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40 gatos são mortos no bairro Damas

Animais, que viviam em praça, foram vítimas de veneno. Moradores dizem que esta não é a primeira matança

Além da falta de abrigo e dos maus-tratos, mais um crime contra animais de rua foi registrado, na quinta-feira (13), na Capital. Cerca de 40 gatos abandonados na Praça Gustavo Braga, no bairro Damas, foram mortos por envenenamento, segundo frequentadores do local. Eles afirmam que esta não é a primeira ocorrência desse tipo. Acredita-se que moradores da região incomodados com a grande quantidade de felinos sejam responsáveis pelos atos.

Os bichos eram castrados e vacinados por veterinário. Ontem, alguns ainda agonizavam e foram socorridos por protetores de animais Foto: Alex Costa

Na manhã de ontem, os animais mortos já haviam sido retirados do lugar. Após a matança, protetores e veterinários prestaram auxílios aos gatos que ainda agonizavam na praça. “Alguns foram medicados e conseguiram escapar, mas outros não”, afirma o artesão Paulo Vitor Fonseca, que costuma cuidar dos felinos deixados no logradouro.

Conforme ele, há aproximadamente três semanas, mais de 50 gatos foram encontrados mortos na praça, também por envenenamento. A suspeita é que pessoas residentes nas proximidades do lugar estejam colocando substâncias tóxicas em alimentos e espalhando-os pelas calçadas para que os animais comam. “Pensam que esses gatos transmitem doenças, mas eles são castrados e vacinados por um veterinário que sempre está aqui”, garante Paulo.

No entanto, alguns moradores afirmam já terem sido vítimas de infecções causadas pelo contato com os felinos. O estudante Melquisedeque Souza alega que os animais invadem e sujam as casas de moradores, além de ingerirem restos de comida. “Um deles já me mordeu e tive que tomar vacina”, diz o estudante. Mas, apesar do transtorno, Melquisedeque afirma não estar de acordo com a matança. “Como tem muita gente que cuida, as pessoas costumam abandonar os gatos aqui. Não sou a favor de matar, mas deveriam levar para outro lugar”, destaca.

Segundo Geuza Leitão, advogada e presidente da União Internacional Protetora dos Animais (Uipac), caso o autor dos gaticídios seja pego em flagrante, poderá ser detido e encaminhado para a delegacia, onde prestará depoimento. Contudo, ela destaca que, por se encaixar no âmbito dos Juizados Especiais, o caso não prevê punições rigorosas.

De acordo com a Lei de Crimes Ambientais de 1998, deveria haver multa e pena de três meses a um ano, mas esta segunda geralmente fica restrita à prestação de serviços comunitários ou doação de cestas básicas. “A proteção do animal é muito difícil no Ceará por causa da mentalidade das pessoas. A praça não é lugar de gato, mas eles não têm culpa de estarem lá”, diz Geuza.

A advogada ressalta que uma solução a curto prazo para conter o avanço da população de felinos seria a castração dos gatos. Entretanto, Geuza destaca que o ideal seria a construção de abrigos.

Projeto

O Centro de Controle de Zoonoses de Fortaleza (CCZ) preferiu não se pronunciar sobre o assunto, pois, de acordo com a assessoria de imprensa, o trabalho da unidade se restringe ao recolhimento e tratamento de animais doentes. O órgão informou apenas que a Prefeitura está desenvolvendo, junto ao Movimento SOS Gatos, um projeto de castração de felinos de toda a Capital.

A coordenadora do Movimento, Renata Costa, revela que a iniciativa está em fase de negociação e deve abranger, além da castração, a conscientização da população e eventos de adoção dos animais. Ela destaca, ainda, que a frequência com a qual casos de maus tratos por envenenamento e espancamento acontecem em logradouros, mostram a necessidade de maior vigilância das autoridades.

VANESSA MADEIRA
ESPECIAL PARA CIDADE

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz