A apreensão diante do crescente número de casos de sarampo registrados nas últimas semanas em Fortaleza levou milhares de pessoas aos postos de saúde da cidade neste sábado, dia “D” da campanha de vacinação contra a doença. Embora o público-alvo da mobilização seja formado por crianças de seis meses a cinco anos de idade, muitos adultos compareceram às unidades em busca da imunização, a maioria sem informações sobre o histórico de vacinas.
No início da manhã, as filas já eram grandes no Centro de Saúde da Família Paulo Marcelo, localizado no bairro Centro. O posto, sempre bastante movimentado, é uma das 97 unidades que disponibilizarão o serviço até o próximo dia 8, data do fim da campanha.
Sem recordação das proteções obtidas na infância e na ausência da caderneta de vacinação, o siderúrgico Zelito Alves de Oliveira decidiu se prevenir e receber uma dose. “Não lembro se já tomei quando criança, então preferi aproveitar a oportunidade e me vacinar agora. Às vezes, nós pensamos que nunca vai acontecer com a gente, mas é melhor se precaver”, afirma.
A analista jurídica Emanuelly Florêncio Saraiva foi à unidade para vacinar o filho três anos, mas também está dentro do perfil que requer a imunização. Por não apresentar comprovação de vacinas prévias, ela precisou se proteger contra o sarampo.
“A doença se alastrou demais e muito rápido, mas acredito que a vacinação vai conter esse avanço”, diz.
Receio
O sentimento de preocupação era perceptível nas unidades de saúde. Após 15 anos sem registros da infecção, a Capital está passando por um surto de sarampo, como anunciou a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa). De acordo com o mais recente boletim epidemiológico divulgado pelo órgão, até o último dia 30, 11 casos foram confirmados e 55 pessoas estão com suspeita da doença.
“Foi uma situação muito inesperada, por isso é importante essa tomada de providência rápida. Isso tranquiliza o cidadão”, destacou a enfermeira Ana Valeska Siebra, que levou a filha de 5 anos para receber a imunização. “Expliquei para ela que a vacina é importante para não ficar doente. Nós, como profissionais de saúde, temos que atuar como comunicadores e fazer esse alerta”, destacou.
Dúvidas
No posto de saúde Carlos Ribeiro, no bairro Jacarecanga, a movimentação também foi grande no dia “D”. Duas salas foram utilizadas para a aplicação de doses e por volta das 7 horas da manhã, já havia pessoas à espera. Muitos estavam confusos com os critérios de vacinação.
“Alguns estão com dúvidas porque foi uma campanha realizada de forma muito rápida por conta do surto. Estamos preparados para receber até mil pessoas, mas a qualquer momento podemos pedir mais vacinas à Secretaria”, afirmou a enfermeira da unidade, Reyjane Ferreira.
Vanessa Soldatelli, coordenadora de imunizações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), explica que crianças entre seis meses e cinco anos de idade têm preferência na campanha e devem receber a vacina mesmo que já tenham sido protegidas anteriormente. Adolescentes precisam ter, pelo menos, duas doses da imunização, e as pessoas com mais de 20 anos necessitam de apenas uma dose. “Se atingirmos nossa meta, que é de vacinar 160.500 crianças, dia 8 finalizaremos a campanha. É importante que todos compareçam nessa semana”, diz.
ENQUETE
Você ficou receoso com o surto da doença?
“Bastante. Não entendi como o sarampo se disseminou tão depressa, por isso fiquei mais preocupada. Como nunca tinha tomado a vacina, resolvi vir ao posto hoje com minha filha pequena”
Antônia araújo
Dona de casa
“Não lembro se tomei a vacina e meu filho nunca tinha tomado. Ninguém imaginava esse surto tão de repente, então o medo foi grande. Espero que a campanha tenha um bom resultado”
Luma Maria da Silva
Recepcionista
Fonte: Diário do Nordeste
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