Mesmo sendo uma das unidades de Saúde mais importantes do Estado, o Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC) ainda passa por sérios problemas estruturais. Em um dos graves episódios desta eminente crise, o hospital bloqueou seis leitos de Unidade de Terapia Intensiva de (UTI) destinadas a pacientes adultos. Enquanto isso, de acordo com a Secretaria de Saúde (Sesa), há sete pacientes do Interior, na última sexta-feira(5), registrados na Central de Regulação do Estado, aguardando transferências para leitos na Capital.
O comunicado sobre o encerramento destes leitos partiu da própria chefia da unidade, no último dia 27 de janeiro. Segundo um ofício destinado à Central de Leitos, o bloqueio ocorreu devido a redução de profissionais da área da Saúde disponíveis para atendimentos (enfermeiros e auxiliares de enfermagem), impedindo, deste modo, o funcionamento. O documento, obtido pelo Diário do Nordeste, ressalta que o fechamento das unidades de UTI foi informado à Direção do Hospital César Cals.
Ação da Defensoria
Com o anúncio dos bloqueios dos leitos do HGCC, a Defensoria Pública da União no Ceará (DPU/CE) realizou, em juízo, pedido de adoção de medidas coercitivas para o cumprimento de decisão judicial pelo Estado. O processo, impetrado em 3 de dezembro de 2014, exige a implantação progressiva de 150 novos leitos de terapia intensiva no sistema público de saúde do Ceará em quatro anos.
As inspeções realizadas pela DPU nos hospitais identificaram que a quantidade exigida de criação de novos leitos não foi atendida. Entre as medidas coercitivas apontadas na ação, estão a incidência de multa diária e a destinação de multa pessoal contra o secretário de saúde do estado do Ceará responsável pelo César Cals. Além disso, é pedida a autorização para que o Estado possa deslocar verbas destinadas à publicidade governamental para garantir a reabertura de leitos de UTI fechados no HGCC e, ainda, que seja totalmente proibida a utilização de verbas publicitárias pelo Estado até que seja solucionada os problemas dos leitos fechados no Hospital.
Salários atrasados
De acordo com informações do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do Estado do Ceará (SindSaúde), diversos profissionais do hospital abandonaram as atividades durante todo o mês de janeiro. Um dos motivos apontados pelo Sindicato teria sido o atraso nos salários.
O diretor do Sindsaúde, Eliezer Celestino, ressaltou que os trabalhadores ausentes não são concursados. Os enfermeiros e auxiliares teriam sido contratados em um convênio com a Cooperativa de Trabalho dos Profissionais de Saúde do Estado do Ceará (CooSaúde). Estes profissionais, conforme Celestino, já teriam realizado uma paralisação no mês passado, reivindicando o pagamento dos salários.
“Os enfermeiros e auxiliares que saíram do trabalho são profissionais cooperados, sem vínculos empregatícios com o hospital. Eles teriam que receber os salários por cooperativa, mas o dinheiro não foi repassado. Com isso, eles abandonaram os postos de trabalho e assim os leitos precisaram ser fechados, pois a demanda aumentou consideravelmente para os poucos profissionais”, explicou.
Reforma
Procurada pela reportagem, a Coosaúde, por meio do setor jurídico, informou que os salários atrasados já teriam sido pagos. Questionada sobre a ausência dos profissionais, a cooperativa se limitou a informar que não poderia se pronunciar sobre o assunto porque não foi comunicada oficialmente.
O HGCC, por meio de sua assessoria de comunicação, informou que, atualmente, existem 32 leitos de UTI, sendo 12 adulto e 20 leitos neonatal e que nenhum desses estariam fechados. O hospital reforçou que 36 leitos de Unidade de Médio Risco também estão em funcionamento. O hospital se limitou a indicar que para 2016 está em fase de conclusão a reforma no bloco 700, com um total de 28 leitos.
Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
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