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Comunidades católicas ampliam força e atraem mais fiéis no Ceará

Quando João Paulo II foi eleito papa, em 1978, foi inaugurada uma nova igreja, pois o pontífice saiu do Vaticano e levou a sua fé ao mundo. Aproveitando essa abertura maior da igreja e usando uma forma diferente para se comunicar com os fiéis, as Comunidades Católicas de todo o Estado têm reunido mais membros a cada dia.

Na Comunidade Católica Shalom, localizada na Aldeota, por exemplo, há cinco anos existiam apenas dois centros de evangelização em toda Fortaleza e, hoje esse número subiu para 26. Além disso, a comunidade conta com mídias sociais e programas de rádio.

Fundada em 1997 no município de Quixeramobim, distante 203 quilômetros da Capital, a Comunidade Católica Mariana Boa Semente, nos últimos anos, tem levado a sua missão também para as dioceses de Iguatu, Limoeiro do Norte e, hoje, começará também em Fortaleza, na Igreja de Santa Edwiges, na Avenida Leste Oeste.

Durante os últimos dois anos, o número de membros que fazem parte da Comunidade Católica Um Novo Caminho, no bairro Dionisio Torres, nos eventos realizados durante a semana, passou de 500 para mais de mil.

Nova evangelização

Para o padre Antonio Furtado, que participa da Comunidade Shalom há 25 anos, sendo 10 como padre, o crescimento dos grupos se deve ao papa João Paulo II. Principalmente devido à carta que ele escreveu, em 2000, sobre a nova evangelização, onde a igreja vai para as ruas. “Esse novo modo de igreja começou com João Paulo II, se consolidou com Bento XVI e continua com o papa Francisco” disse.

O padre, que esta há 10 anos no Shalom, ressaltou que essa mudança é simples, pois a comunidade cristã vai para as ruas e por lá encontra os homens de hoje e seus desafios. “Antigamente o sino tocava e os fiéis iam para a igreja. Hoje esse mesmo sino não chega às pessoas que estão nos prédios ou em locais mais distantes. Por isso, essa mudança foi necessária”.

Além disso, ele acrescentou que esse aumento no número de fiéis participando das comunidades também se deve à busca das pessoas por Deus. Antes isso existia também, a diferença é que hoje as pessoas também fazem questão de participar. “Atualmente não basta ser apenas o católico de IBGE”.

Essa nova igreja, lembrou o padre, foca no protagonismo dos fiéis. Tanto que, hoje, eles são as mãos e os olhos do padre. “Essa tem sido uma grande graça, pois os leigos estão nas ruas levando o evangelho para todo o mundo”, frisou.

A sede por Deus existente atualmente é um dos motivos para o crescimento no número de fiéis nas grupos religiosos, comentou o fundador da Comunidade Mariana Boa Semente, Antonio Pádua Costa de Almeida. “As comunidades se destacam porque têm uma linguagem nova e estão atuantes em várias mídias”.

Assim como o padre Antonio Furtado, Almeida também lembra que João Paulo II é importante, já que aumentou o envolvimento dos leigos. Dessa forma, o papa acabou incentivando uma abertura maior da igreja junto aos católicos para que eles levem a religião aonde forem.

A forma diferente de se comunicar fica em evidência, por exemplo, na Comunidade Católica Recado, onde a evangelização é feita através das artes, principalmente da música. “Pregamos com liturgias. Dentro das paróquias isso é muito forte”, destacou a coordenadora da unidade de dança daquela comunidade, Regina Andrade de Queiroz.

Papa Francisco

A eleição do papa Francisco, no ano passado, também é tido como um dos fatores que incentivam o aumento de pessoas procurando fazer parte das comunidades católicas do Estado.

O administrador interno da Comunidade Anuncia-me, Elton dos Santos Olímpio, acredita que o destaque do líder da igreja católica se deve à sua linguagem, humildade e dedicação. “Todo mundo gosta dele”.

A forma como o novo pontífice acolheu os fiéis foi determinante para que mais pessoas passassem a frequentar a confraria, relatou David Nogueira Barbosa, coordenador de eventos da Comunidade Um Novo Caminho. “Papa Francisco acolheu muito bem a todos os fiéis. Com o seu carisma ele também acaba influenciando bastante os católicos”, destacou.

Capital em destaque

De acordo com o coordenador da pastoral da Arquidiocese de Fortaleza e pároco da igreja de Fátima, padre Ivan Sousa, a grande procura por esses grupos religiosos é maior em Fortaleza. No restante do Brasil, esse crescimento ainda é tímido.

“As comunidades católicas se destacam porque quem participa tem um estilo de vida diferente, pois participam de reuniões, tem uma espiritualidade mais serena e, as vezes, até mais emocional”, explicou o pároco.

Ele ainda afirmou que esse aumento de participantes nas comunidades tem feito um bem a igreja, uma vez que algumas pessoas que estavam longe da religião voltaram e estão se envolvendo cada vez mais.

Porém, o coordenador da pastoral da Arquidiocese de Fortaleza ressalta que não é possível prever até quando esse crescimento vai acontecer e nem o que vai acontecer no futuro. “É importante que a igreja passe a acompanhar esse processo”.

Jovens são maioria no grupo

Para o padre Antonio Furtado, que participa da Comunidade Shalom há 25 anos, os jovens são uma novidade para a igreja

A maioria das pessoas que fazem parte das comunidades católicas não são adultas e nem os idosas, e sim os jovens. Em alguns grupos eles chegam a ser 90% do total. O tipo de trabalho voltado para cada um desses garotos e garotas contribui para esse alto número.

Formado em Ciência da Computação, Lucas Lopes Amaral conheceu a Comunidade Católica Shalom com 14 anos, quando morava no Macapá, Capital do Amapá. “A capacidade de comunicação foi o que mais me chamou atenção. A comunidade me inseriu na igreja e na alegria do evangelho”.

Durante todos esses anos, dentro do grupo religioso, ele pôde fazer um grande número de amizades e também conhecer a sua namorada. “Conheci pessoas sensacionais. Hoje tenho amigos em vários países”, disse.

Neste ano, ele retornou de missão de dois anos da Jornada Mundial da Juventude, ao ser voluntário e missionário. “Foi uma experiência significante”.

A educadora física Ana Carolina Reis se encantou pelo Shalom devido à recepção que teve em seu primeiro contato com a comunidade. “Por conta da música ser cantada, qualquer fiel fica animado. Além disso, é muito bom a forma simples como o padre fala da palavra de Deus”.

Ela começou mesmo a frequentar após participar do Acamps, o acampamento para jovens do Shalom. Agora, ela também participa de grupos de oração e dos retiros. “Durante esse tempo que estou participando do Shalom fiz muitas amizades. Agradeço a Deus por isso”.

Abertura

O fundador da Comunidade Mariana Boa Semente, Antônio Pádua Costa de Almeida, relatou que 90% do grupo é composto por jovens. “Esse grande número se deve à abertura que damos a eles. As músicas, a maneira de conduzir as orações, artes e dança. Dessa forma, na igreja eles encontram algo sólido”.

Para o padre Antonio Furtado, que participa da Comunidade Shalom há 25 anos, os jovens são uma novidade para a igreja. Não se esperava a participação deles devido à tecnologia. Com esse envolvimento dos mais novos, o padre lembra que o número de vocações para o sacerdócio tem crescido, pois os garotos estão entrando nos seminários.

Projetos levam ajuda ao próximo

Além de evangelizar as comunidades católica do Estado, as comunidades católicas também procuram ajudar ao próximo quando realizam atividades de promoção humana. Dependentes químicos, crianças carentes e pessoas em situação de rua são alguns dos que recebem a ajuda dos grupos.

No Shalom, em várias das suas sedes no Brasil, ao todo, são seis instituições que atuam no tratamento de pessoas com dependência química, no Projeto Volta Israel; nove que acolhem e evangelizam crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, no projeto José do Egito; e quatro que prestam assistência a moradores de rua, em albergues e abrigos, no projeto Jesus Meu Abrigo.

Os projetos de promoção humana da Comunidade Recado levam artes para crianças carentes e ajudam as famílias das mesmas nas questões sociais. Neste ano, deve iniciar um projeto onde vão iniciar os jovens a tocar instrumentos.

Devido à estiagem que atinge o sertão cearense, a Comunidade Um Novo Caminho leva água e cestas básicas para 200 famílias que moram em comunidades em Canindé.

Já a Comunidade Mariana Boa Semente realiza o projeto “São Vicente”, que atende famílias carentes nos municípios onde eles atuam. Além disso, também são distribuídos medicamentos, alimentos e são realizados sopões.

A Comunidade Anuncia-me também realiza o acolhimento de crianças que estão vivendo em situação de rua e até mesmo de algumas que são órfãs.

A Comunidade Face de Cristo, por exemplo, realiza o acolhimento de crianças e adolescentes em situação de rua. Além de também realizar o sopão para os mais necessitados.

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz