“Futebol, não! Eu quero proteção!”, “Pela vida, pela paz, violência nunca mais”, “Senhor governador, segurança, por favor!”. Estas cobranças estão longe de ser de uma torcida apaixonada por futebol. São gritos de cidadãos de Fortaleza (CE) irritados com a falta de proteção que alegam vivenciar no dia a dia da capital cearense.
A seis dias de a Seleção Brasileira se apresentar na cidade na Copa das Confederações (contra o México, pela segunda rodada do Grupo A), cerca de seis mil pessoas foram às ruas no fim da tarde desta quinta-feira protestar contra a violência, sob a organização do movimento “Fortaleza Apavorada”, originalmente fundado no Facebook.
Faixas com os dizeres “Na Copa é tudo lindo, e o povo se iludindo!” e “Não quero ser a próxima vítima da violência” foram ostentadas pelos presentes.
Com rostos e mãos pintados de vermelho e apitos na boca, cerca de seis mil manifestantes se reuniram em frente ao Palácio da Abolição, a sede do governo estadual. Cantaram o hino nacional, cobraram o Governador Cid Gomes e seguiram pela Avenida Studart até a Avenida Beira Mar, no bairro do Meireles, uma das principais vias do muncípio.
Um trio elétrico e um trenzinho para abrigar crianças e idosos foi providenciado pelos organizadores do protesto, que interditou vias e preujidcou o trânisto no horário de pico.
Os manifestantes garantem não ter nenhum patrocínio ou ligação partidária. Dizem que os equipamentos foram pagos por colaboradores e entusiastas da manifestação.
– Nós exigimos segurança pública em todas as classes sociais, sem nenhuma distinção. Aqui nós podemos ver crianças, idosos, pessoas de cabelo branco, negros e toda a camada da população – disse Mariana Posses, de 44 anos, tradutora e uma dos responsáveis pelo evento.
– Minha mãe foi assassinada no Rio em um assalto há 20 anos e me mudei para Fortaleza em busca de segurança. Fui assaltada duas vezes recentemente e ando no trânsito em pânico, olhando nos três retrovisores do carro.
Protesto foi contra a violência (Foto: Caio Carrieri)
Eliana Braga, arquiteta de 53 anos, é outra líder do movimento que também foi vítima de violência nos últimos meses em Fortaleza.
– Depois do Carnaval a minha filha foi sequestrada dentro da Universidade de Fortaleza. Ela foi levada para o nosso apartamento, eu também fui feita refém e limparam a nossa casa – contou.
A passeata aconteceu poucas horas depois de a Polícia Militar do Ceará anunciar que o efetivo será mais do que dobrado para os dias de jogos na cidade. Além do jogo do Brasil, o estádio do Castelão vai abrigar Nigéria x Espanha, no dia 23, e uma semifinal, no dia 27.
Fonte: O Povo
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