Com receitas em queda, despesas em alta e recursos para investimentos cada vez mais escassos, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) vai a campo para prospectar novos negócios que permitam “irrigar” o caixa e agregar novas tecnologias. Em parceria com a Veolia (VWS Brasil) e a cearense PB Construções, a Cagece constituiu em dezembro de 2013, a Empresa de Utilidades Industriais do Pecém (Utilitas Pecém), uma nova Sociedade de Propósito Específico (SPE), por meio da qual pretende atuar em outros segmentos públicos e privados do setor.
Conforme explicou o presidente da Companhia, André Facó, até o ano passado, antes de constituir a SPE, a Cagece atuava apenas na prestação de serviços de fornecimento de água e de esgotamentos sanitários para 151 prefeituras municipais no Ceará, por meio de concessões públicas estaduais.
“Agora, por meio da Utilitas, vamos poder diversificar os negócios, atuar em outras áreas, como resíduos sólidos, drenagem, fornecimento de água e tratamento de efluentes industriais, reuso de esgoto e até cogeração de energia”, explica o presidente da Cagece.
Foco no Cipp
Segundo ele, a nova empresa já está formalizada e prospectando negócios, inicialmente no Complexo Portuário e Industrial do Pecém (Cipp), onde centra o foco nas demandas que certamente advirão da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), da Petrobras (via refinaria) e demais empresas instaladas e em implantação na área.
“Estamos (a Utilitas Pecém) prospectando e desenvolvendo projetos, propondo soluções customizadas, de acordo com as necessidades das empresas”, acrescentou Facó.
Atuação fora do Ceará
A nova empresa poderá também participar de novas concorrências públicas, dentro e fora do Estado, abrindo espaço para diversificação dos negócios e para gerar maior rentabilidade à Cagece; necessidades cada vez mais prementes em ambientes globalizados e em um setor altamente competitivo.
Seca prejudicou finanças
Conforme os balanços financeiros da Companhia, em 2012, a Cagece lucrou líquidos R$74,5 milhões; e em 2013, R$ 56,2 milhões; um recuo de lucratividade de 25% entre um período e outro. No primeiro semestre de 2014, no entanto, o lucro foi de R$ 45,975 milhões. “Com a seca, as receitas recuaram 6%, mas as despesas (operacionais, com energia elétrica, água bruta e produtos químicos) cresceram 8%. Precisamos ampliar as receitas para suprir os gastos com tratamento (de água)”, frisou Facó. Para tanto, além das operações normais da Companhia, a Cagece irá atuar estrategicamente na captação de novos negócios, enquanto a VWS Brasil cuidará da elaboração e operação dos projetos, e a PB Construções, da execução das obras, propriamente ditas.
Participação na Utilitas
Segundo Facó, na composição acionária da Utilitas Pecém, a Cagece tem 15% das cotas, a VWS Brasil com 43,65%, e a PB com 41,65%; percentuais a que terão direito na hora de dividir os futuros dividendos ou lucros da nova empresa a partir da captação que acontece atualmente.
“Nossa expectativa é que a Cagece comece a participar dos resultados, a receber os dividendos da empresa, em quatro ou cinco anos”, sinaliza Facó, ao revelar que o capital inicial da SPE é de R$ 10 milhões.
Carlos Eugênio
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste
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