Os caminhoneiros cearenses também aderiram ao movimento nacional que pede a redução do preço do combustível, além do aumento do frete, valor recebido conforme a carga e a distância da viagem feita por eles. A ação aconteceu durante a tarde de ontem, na BR-116, nas proximidades do quilômetro 15, no município do Eusébio. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) do Ceará, o engarrafamento atingiu, aproximadamente, três quilômetros de extensão, e os dois sentidos da via estavam interditados.
Exercendo a atividade há mais de 30 anos, o caminhoneiro Vicente Holanda foi um dos 50 a iniciarem a manifestação. “Estamos unindo forças com as outras regiões do Brasil. Queremos lutar pelos nossos direitos. Precisamos de mais ajuda do governo, eles subiram o diesel e diminuíram o valor do frete, assim se torna impossível trabalhar”, reivindica.
O também caminhoneiro Carlos Nascimento já parou em três manifestações. “Vim de São Luís. De lá para cá, essa é a terceira vez que paro para apoiar o movimento. Só na BR-135, peguei duas, uma bem no começo e outra quase aqui. Deveria ter chegado em casa, mas estou parando para ajudar a promover nossos pedidos”, conta.
Mais de 100 pessoas participaram do movimento. Cerca de 70 transportes de cargas estavam paralisando o tráfego no trecho da BR-116, nos dois sentidos. Os manifestantes só liberaram uma mão de cada via para carros, motos e pedestres, a PRF estava no local para auxiliar na condução do trânsito.
A greve só deve terminar quando o Governo Federal se manifestar. “Só vamos parar no momento que alguma autoridade vier conversar com a gente. Queremos um posicionamento”, assegura Vicente Holanda.
A população que passava pela via aprovava os objetivos do movimento, fosse com gritos ou com sinais positivos. “Concordo demais com que eles estão fazendo. Afinal, se ninguém for atrás disso, as coisas só vão piorar. Não podemos é ficar parados”, afirma o representante comercial Cláudio Nobre.
Prejuízos
O protesto pode afetar a distribuição de alguns produtos adquiridos pelo Estado, segundo o Sindicato dos Caminhoneiros do Ceará (Sindicam-CE). Dentre os itens, estão laranja, tomate e batata, que são importados, em grande parte, do Paraná e de Goiás.
Por meio de nota, a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de produtos industrializados (Abad), responsável pela distribuição das mercadorias das indústrias para o varejo, acrescentou que “caso o movimento continue a ganhar corpo, é provável que o setor venha a sentir os efeitos” das manifestações.
Governo Federal coordenará reunião
O Governo Federal promoverá, hoje, reunião entre representantes de caminhoneiros e do setor empresarial, anunciou, ontem, o titular da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto. A intenção é acabar com os bloqueios nas estradas.
Na reunião, que deve ocorrer em Brasília, o governo apresentará propostas sobre a prorrogação relativa ao programa de crédito do BNDES chamado ProCaminhoneiro – que já está sob análise – e a regulamentação da Lei dos Caminhoneiros, aprovada pelo Congresso. O preço do diesel, reivindicação principal dos motoristas, não está em discussão, disse o ministro.
Os protestos de caminhoneiros afetam pelo menos 11 estados, incluindo o Ceará, conforme a Polícia Rodoviária Federal. Manifestantes chegaram a fechar os acessos do Porto de Santos, em São Paulo, o maior do País. A Polícia Militar usou bombas de gás e prendeu sete pessoas. No Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, a Justiça determinou a liberação das estradas.
O estado mais prejudicado é o Rio Grande do Sul, com 46 interdições em 12 BRs. Santa Catarina tem 27 trechos bloqueados. O Paraná possui 20 trechos de seis rodovias interditados. Em Mato Grosso, são dez rodovias parcialmente interditadas, enquanto em Minas Gerais, há nove bloqueios e no Mato Grosso do Sul, seis. Na Bahia, quatro trechos foram interditados.
Economia
Para o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, os protestos terão “efeito importante” sobre a economia. Ele diz que ainda é cedo para avaliar os impactos. “Pode haver algum reflexo no trânsito das mercadorias, mas não me parece que seja algo muito relevante”, acredita.
Fonte: Diário do Nordeste
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