O funcionário baleado e decapitado em um hospital de Fortaleza deixou uma filha de seis anos e a mulher grávida, conforme a irmã dele, Francisca Escóssio. O crime aconteceu, nesta terça-feira (23), no Hospital Instituto Doutor José Frota, em Fortaleza. A motivação seria porque o autor do crime tinha ciúmes da própria mulher com a vítima.
“A gente não vai deixar pra lá, a gente vai procurar a Justiça e os órgãos competentes para nos trazerem essa resposta e, principalmente, justiça pelo meu irmão que deixou a mulher grávida e uma criança de seis anos”, disse Francisca, que trabalha como secretária escolar.
O corpo da vítima, que trabalhava no setor de alimentação do hospital, ficou caído no refeitório da unidade. Outra pessoa também ficou ferida. “O sentimento é de indignação. Ele estava trabalhando, não estava fazendo nada de errado. Ele trabalhava aqui faz 10 anos. A gente fica ainda com muitas perguntas”, declarou Francisca.
Ela disse ainda que a família descobriu sobre o crime através das redes sociais. “Uma pessoa ligada à empresa mandou o vídeo da situação em que meu irmão se encontrava, e disse o que realmente tinha acontecido”, disse.
“Imediatamente, a gente não quis acreditar mas pedi para meu esposo, que trabalha aqui do lado, para vir aqui e realmente saber o que tinha acontecido. Foi a pior cena que você possa imaginar”, lamentou a secretária.
Prisão do suspeito
Um homem de 41 anos, principal suspeito do crime, foi preso poucas horas após o crime. Ele foi encontrado na cidade de Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza.
O anúncio da prisão foi feito pelo governador Elmano de Freitas nas suas redes sociais. Conforme Elmano, o suspeito foi localizado no distrito de Patacas, a cerca de 9 quilômetros do centro de Aquiraz. Com o homem foi apreendida uma motocicleta. “Agora responderá na Justiça pelo bárbaro crime que cometeu”, afirmou o governador.
Segundo o secretário de Segurança Pública do Ceará, Samuel Elânio, o suspeito do crime entrou no hospital para matar o funcionário porque tinha ciúmes da esposa com ele. “Um dos funcionários, que foi a vítima, estaria se insinuando para a companheira do autor do crime, motivo pelo qual ele já tinha anunciado algumas vezes que ia praticar um ato desse tipo”, explicou Elânio.
Suspeito é ex-funcionário do hospital
O suspeito do crime já havia trabalhado no IJF e entrou lá usando o reconhecimento facial, mesmo tendo sido demitido há mais de um ano. Ele levava consigo uma mochila na qual carregava a arma de fogo usada para matar a vítima.
De acordo com Elânio, a vítima foi atingida por quatro disparos, e depois foi decapitada. Imagens que circulam em grupos mostram a vítima fardada, caída no refeitório, com a cabeça ao lado. Também é possível ver uma faca próximo ao corpo. Um outro funcionário foi baleado e levado ao centro cirúrgico.
O IJF, onde o crime ocorreu, é uma das principais unidades de saúde de Fortaleza, referência no atendimento às vítimas de traumas de alta complexidade, lesões vasculares graves e queimaduras. O hospital é gerido pela Prefeitura municipal.
Conforme testemunhas que estavam no hospital, foram ouvidos vários disparos e houve correria dentro da unidade. Além do funcionário morto, outra pessoa foi baleada e levada ao centro cirúrgico. Após o crime, o suspeito fugiu. Ele deixou a mochila com a arma de fogo no hospital.
A Direção do hospital informou que dois prestadores de serviços do setor de alimentação foram vítimas de agressão na área de recebimento de cargas do hospital. Um dos homens foi a óbito no local e o outro foi socorrido pelas equipes da Emergência.
“As famílias das vítimas estão sendo acolhidas e a situação está sendo acompanhada pelos órgãos de segurança, que está recebendo todo o apoio para as investigações.Reforçamos que todos os atendimentos aos pacientes seguem sendo realizados sem interrupção”, disse a Direção do IJF.
Em nota, o prefeito José Sarto lamentou o caso e criticou a atuação do governo do Ceará na segurança pública.
“É inaceitável a violência em Fortaleza continuar do jeito que está. Hoje mais uma vez vivemos momentos de horror. Dois assassinatos brutais. A paralisia do Governo de Estado no combate às facções não parece ser apenas incompetência, mas também cumplicidade. Acionei as Secretarias de Segurança Cidadã, Educação, Saúde e Direitos Humanos para dar todo o suporte aos familiares das vítimas e aos nossos trabalhadores, a quem dedico toda minha solidariedade. Não permitirei que o acesso aos nossos serviços públicos sejam prejudicados pela insegurança”, afirmou Sarto.
O governador do Ceará, Elmano de Freitas, também se pronunciou sobre o caso e criticou o prefeito de Fortaleza, José Sarto.
“Nossas forças de segurança estão à procura e prenderão muito em breve o criminoso, já identificado, que praticou um crime bárbaro, esta manhã, nas dependências do IJF, por motivos passionais. Segundo investigações, trata-se de um ex-funcionário, que foi demitido há mais de um ano e, mesmo assim, teve acesso ao hospital municipal com reconhecimento facial. Um crime lamentável, que terá rápida resposta da polícia. Há de se lamentar, também, a postura irresponsável e oportunista do prefeito de Fortaleza, que buscando criar um fato político em cima de uma tragédia, atribui o episódio a ação de facções. E ainda fala, levianamente, de cumplicidade do Estado. Em respeito aos cearenses, não entrarei nesse jogo de baixaria do prefeito, que não está preocupado em resolver os problemas, mas pensando unicamente na sua reeleição. A população de Fortaleza já está o julgando por isso. Pelo contrário, usarei todas as minhas energias para enfrentar o problema da violência, junto com nossas forças de segurança, que confio. Não irei jamais terceirizar responsabilidades, como faz covardemente o prefeito de Fortaleza, ultrapassando os limites da ética”, escreveu Elmano.
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Fonte: https://g1.globo.com/
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