A espera para receber o socorro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) pode demorar mais que o previsto. Relatos de pessoas que precisaram do atendimento, mas desistiram e tiveram que ir ao hospital por meios próprios não são difíceis de serem ouvidos. A demora pode ocorrer por diversos motivos, mas, pelo menos para os moradores do bairro do Montese, o abandono de algumas ambulâncias pode ser apontado como uma das principais causas.
Quatro veículos que deveriam ser utilizados pelo Samu foram colocadas em um terreno baldio, na Rua André Chaves, próximo à Avenida Luciano Carneiro, na localidade conhecida como Parreão. Segundo populares, as ambulâncias foram estacionadas lá há quase um mês e, até agora, seguem abandonas no local, sob sol e chuva, sem nenhuma manutenção. Moradores do bairro Montese informam que, aparentemente, as ambulâncias estão operando normalmente, já que chegaram ao terreno funcionando.
“Não sabemos ao certo quem colocou essas ambulâncias nesse terreno. Da janela do meu prédio, vi elas sendo colocadas no terreno e depois ninguém veio atrás delas. É estranho”, relata um dos moradores, que prefere não se identificar.
Além das quatro ambulâncias, o terreno também abriga outros carros, que já se encontram em estado de sucata. O lugar parece não receber nenhum tipo de manutenção, já que o lixo e o mato começam a encobrir os veículos.
O setor responsável pelos transportes do Samu não soube precisar de onde saíram as ambulâncias, mas informou que enviará uma equipe ao local para investigar o caso. O órgão conta, hoje, com 19 ambulâncias básicas, quatro com serviços de UTI e outras quatro com “motolâncias”.
Enquanto isso, quem precisa de atendimento se vê obrigado, em algumas situações, a recorrer a outros métodos, como no caso da aposentada Joana Pacheco da Silva, 86, que passou mal em casa, na manhã de ontem, mas após uma hora de espera, foi levada para o hospital por familiares. “Liguei 20 minutos depois da primeira chamada cobrando, e disseram não haver previsão, pois todos os carros estavam ocupados. Como o quadro dela estava se agravando resolvi levá-la de taxi”, disse a corretora de imóveis Martha Ferreira,53, filha da paciente.
O diretor do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort), Assis de Oliveira, disse que um dos principais problemas do Samu ainda é a falta de macas. Segundo ele, os hospitais de urgência estariam usando os equipamentos como leitos para prestar os primeiros atendimentos aos pacientes, deixando as ambulâncias paradas por até horas à espera das macas.
O problema, inclusive, já foi reportado pelo Diário do Nordeste no dia 4 de novembro do ano passado. Na data, três ambulâncias do Samu estavam paradas em frente ao Instituto Dr. José Frota (IJF), à espera de macas. O serviço de emergência do IJF utilizava os equipamentos até que fosse definida a situação dos pacientes. O diretor médico do IJF, Osmar Aguiar, explicou que a situação é uma espécie de bola de neve, que começa com o número elevado de acidentes nas estradas. Como consequência, há a lotação dos hospitais e o problema do Samu, que fica impedido de prestar atendimento por falta de macas. Atualmente, o IJF está com 461 leitos, todos ocupados.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que a média de atendimento do Samu depende da gravidade, sendo entre 15 e 20 minutos em casos de urgência máxima e de 15 minutos a horas se urgência média ou menor, de acordo com o movimento do plantão. Afirma, no entanto, que os engarrafamentos em horários de pico e as falhas nas informações repassadas pelos solicitantes são dificuldades enfrentadas pelo serviço.
Manutenção
A Secretaria declara não haver carros parados na Rua André Chaves e esclarece que há uma média de oito veículos em manutenção por vês. Afirma, ainda, que após a renovação da frota em 2013, não há perda de veículos e explica que uma ambulância é considerada inservível quando o orçamento para a manutenção ultrapassa 50% do valor estimado do veículo naquele momento ou quando este ultrapassa 3 mil Km.
Mais informações:
Samu 192
Fonte: Diário do Nordeste
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