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Famílias Nunes, Almeida e Moreira promovem encontro no Cedro

Durante um fim de semana os integrantes dos Nunes, Almeida e Moreira se encontraram e mataram a saudade

Cedro. Famílias com origem em áreas rurais realizam encontros no Interior com o objetivo de resgatar os laços de parentescos, de promover momentos de confraternização, rever os parentes e conhecer novos descendentes. Na região Centro-Sul, um exemplo vem da localidade de Cachoeira, neste município, onde se encontraram integrantes dos Nunes, Almeida e Moreira.

Descendentes de Manuel Nunes de Almeida assistem missa em sua homenagem FOTO: HONÓRIO BARBOSA

O evento assinalou o centenário de morte de Manuel Nunes de Almeida, o patriarca da família que se espalhou pelo Ceará e por estados brasileiros, e hoje tem mais de cinco mil descendentes. Além de moradores da região, veio gente de São Paulo, Rondônia, Maranhão e Paraná. Foram dois dias de festa, de alegria e confraternização.

O fim de semana foi movimentado na Cachoeira dos Nunes. No alpendre da casa principal, os descendentes de Manuel Nunes de Almeida foram se encontrando, matando saudade, relembrando fatos do passado, conhecendo os novos integrantes. A conversa fluía com facilidade e os mais idosos contavam histórias de como era a vida no lugar, a casa grande, o engenho, a criação, o plantio, o tempo de inverno, de colheita e também de seca, de sofrimento e dificuldades.

No almoço, carne de carneiro. No fim da tarde, momento de confraternização e entrega da comenda Manuel Nunes de Almeida aos netos do homenageado. Depois, missa em ação de graças, celebrada por um dos descendentes, o padre João Batista Moreira. Mais tarde novo churrasco e muito forró.

No primeiro encontro, ficou acertado que novas confraternizações devem ocorrer e espera-se que mais descendentes participem. Engenheiros, médicos, padre, advogados, funcionários públicos, professores. Hoje, a família, que teve origem no meio rural, reúne diversos profissionais liberais e empresários.

A origem

O patriarca Manuel Nunes de Almeida adquiriu a propriedade, Cachoeira dos Nunes, de um senhor de escravo, no início do século passado. Contam os descendentes que ele era incrédulo. Em uma viagem à cidade de Icó por volta de 1880 encontrou-se com o padre Cícero Romão Batista e foi ´tocado´ quando o sacerdote disse que já o conhecia e recomendou preces.

De volta à casa e acreditando em um ´milagre´ mandou construir uma capela dedicada à Nossa Senhora da Conceição, cuja festa é celebrada com novenário e missa em 8 de dezembro. Foi convertido, mandou edificar a igrejinha e aprendeu a rezar. Assim, as preces da mulher Ana Firme foram alcançadas.

A capela centenária passa por estudo de técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para provável tombamento e preservação material e da memória do lugar. O professor de matemática, George Ney Nunes, fez um levantamento genealógico da família. Os nomes dos principais descendentes estavam escritos e fixados em papeis no templo.

Os que participaram do encontro procuravam os nomes de seus pais e avós, tios, sobrinhos e primos. “Esse tipo de evento permite a aproximação de parentes, valoriza a cultura regional, a história da família e mantém os laços de parentescos vivos”, observa o gerente do Banco do Nordeste, Raimundo Moreira Neto. “É uma experiência que precisa ser vivenciada e mantida com regularidade”, completa.

O padre João Batista Moreira disse que o encontro traduz-se em uma verdadeira celebração de graças, de agradecimento à vida. “A partir do fundador, a família expandiu-se e alcançou um número elevado de descendentes. Muitos saíram do local por causa das secas, dificuldades e o êxodo rural os fez conquistar novos espaços, vencer na vida”.

O professor universitário Flávio Moreira ressaltou que o encontro foi uma oportunidade de rever parentes, manter a tradição e a cultura da localidade, além de resgatar a raiz histórica da família. Ele se casou com uma prima mantendo uma tradição de mais de dois séculos.

Lembranças

A mais idosa descendente do patriarca, Escolástica Moreira Silva, 82 anos, veio de São Paulo, com o irmão, Tito Moreira Nunes, 78 anos. Os dois relembraram fatos da infância, a saída para vencer a vida na cidade grande. Emocionados, narraram história da família, de como era a vida na localidade e a necessidade de trabalhar e estudar para vencer na vida.

O engenheiro Clodoaldo Nunes de Almeida Neto e a irmã, Marilva Nunes, procuradora do Dnocs, lembraram do esforço do pai, Moreira Nunes, filho de pequeno agricultor, de sair para estudar e se formar em Odontologia, em uma época em que as dificuldades eram enormes. Damião Nunes, neto do homenageado, finalizou: “Aqui é o encontro da paz e da alegria”.

HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER

Reencontro

“Esse tipo de evento permite a aproximação de parentes. É uma experiência que precisa ser mantida”

Raimundo Moreira Neto
Bancário

“Muitos de nossa família saíram em busca de novas oportunidades. Hoje é um momento de festa”

Tito Nunes
Advogado

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz