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Jovem vai à UTI após alisamento capilar em Fortaleza

Adrielly Silva, de 32 anos, passou sete dias internada e precisou de hemodiálise após reação ao ácido glioxílico, usado em alisamentos

Foto: Reprodução

O que era para ser apenas um procedimento estético de rotina quase terminou em tragédia. A consultora comercial Adrielly Silva, de 32 anos, precisou ser internada em estado grave após passar por uma escova progressiva em um salão de beleza de Fortaleza, no dia 9 de abril. Após complicações inesperadas, ela foi diagnosticada com insuficiência renal aguda e teve que ser submetida a três sessões de hemodiálise.

Adrielly havia decidido alisar os cabelos novamente após oito anos, para facilitar a rotina de trabalho que envolve constantes viagens. Indicada por uma amiga, ela escolheu um salão e deu início ao procedimento. Ainda durante a aplicação do produto, começou a sentir queimação no couro cabeludo, seguida de náuseas e vômitos durante o uso da prancha.

Mesmo com os sintomas, viajou no dia seguinte a trabalho para São Paulo. A dor nas costas persistiu e, ao retornar às pressas a Fortaleza no dia 13, foi levada direto ao hospital. Lá, descobriu que seus rins haviam parado de funcionar corretamente.

O diagnóstico surpreendeu até os médicos. O nefrologista que a atendeu desconfiou da causa ao notar o couro cabeludo descascando. Ao ser questionada sobre procedimentos recentes, Adrielly contou sobre a progressiva, e a ligação foi feita: intoxicação por ácido glioxílico, uma substância química usada como substituta do formol, mas sem regulamentação da Anvisa.

Segundo os médicos, a substância pode penetrar na corrente sanguínea através de lesões no couro cabeludo e provocar lesões renais graves. O urologista Bruno Castelo explica que não se trata de uma alergia, mas sim de um efeito adverso direto da substância no organismo. “Pode levar à insuficiência renal aguda mesmo em pessoas sem comorbidades”, alertou.

Já a dermatologista Érika Belizário reforça que o ácido glioxílico, embora vendido como alternativa segura, pode liberar compostos similares ao formol em altas temperaturas, como durante o uso de pranchas térmicas. A médica orienta atenção aos sinais de alerta: queimação intensa, ardor nos olhos, náuseas, vômitos ou dor abdominal, indicando a necessidade de interromper o procedimento imediatamente e procurar atendimento médico.

Adrielly recebeu alta na última segunda-feira (21), mas seguirá em acompanhamento para verificar a recuperação total da função renal. “Foi um susto muito grande. Nunca imaginei que algo tão comum poderia me levar para a UTI”, disse.

Zeudir Queiroz