantes começaram a ser transferidos ainda na manhã de ontem.

Em relação aos demais comerciantes, Régis Dias afirma que não tem responsabilidade sobre eles. “Não me acho no papel de encontrar lugar para todo mundo. Os feirantes sabiam que precisavam sair porque a situação era irregular. Eles têm a opção de ir para camelódromos, formar cooperativas. O que podemos fazer é dar uma orientação por meio da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas) e do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas)”, ressalta.

Insegurança

Conforme o secretário, a operação de retirada das barracas se fez necessária por conta de vários fatores, dentre eles a insegurança na Praça da Estação. Dias afirma que o local tornou-se atrativo para usuários de droga e assaltantes, que passaram a utilizar as barracas como esconderijo. Além disso, segundo ele, devido ao acúmulo de água das chuvas nas lonas, as tendas viraram foco de dengue, problema alertado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

O titular da Sercefor pontua, ainda, que a desocupação dos espaços públicos em Fortaleza vem sendo cobrada da Prefeitura pelo Ministério Público do Ceará há cerca de dois anos. “É um absurdo a Praça ser ocupada enquanto outras pessoas querem usufruir do lugar do jeito correto. O suposto direito de alguns não pode prevalecer sobre o de uma população inteira”. O secretário afirma que os feirantes foram avisados da remoção em janeiro deste ano e que a operação foi realizada de madrugada por questões de logística.

Após o fim da retirada, processo que ainda não tem prazo para conclusão, o logradouro será reformado e requalificado. Segundo Dias, parte do local será dedicado à mobilidade urbana.

O plano consiste na implantação de estacionamentos para ônibus turísticos, medida que, conforme o gestor, é uma antiga solicitação do Centro de Turismo do Ceará (Cetur). Outra proposta é a utilização do logradouro como local de apoio à futura Pinacoteca do Estado, projeto encabeçado pela Secretaria de Cultura do Ceará (Secult) que deve ocupar os galpões da Praça da Estação.


Lojas terão impacto positivo

Com o fim da feira na Praça da Estação e a retirada de 468 vendedores dos mais diversos tipos de mercadorias do Centro da Cidade, o comércio formal da região deve sentir, em breve, os impactos da operação de ordenamento promovida pela Prefeitura Municipal. Para quem possui estabelecimentos regularizados na região, a remoção dos ambulantes representa o fim da concorrência desleal.

Segundo Prefeitura, remoção se deu a partir da 00h por uma questão de logística; comerciantes dizem que foram pegos de surpresa Foto: Fernando Ribeiro

Segundo o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), Francisco Freitas Cordeiro, a desocupação do logradouro é um desejo antigo dos comerciantes em situação regular da área e trará consequências positivas para o setor em geral. “A desocupação do espaço público é uma reivindicação nossa há muito tempo, porque aquela situação não é boa nem para o ocupante nem para o comércio que instalado formalmente”.

Cordeiro ressalta que não é contra a atividade dos ambulantes no Centro, desde que seja realizada de forma organizada e não prejudique a saúde da população nem a limpeza da Cidade. “Não queremos tirar o camelô totalmente do Centro. Ele faz parte da vida da região, é um componente daquele espaço. Mas tudo dentro do limite”, avalia o representante da CDL.

Na tentativa de fornecer suporte aos comerciantes removidos da Praça, Freitas Cordeiro afirma, ainda, que a CDL irá disponibilizar, gratuitamente, um curso de requalificação com foco na utilização de forma ordenada do espaço público.

Queda de vendas

Na visão do presidente do Sindicato de Lojistas de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves, o fim da feira no logradouro, sem dúvida, trará benefícios para os vendedores regulares, uma vez que acabará com a concorrência desleal. “Para o comércio que paga imposto e contribui para o desenvolvimento da Cidade, isso vai ser extremamente positivo. A Praça tinha sido transformada em um grande feirão, com vendas até do que a lei proíbe. A saída deles vai revitalizar aquela região”.

Segundo Alves, é possível que a retirada dos pontos de venda da área prejudique, a princípio, os negócios no Centro. No entanto, ele destaca que a atividade formal é capaz de dar conta da demanda de consumidores que frequentavam a feira. “O comércio se beneficia de ações que são lícitas. As vendas dos comerciantes regularmente estabelecidos rapidamente absorverá a venda que por ventura venha a cair com essa remoção”, pontua.

Há algumas semanas, a reportagem do Diário do Nordeste esteve na Praça da Estação e constatou a situação degradante do logradouro. Por conta da feira diária, bancos, pisos e pontos de ônibus encontravam-se danificados, carecendo urgentemente de reparos.

FIQUE POR DENTRO

Ações já aconteceram em outros pontos

Há uma semana, fiscais da Secretaria Executiva Regional (SER) IV retiraram barracas de comércio que ficavam embaixo do viaduto da Avenida Aguanambi. O órgão alegou o uso incorreto do espaço público e afirmou que um dos lugares pensados para receber esses comerciantes é o Mercado dos Peixes da Avenida Gomes de Matos, no Montese.

Além disso, desde o domingo passado (21), os ambulantes que trabalham na Feira da Parangaba não podem mais ficar nos canteiros centrais e nem em frente ao Terminal da Lagoa. A Regional VI desenvolve, no local, cadastro de feirantes e ações educativas.

VANESSA MADEIRA
ESPECIAL PARA CIDADE

Fonte: Diário do Nordeste

 

Zeudir Queiroz

One thought on “Operação remove 468 ambulantes da Praça da Estação

  1. juluana disse:

    Esse senhor (Regis Dias) diz nao ter responsabilidade pelos outros feirantes?

    E por atitudes como essa que acontece situaçoes como esta, a responsabilidade e sim sua e de todos os outros governantes de Fortaleza pq se essas pessoas podessem escolher entre ter seu lugar certinho ou estar na rua, tenho certeza que elas estariam trabalhando de forma correta em um lugar correto. porem essa forma de chegarem na madrugada abrindo os boxes invadindo e retirando mercadorias sem dar condiçoes desses trabalhadores salvar suas mercadorias foi totalmente errado pois estao tirando a condiçao de sustento de um pai e de uma mae de familia.

    Senhores Governantes abracem sua populaçao ajudem para que essas pessoas possam trabalhar de forma honesta.

    Nao e so na hora do voto que os politicos tem a obrigaçao de lembrar da populaçao nao.

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