A prefeita vai continuar esperando, um bom tempo, pela ligação do governador para tratarem da aliança
O decorrer do tempo e declarações de representantes de um e outro lado só têm servido para alargar o fosso entre os dois principais atores da sucessão municipal em Fortaleza. O governador Cid Gomes (PSB) não escondeu sua irritação com a entrevista da prefeita Luizianne Lins, geradora da manchete principal do Diário do Nordeste no dia 13 de março passado. No jornal, está estampado: “Luizianne: sem aliança, PT será oposição a Cid”, afirmação feita, no dia anterior, ao jornalismo da TV Diário.
O líder do Governo na Assembleia, deputado Antônio Carlos, um dos petistas mais próximos da prefeita, foi o portador de uma mensagem de Cid a Luizianne. O governador recomendou que a prefeita “calçasse a sandália da humildade” e não esperasse, “tão cedo”, da parte dele, qualquer iniciativa de negociação sobre a continuidade ou não da aliança entre o PSB e o PT, para a sucessão de Fortaleza, neste ano. Alguns deputados ouviram o diálogo. Ele aconteceu no dia da inauguração de um novo prédio da Assembleia Legislativa, dia15 de março.
Reservadamente, essa irresignação de Cid foi comentada por vários petistas e não tardou a chegar aos ouvidos do chefe do Executivo manifestações de representantes de grupos, do PT, contrariados com as afirmações de Luizianne sobre fazer oposição ao PSB cearense. Um deles chegou a afirmar, para conhecimento do governador, que para a oposição a seu Governo, no caso de rompimento da aliança, a prefeita iria sozinha.
Manifestos
À exceção da tendência liderada por Luizianne, todas as demais, dentro do Partido dos Trabalhadores, pelos comentários ouvidos sob reserva, estão insatisfeitas com a condução do processo de escolha do candidato do PT à Prefeitura de Fortaleza. Talvez por isso, na quinta-feira a direção estadual da agremiação tenha distribuído uma nota, com declarações atribuídas ao presidente nacional do PT, Rui Falcão, com quem Luizianne teria estado, naquele dia, afirmando estar o processo de escolha do candidato do partido, sendo conduzido “da maneira correta”.
Coincidentemente, no mesmo dia, as redações dos meios de comunicação da Capital, recebiam um manifesto, de responsabilidade da Corrente Esquerda Popular e Socialista, liderada pelo deputado e ex-vice-governador do Estado, Professor Pinheiro, dizendo “não ao isolamento” da agremiação e enfatizando a necessidade de o grêmio “pautar-se pela manutenção da coerência programática e pelo debate aberto, franco e solidário”, para permitir “o amadurecimento e o posicionamento da militância”.
Preocupação
Antes dessa manifestação pública da tendência do Professor Pinheiro, uma outra, liderada pelo deputado federal José Guimarães já havia externado seu posicionamento em razão da condução do processo de escolha do candidato petista, também reclamando abertura para o debate com a base partidária. “Somente em Fortaleza, a principal cidade administrada pelo PT, a sucessão da prefeita Luizianne Lins vem causando preocupação. Até o momento, não se encontrou um caminho que leve o partido à unidade, possibilidade fundamental para abrir o diálogo com prováveis aliados externos”.
A prefeita está conduzindo a escolha do seu candidato, apesar do discurso da existência de um debate democrático, com a força de quem detém o controle do diretório municipal, responsável pela homologação do nome a ser apresentado à Justiça Eleitoral como aquele que representará o partido na disputa. Desde o início de toda essa movimentação que ela se fixou em um nome. A lista de 13 pretensos candidatos, depois reduzida a cinco é uma fantasia.
Discurso igual
Quem conversa com o ex-ministro Ciro Gomes sobre a sucessão municipal, em Fortaleza, ouve o mesmo que disse Ivo Gomes, na última terça-feira, em seu espaço na Internet. Os dois são os principais defensores do fim da aliança com o PT na Capital, se a escolha do candidato ficar, como está sendo feita, sob o controle direto da prefeita. O discurso de ambos já contaminou quase todo o PSB, isolando cada vez mais o governador que, embora defensor da aliança faz exigências quanto à qualificação do petista a ser escolhido.
A última pesquisa do PSB, sobre a eleição em Fortaleza, reafirma alguns pontos da anterior, realizada no ano passado, com a mesma amplitude. Um desses pontos é o relacionado ao fato de o eleitor preferir que Cid e Luizianne tenham candidatos diferentes na disputa municipal.
Do Diário do Nordeste
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