Eleições 2024

Em dois meses, Ceará registra três chacinas

Doze mortos e três feridos no período de dois meses. Todos os casos de chacina envolvem tráfico de drogas, indicando que crimes de pistolagem deram espaço às “rixas” pelo comando do tráfico no Interior e RMF

Plantão-Policial-JM1Em dois meses, o Ceará registrou três chacinas, que levaram à morte um total de doze pessoas. Todas elas em importantes centros urbanos do Estado, sendo duas na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e uma em Sobral. A terceira chacina foi registrada na noite da última segunda-feira, 4, na localidade do Barro Vermelho, município de Acarape, na RMF. Os casos anteriores ocorreram no último domingo, 3, no município de Maranguape (também na RMF) e no dia 13 de abril, no distrito de Aprazível, em Sobral (a 230 km de Fortaleza).

Todos os casos, segundo a Polícia, envolveriam o comércio ilegal de entorpecentes e não ocorreram na Capital, acirrando a tendência de que os crimes de pistolagem característicos do Interior e RMF estão dando lugar às “rixas” causadas pelo tráfico de drogas. As três situações chocam pela extrema violência, tendo como vítimas mulheres e crianças, além de motivação torpe.

A ação, em Acarape, terminou com a morte de dois homens e uma mulher: os irmãos José Ivan Costa Moura, 24, e José Bruno de Castro Moura, 21; e Maria Janiele da Costa Silva, 18, que era esposa de um deles. Um homem, identificado apenas como Sérgio, foi baleado e sobreviveu. Conforme a Polícia Militar, o crime teria sido causado por disputa de territórios de tráfico de drogas.

Já na ação registrada em Maranguape, foram mortos Valdeci Moreno Costa Júnior, 21, Stanley Matheus Fialho da Silva, 20, e Antônio David Lima da Silva, 20. Duas pessoas saíram feridas. As vítimas seriam integrantes da gangue do Parque Luzardo Viana, de Maracanaú, segundo a Polícia. Já os executores fariam parte da facção da Área Verde, de Maranguape.

Em Sobral, as vítimas foram Patrícia Farias da Silva, 30; a filha Emily Farias, 15; o sobrinho, Geovane Nascimento; a mãe Maria de Jesus da Silva, 53; e o vizinho, Aureliano da Silva. O crime teria sido vingança, pois o autor acreditava que o esposo de Patrícia havia executado um familiar dele. O marido dela seria um traficante e teria comandado a execução em decorrência de uma dívida.

Prisões

Em Acarape, dois adolescentes que estavam com as vítimas prestaram depoimento. Ninguém foi preso.

No caso de Maranguape foram detidas cinco pessoas suspeitas de envolvimento no crime. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSPDS), a última prisão ocorreu ontem. Todos foram encaminhados à Delegacia Metropolitana de Maranguape (DDM) e autuados por triplo homicídio.

Já em Sobral, duas pessoas foram detidas. No entanto, houve uma fuga da Delegacia de Capturas (Decap), e o mentor do crime, José Cleiton Rodrigues, o Keké, conseguiu fugir. Segundo o coronel da PM, Júlio Aquino, está detido Antônio Mourão, que se entregou à Polícia durante um cerco. Mais dois envolvidos foram identificados e a investigação continua. (Jéssika Sisnando,jessikasisnando@opovo.com.br)

Chacina

O termo costuma ser utilizado para casos de múltiplos homicídios ocorridos em uma mesma situação e relacionados entre si.

Número de mortes

Para o delegado Pedro Viana, um crime só pode ser caracterizado como uma chacina quando existem a partir de três mortes.

Massacre

Segundo o advogado criminalista, Michel Coutinho, o termo também se enquadra no massacre de mais de uma pessoa de forma brutal. Ele acredita que a partir de duas pessoas, dependendo da violência empregada contra as vítimas, ou da motivação, pode-se citar o caso como uma chacina.

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz