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Chuvas fora de época favorecem crises alérgicas no Ceará

As mudanças bruscas de temperatura nesta época do ano, aliadas à estação de ventos fortes registradas no Estado do Ceará, contribuem para potencializar as enfermidades adquiridas FOTO: JOSÉ LEOMAR
As mudanças bruscas de temperatura nesta época do ano, aliadas à estação de ventos fortes registradas no Estado do Ceará, contribuem para potencializar as enfermidades adquiridas FOTO: JOSÉ LEOMAR

Chuvas isoladas e fora de época, características do segundo semestre do ano, trazem um alento para a situação de seca enfrentada pelo Estado do Ceará. Cuidados com a saúde, no entanto, devem ser redobrados, especialmente os acometidos por doenças de base respiratória, como as alergias. Isso porque as mudanças bruscas de temperatura, aliadas à estação de ventos fortes, contribuem para potencializar essas enfermidades.

Nesse contexto, o período é favorável ao desencadeamento, principalmente, de crises de rinite alérgica, asma e conjuntivite alérgica, segundo explica a presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) Regional Ceará, Fabiane Pomiecinski. “A gente percebe que todos os pacientes com essas doenças têm uma piora no segundo semestre, por causa dos ventos, mudança climática e até mesmo por coincidir com a época de floração do cajueiro”.

Porém, a especialista ressalta que os fatores não causam as doenças, apenas favorecem o surgimento das patologias em quem já é alérgico à poeira, ácaros, pelos, mofo e etc. Conforme explica, os ventos fortes carregam os ácaros e os demais causadores das doenças e, por isso, facilitam muito o surgimento das crises. “E quando chove fica muito mais úmido, e essa umidade contribui para a proliferação de ácaros e fungos no ambiente. Além disso, a mudança brusca de temperatura facilita uma irritação na mucosa nasal”.

As crianças, diz ela, são as mais vulneráveis e ainda estão sujeitas a adquirir viroses e infecções em ambientes conjuntos, como a escola, que agravam ainda mais o quadro alérgico. Entre as orientações divulgadas aos alérgicos nesta época do ano, de acordo com a médica, está a necessidade de lavar frequentemente o nariz com soro fisiológico, não descuidar das medicações de uso contínuo, ingerir bastante água durante o dia e evitar os principais causadores das alergias. “Como elas têm muito mofo não é bom ter plantas dentro de casa; é necessário evitar a secagem de roupas dentro dos apartamentos, que é muito comum; é bom limpar os ambientes com panos úmidos ao invés de varrer; evitar bichos de pelúcia, evitar produtos de limpeza com cheiros fortes; e não sair de um ambiente com ar condicionado direto para o sol”, esclarece a médica.

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Precipitações isoladas

A chuva fina, porém constante, que atingiu o começo da manhã de ontem foi um exemplo de precipitação isolada e que pode gerar mudanças de temperatura. Também é conhecida como “chuva do caju”, por coincidir com o período de floração dos cajueiros e início dos frutos.

De acordo com as informações do meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), David Ferran, as chuvas deste período são provocadas pela interação da brisa terrestre com os ventos alísios

, formando, assim, linhas de nuvens que, por sua vez, causam chuvas isoladas na Região Metropolitana de Fortaleza. “É um fenômeno que pode acontecer todos os dias, mas com horário definido, durante a madrugada e o começo da manhã, horários em que a brisa terrestre se intensifica, amenizando a temperatura em torno de 1ºC”, afirma o meteorologista.

A maior velocidade dos ventosos deste segundo semestre, explica, que podem atingir velocidade média de 32Km/h, com rajadas máximas de até 60Km/h no litoral, é causada pela diferença de pressão na região do Oceano Atlântico Sul, que aumenta, e a baixa de pressão da zona de convergência. “O Ceará fica bem no meio dessas duas regiões”, esclarece.

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz