Os 44 policiais militares acusados de participarem da maior chacina de fortaleza, que deixou 11 mortos e 7 feridos na grande Messejana, no dia 12 de novembro de 2015, se apresentaram durante todo o dia de ontem, no 5ºbpm (centro). Anteontem, a 1ª vara do júri de fortaleza decretou a prisão preventiva de 43 praças e de um oficial da pm/ce.
A denúncia do ministério público do ceará (mpce), que incluía dois oficiais e 43 praças, foi entregue ao colegiado formado por três juízes da 1ª vara, no dia 15 de junho deste ano, para apreciação. Mais de dois meses depois, a justiça chegou à conclusão que 44 dos 45 denunciados devem esperar o julgamento pelos crimes na prisão. Somente a denúncia contra um oficial não foi aceita pelos magistrados. Uma mulher está entre os militares presos.
O coronel Lauro Prado de araújo carlos, secretário-adjunto da segurança pública e defesa social (sspds) disse que a pasta ainda não conhece o teor dos autos do processo, em função do segredo de justiça que foi decretado, por isto não poderia comentar as prisões.
“Ordens judiciais não devem ser discutidas e sim cumpridas. Assim foi feito. Durante o dia foi informado aos comandos que apresentassem os policiais que tiveram as prisões decretadas contra si e até o fim da noite todos estavam recolhidos”.
Os militares foram chegando aos poucos e entrando no batalhão em carros com vidro fumê. Um grupo formado por cerca de 60 policiais esteve no local e foi autorizado a entrar no prédio para se solidarizar com os militares detidos.
O comandante da pmce, coronel Giovani Pinheiro, também foi ao 5ºbpm, mas não falou com a imprensa. Lauro prado disse que o comandante foi até o local para acompanhar a movimentação. “É um número muito alto de policiais, muitas pessoas da corporação que ele é responsável. É natural que ele estivesse lá acompanhando”, explicou Prado.
Um ônibus do bpchoque entregou colchões no batalhão e algumas viaturas da célula especializada estiveram nas entradas do 5ºbpm durante o dia. Familiares dos militares também compareceram. Alguns demonstraram emoção e indignação com as prisões dos parentes.
Surpresa
A associação dos profissionais de segurança (aps) informou que muitos policiais ficaram surpresos de estarem entre os presos. “muitos deles estão tranquilos, porque não têm o que temer. Sabem que não devem nada”, afirmou o presidente da aps, Rafael Lima.
O advogado da associação, cícero roberto, disse que alguns policiais foram ouvidos, mas acreditavam que na qualidade de testemunha. “tem policial que recebeu mandado de prisão, que sequer esteve no local das mortes. Alguns estavam de folga e podem provar que não foram lá, outros estavam de serviço e o próprio gps da viatura irá mostrar que eles estavam em outras áreas da cidade”, declarou.
Segundo Rafael Lima, dez advogados serão disponibilizados para ajudar na defesa dos militares. Porém, os defensores só deverão saber hoje de que seus clientes estão sendo acusados. “não podemos nos antecipar. Não podemos falar do que não sabemos, porque ainda não tivemos acesso aos autos. Não sabemos quais as condutas supostamente imputadas aos nossos associados”, declarou o advogado Cícero Roberto.
A investigação da “chacina da messejana”, como ficou conhecido o caso de repercussão internacional, foi realizada pela delegacia de assuntos internos (dai) da controladoria geral de disciplina dos órgãos de segurança pública e sistema penitenciário (cgd) e encaminhada ao ministério público em 11 de abril deste ano de 2016.
Segundo fontes do jornal diário do nordeste, até 100 policiais podem ter tido algum envolvimento, direta ou indiretamente, na morte dos 11 homens. A chacina ocorrida na grande Messejana teria sido uma represália dos policiais a dois episódios envolvendo PMs. O primeiro catalisador da reação violenta foi quando um pm entrou em conflito com traficantes do bairro curió e assassinou um adolescente ligado ao tráfico de drogas. A família do policial morava na região e foi expulsa.
O segundo episódio aconteceu uma semana depois, na noite do dia 11 de novembro de 2015. O soldado da polícia militar Valtemberg Chaves Serpa foi assassinado, na lagoa redonda, ao tentar defender a namorada de um assalto.
Para a investigação, esse foi o estopim da revolta dos policiais, que se organizaram ainda naquela noite e cometeram os 11 assassinatos poucas horas depois.
Na madrugada do dia 12, foram mortos patrício joão pinho leite, 16; álef souza cavalcante, 17; antônio alisson inácio cardoso, 17; jardel lima dos santos, 17; marcelo da silva mendes, 17; marcelo da silva pereira, 17; renaylson girão da silva, 17; pedro alcântara barroso do nascimento, 18; jandson alexandre de sousa, 19; valmir ferreira da conceição, 37; francisco elenildo pereira, 41. Nenhuma das vítimas tinha histórico criminal.
Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
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