O ato de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) e ao ministro Sergio Moro em Fortaleza expôs um racha entre o Movimento Brasil Livre (MBL) e o grupo bolsonarista Endireita Fortaleza, que realizaram protestos simultâneos na Praça Portugal ontem.
De um lado do espaço, o MBL e o PSL mantiveram paredão de som ligado até pouco depois das 16 horas. Do outro, lideranças que integram a Frente Cearense pelo Novo Brasil se revezavam num trio elétrico. Entre elas, estavam representantes do Conexão Patriota, Consciência Patriótica, Movimento Brasil Conservador, Movimento Ordem e Progresso e Brasil Indignado.
A disputa sonora era a parte visível de uma desavença aberta entre as entidades que marcharam juntas em 2016 a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas que agora estavam afastadas. No centro da discórdia está a defesa de Bolsonaro. Membros do Endireita acusam o MBL de “traição”.
Um deles é Leonardo Tote. Estudante de Direito, o jovem diz que “houve um rompimento desde o dia 26”, referindo-se ao último evento pró-Bolsonaro no País, ainda em maio. “O maior ato de traição que o MBL fez com a gente foi nesse dia, porque não compareceram às manifestações e ainda inventaram fake news dizendo que uma das pautas era o fechamento do Congresso.”
Coordenador do MBL no Ceará, Carmelo Neto rebate a crítica. “Me acusam de dono da manifestação, mas quem se comporta como dono são eles. Eu não quero dividir ninguém. Quero unir, sou da paz”, respondeu.
Ainda que a paz política não tenha reinado na praça ontem, os grupos chegaram a um acordo para que apenas um dos equipamentos continuasse funcionando. Convencido a ceder, o MBL desativou seu paredão e enviou representantes para falar no trio do Endireita. Mas sem exibir suas bandeiras.
Apesar das divergências, Carmelo e Tote consideraram o ato na capital cearense um sucesso. “Foi um recado importante, as pessoas estão apoiando nosso ministro, nosso presidente e as pautas do governo, como o pacote anticrime e a reforma da Previdência em R$ 1 trilhão”, disse o coordenador do MBL. “Embora a gente tenha tido o problema com o som gigante do MBL, foi muito bom”, completou Tote.
Além da divisão entre os grupos, outra queda de braço marcou o protesto, mas dentro do PSL. Deputados estaduais da sigla, André Fernandes e Delegado Cavalcante compareceram ao evento. No trio, discursaram a favor de Bolsonaro.
Durante pronunciamento de Fernandes, porém, o paredão do MBL foi novamente acionado, agora para abafar a fala do pesselista, que entrou com pedido de afastamento do deputado federal Heitor Freire do comando da legenda no Ceará.
Questionado, o deputado evitou comentar o assunto. “Viemos aqui para apoiar o pacote anticrime, o decreto do porte de armas e todas as medidas do governo de Jair Messias Bolsonaro”, sintetizou.
Fonte: www.opovo.com.br/
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