Após dois anos e dois meses da inauguração, o Metrô de Fortaleza ainda está em fase de testes. A “operação assistida” depende de licitações para ser encerrada e não há prazo para o início da operação comercial
Seu Francisco Edilson, 49, aproveita o “friozinho” do Metrô de Fortaleza (Metrofor) duas vezes por semana. Às sextas-feiras, ele vai ajeitar o jardim do chefe, na Parangaba, mas, nas quartas, o senhor sai do bairro Ancuri, de ônibus, e vai até a estação no Benfica só para passear. Elevai e vem até a estação Carlito Benevides, que é o final da linha Sul em Maracanaú, só admirando a cidade.
Em dois anos, Edilson já acumula 64 viagens, contabilizadas em um papel afixado na parede de casa. Viajar no metrô, que ele sempre “quis alcançar”, é uma diversão que vai durar até acabar o período de operação assistida, quando o serviço deixa de ser de graça e estende os horários – hoje, funciona de 8h às 12horas. “Enquanto eles não colocam para pagar, eu vou testando também”, comenta o jardineiro.
Com início em junho de 2012, a operação assistida, ou fase de testes, segundo a assessoria de imprensa do Metrofor, espera por licitação para equipamentos de “de sinalização, de controle, de ventilação e de bilhetagem”, no valor de “R$ 187 milhões”, e ainda permanece sem data para acabar. Com o início da operação comercial, o tempo de espera entre um trem e outro cairia de 30 minutos para cinco e o horário de funcionamento será das 5h30 às 23 horas.
Enquanto espera a nova fase do transporte, Edilson tem esperança de passar das 100 viagens de graça, mas a opinião do jardineiro não é compartilhada pela maioria. Para a universitária Mirian Vasconcelos, 21, que sai do Conjunto Jereissati II com direção ao Centro, o horário de funcionamento atual é inconveniente. “Saio 6h da manhã de casa para pegar um ônibus e ainda chego atrasada. Se fosse num horário mais cedo, seria ótimo. Deviam colocar logo para gente pagar”, opina a estudante que só utiliza o serviço quando a aula da faculdade termina mais cedo e ela consegue ir até o emprego, em Parangaba, de metrô.
Com viagem confortável e rápida – leva-se em média de 35 a 40 minutos para percorrer os 24 km da linha sul que liga a estação Chico da Silva, no Centro, à Carlito Benevides, em Maracanaú -, o Metrofor é elogiado pela massoterapeuta Rose Fernandes, 43. “Isso é tão bom que nem parece transporte público”, afirma, mantendo, contudo, algumas ressalvas. “Essa demora em estender os horários e passar a cobrar passagem só pode ser para beneficiar os empresários de ônibus. Quem deixaria de pegar um metrô para andar num ônibus quente e lotado?”, questiona.
A comodidade também é elogiada pela autônoma Fátima Monteiro, umas das 11 mil pessoas que circulam diariamente no Metrofor. “Saio da quentura do Centro e chego em casa bem geladinha. É bom demais, devia ser era o dia todinho”, conta, na torcida de que a operação comercial comece logo.
Saiba mais
Segundo a assessoria do Metrofor, o serviço será integrado ao sistema de transporte público existente, “sendo definido posteriormente como se dará a integração sobre o preço das passagens”.
Espera-se que,quando integrado aos demais sistemas metroferroviários e de ônibus, 355 mil passageiros circulem diariamente no Metrofor.
Duas das 20 estações na Linha Sul ainda estão em obras. A Padre Cícero (localizada atrás do campo do Ceará) e a Juscelino Kubitschek (próxima ao Bar Avião, na avenida João Pessoa) “entraram no PAC da Copa para mobilidade e estão sendo construídas, devendo ser finalizadas no início do ano que vem”.
Durante a viagem de ida e volta, a reportagem verificou que os alertas sonoros e luminosos, avisando em que ponto a viagem está, não estavam funcionando.
Fonte: O Povo
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