De acordo com a Funceme, média histórica do mês é de 98,9mm, mas choveu apenas 48,3mm
As recentes chuvas que atingiram o Estado trouxeram um pouco mais de esperança ao agricultor cearense. O precipitado registrado até o momento, no entanto, não indica uma mudança positiva da quadra invernosa de 2014, que compreende os meses entre fevereiro e maio. Segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) o acumulado no ano, até o momento referente a janeiro, aponta um déficit de 51,1% de chuvas se comparado a média para o período.
Segundo o meteorologista Leandro Valente, a média do mês para todo o Estado é de 98,9 milímetros, mas o observado foi de apenas 48,3. “É preocupante, porque estamos vindo de dois anos de seca, e já começamos 2014 com um novo déficit. O prognóstico lançado mês passado mostra a maior probabilidade das chuvas ficarem abaixo da média, o que já mostra uma irregularidade durante o período”, destacou.
Ainda segundo dados da Funceme, o déficit registrado em janeiro do ano passado foi de 62%, uma vez que o volume esperado era de 98,9 milímetros, tendo chovido, no entanto, apenas 37,6. Em 2012, o mês de janeiro também ficou abaixo da média. O acumulado foi de 54 milímetros, o que representa um déficit de 45,4%.
Se verificado o volume em todo o período da quadra chuvosa, os dois últimos anos também registraram números baixo do esperado. Em 2013, o déficit para os meses de fevereiro a maio foi de 37,1 %, e em 2012, de 51%. A Funceme divulgará novo prognóstico (março, abril e maio) no fim de fevereiro.
As precipitações de ontem, no Ceará, atingiram 65 municípios, incluindo a Capital. A maior chuva foi registrada em Aracoiaba, no maciço de Baturité, com um total de 80 milímetros. No litoral da Região Metropolitana de Fortaleza, a maior precipitação ocorreu em Cascavel, com 53,1 milímetros. As cidades de Caririaçu, Morada Nova e Várzea Alegre registraram, respectivamente, 48, 44 e 41 milímetros. Entre a última quarta-feira (12) e as 7h de ontem, a Funceme registrou precipitação de 13,6 milímetros em Fortaleza.
Ainda conforme a Fundação, as chuvas na Capital são em virtude da proximidade do sistema atmosférico Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) do Nordeste brasileiro e de áreas de instabilidade atmosférica, o que faz com que o Ceará fique com nebulosidade variável, com precipitações no centro-norte do Estado.
Açudes
Uma das grandes preocupações que um período de seca acarreta é com relação ao acúmulo de água nos açudes do Estado. De acordo com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) a média do volume armazenado em todo o Estado é de apenas 29,7%.
Dos 114 açudes cearenses, 112 estão com volume inferior a 30%. Na Bacia Metropolitana, o menor acumulo está no açude Penedo, em Maranguape, com 1,24%, e o maior no Gavião, em Pacatuba, com 92,32%. Segundo a Cogerh, as recentes chuvas aumentaram, de quarta-feira (12) para ontem, apenas 0,1% no volume médio do Estado, o que, segundo a Companhia, contribui apenas para diminuir a evaporação e alimentar o solo.
Desabastecimento de água é descartado por órgãos
Apesar do temor que um período chuvoso abaixo da média traz e, como seu agravante, a atual situação dos reservatórios no Estado, a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh) informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que nenhum dos 184 municípios cearenses ficarão desabastecidos, em virtude das ações que estão sendo tomadas.
Segundo explicou a assessoria, uma reunião realizada na noite de ontem com o governador Cid Gomes teve como objetivo apresentar as medidas emergenciais para diminuir os efeitos da seca. O plano proposto foi apresentado pelo grupo de segurança hídrica, formado pela Secretaria dos Recursos Hídricos, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Defesa Civil, Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), a Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), o Exército Brasileiro, além da Cogerh.
Ações
As propostas apresentadas consistem na construção de adutoras emergenciais, perfuração de poços, aumento da operação carro pipa e a construção de reservatórios de água, direcionados a necessidade de cada município.
Sobre a Região Metropolitana de Fortaleza, a Cogerh informou, também, estar descartada a possibilidade de desabastecimento, uma vez que a água consumida na região é oriunda dos açudes Castanhão e Banabuiú, através do Eixão das Águas.
Por meio de nota, a Cagece reiterou que a hipótese de racionamento está totalmente descartada. “Tendo em vista que o abastecimento da região, pela Estação de Tratamento do Gavião (Fortaleza, Eusébio, Maracanaú e Caucaia), está garantido com a transferência da água do açude Castanhão, através do Canal da Integração e dos açudes Pacoti, Riachão e Gavião”, diz o órgão.
Renato Bezerra
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste
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