Vereadores da terra do Padre Cícero estão novamente chamando a atenção da população por algumas extravagâncias, agora da parte da Mesa Diretora da Casa, segundo relata a reporter do Diário do Nordeste, em Juazeiro do Norte, Elizangela Santos:
A câmara municipal de Juazeiro do Norte volta a ser palco de escândalos na política. Dessa vez, a compra de materiais de limpeza, alimentos e expediente chama a atenção pela quantidade exagerada. A denúncia foi contra o presidente da casa, Antônio Alves de Almeida (PSC), o Antônio de Lunga(foto), pelo vereador Danty Bezerra da Silva (PMN). Entre os produtos adquiridos, estão 4.200 vassouras e mais de 2,5 toneladas de sabão. O parlamentar ainda acusa a compra realizada com notas frias. O caso foi protocolado junto ao Ministério Público para ser analisado e o vereador pede o afastamento do cargo do presidente, para investigações.
Durante a sessão em que houve as denúncias, na terça-feira, vários vereadores se pronunciaram, pedindo o esclarecimento dos fatos. Ainda relacionado às compras, estão inseridos no montante dos produtos, 1,2 toneladas de açúcar, 312 unidades de óleo de peroba, 2.500 caixas de fósforo, 33.600 lãs de aço, 215 mil copos descartáveis de café, 670 mil folhas de papel A4, 2.400 unidades de lustra móveis, 3.216 unidades de detergentes, 1.428 unidades de água sanitária, 15 mil sacos de lixo, além de pastas de dente, sabonetes, entre outros produtos.
Para o vereador Danty, há uma necessidade de investigação em relação ao que ele chama de irregularidades. O vereador Cláudio Luz (PT), recomenda que sejam feitas as investigações devidas, antes de ser tomada qualquer decisão. Não houve pedidos de formação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para o caso, mas o clima esquentou, já que vereadores não se conformam com o que foi descoberto na casa legislativa, a exemplo do vereador Darlan Lobo (PMDB). Ele defendeu até o fechamento da câmara. Disse que não agüenta mais ser perguntados pelas vassouras e o sabão. O vereador chegou a apelas para o Ministério Público realizar uma intervenção no legislativo.
O presidente da câmara nega que tenha ocorrido compra irregular e que poderá prestar contas de todos os produtos que foram adquiridos. Ele disse que tem à disposição na câmara todas as notas fiscais referentes aos materiais, adquiridos para a limpeza. “As vassouras são para varrer e o sabão para limpeza. Além disso, ao chegar no legislativo, encontrou banheiros com pasta e sabonete”, explica.
Foram cinco empresas concorrentes à licitação. Lunga afirma não saber o nome delas e que houve o processo dentro da transparência. Quanto às notas frias denunciadas por Danty, ele disse não ter conhecimento, já que não é sua função investigar a empresa para saber se ela paga impostos ou não. “Simplesmente a empresa venceu a licitação e terá que prestar esclarecimentos à Receita Federal”, afirma.
Os produtos, por não haver espaço suficiente na câmara e nem tão pouco no anexo da casa, estão armazenados em um local de propriedade particular. Em relação à quantidade considerada exagerada das compras, o presidente da câmara disse que não tinha noção do montante. “Quem tem comércio quer vender e agora vamos usar esse material, que poderá dar até para outras gestões, sem que tenhamos que realizar licitações de forma constante”, diz ele.
O vereador Danty Bezerra destacou a importância do afastamento do presidente da casa para que sejam feitas as devidas investigações, além do bloqueio dos bens de Lunga. Para ele, todo esse material não corresponde ao real consumo da casa legislativa. O vereador também pede investigação do tesoureiro da câmara, Ronnas Motos, recentemente envolvido em questões como o projeto de lei de 90 dias de férias para os vereadores, criticado pela população e retirado da pauta, e agora se defende, por estar sendo acusado como autor intelectual, conforme relatório da polícia, da morte do vereador Amarílio Pequeno e do ex-policial da Civil, José Bezerra, assassinados com vários tiros, ocorrido em 2011, na praça do Giradouro, na cidade.
Outro projeto que chamou a atenção da atuação da câmara foi a aprovação de projeto do executivo, que previa a redução de 40% da gratificação sobre salário dos professores da cidade, além de outras alterações no Plano de Cargos e Carreira (PCCR). Os professores entraram em greve e o caso gerou indignação na cidade, chamando a atenção da mídia nacional. O vereador Cláudio Luz destaca também denúncias que ele fez há vários meses, para serem investigas. Uma delas, diz respeito aos super salários pagos pela câmara.
Fonte: Diário do Nordeste
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