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Colapso hídrico pode chegar a 29 cidades do Ceará até janeiro

Os níveis dos açudes continuam baixando e os medidores de reserva são “termômetros de angústia”. Até a próxima estação das chuvas, se esta se confirmar em 2015, a tendência é de dificuldades de abastecimento nas sedes e zonas rurais

Cidades sem aguaFortaleza. A piora é gradual no enfrentamento aos problemas causados pela seca no Ceará. Os níveis dos açudes continuam baixando e o Comitê Integrado da Seca mira os municípios em três escalas: abastecimento insatisfatório hoje, até dezembro de 2014 e início de 2015. Para a população que vive no Interior, especialmente em 29 municípios com pior situação, os medidores de reserva são como termômetros da angústia. Entidades que participam do Comitê Integrado da Seca já têm o pacote de ações programadas até 2015. O desafio é executá-lo em tempo hábil.

Além dos municípios em situação de racionamento, com as medidas de contenção definidas pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), outros, coincidentes ou não, estão com importantes reservatórios à míngua: Alcântaras, Apuiarés, Miraíma, Ipaporanga, Irauçuba, Maranguape, Nova Russas, Potiretama e Morrinhos estão com abastecimento insatisfatório.

Na maioria destes, está em curso a Operação Carro-Pipa. No caso de Potiretama, Maranguape e Nova Russas, já está em execução a adutora de engate rápido a partir dos principais reservatórios. De acordo com o acompanhamento da Secretaria dos Recursos Hídricos do Estado (SRH), o suprimento de água será insatisfatório até dezembro de 2014 nas cidades de Canindé, General Sampaio, Caririaçu, Catunda, Crateús, Itatira, Jaguaretama, Jaguaribe, Parambu e também Tejuçuoca.

Próximo ano

E persistindo ainda mais a ausência de chuvas, 2015 começará difícil para outros municípios com reservatórios indispensáveis: Ararendá, Capistrano, Itapajé, Martinópole, Novo Oriente, Pereiro, Potengi, Quiterianópolis, Quixeramobim, São Luis do Curu e Tauá. No caso deste último município, está prevista adutora emergencial de engate rápido, desde o Açude Arneiroz 2, a partir de março do ano que vem. As entidades das três esferas públicas que participam do Comitê Integrado da Seca estão com planos de ação até 2015, mas qualquer medida depende da água, seja vinda de um reservatório em melhores condições ou da chuva. Uma das saídas mais aguardadas é mesmo o Cinturão das Águas.

Trata-se do projeto de um grande sistema gravitacional de canais para a condução das águas do Rio São Francisco para se incorporar à distribuição hídrica no Estado de modo a abranger 93% do território cearense, incluindo desde as regiões mais secas àquelas de potencial turístico e econômico.

O primeiro trecho já está em execução. Mas a obra tem prazo de conclusão previsto somente para 2040.

Adutoras

Desde o início do ano, o Governo do Estado já construiu 16 adutoras de montagem rápida. Outras nove estão sendo construídas, inclusive a maior delas, com 155Km de extensão. A adutora vai ligar o Açude Araras, no município de Varjota, a Crateús. No caminho, Nova Russas e dezenas de distritos também receberão abastecimento da rede.

O que mais tem chegado à população mais atingida é mesmo o carro-pipa. A operação, comandada pelo Exército, está em 106 municípios, assistindo a 820 mil pessoas. Para isso, são contratados 1.044 casso-pipa. “Devido ao nível baixo dos mananciais, estão captando a água a ser distribuída a distâncias cada vez maiores”, afirma o Coronel Rangel, coordenador da Operação Pipa, diante das dificuldades enfrentadas para essa tarefa.

Melquíades Jr. /Alex Pimentel
Repórter/Colaborador

Sem água

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz