A Estação Ecológica de Aiuaba, no sertão dos Inhamuns, uniu a comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente com a celebração dos seus 37 anos de existência. A ESEC assume grande importância ecológica, por ser a maior área de conservação do Bioma Caatinga, coberta integralmente com floresta de caatinga-arbórea, exercendo significativa influência na manutenção da diversidade florística e faunística desse bioma, além de representar um importante papel no ciclo hidrológico da região, devido à sua cobertura florestal densa.
A reserva tem uma área de 11.525,3 hectares, perfazendo um perímetro de 72,77 km, e está inserida integralmente no município de Aiuaba. Seu objetivo é proteger o Bioma Caatinga, propiciar pesquisas científicas e desenvolver programas de educação ambiental.
Para celebrar o seu aniversário e o Dia do Meio Ambiente, a direção da ESEC preparou uma programação educativa com a participação de crianças e adolescentes estudantes de escolas dos municípios de Aiuaba e Tauá, com a exposição: “Ações, Fatos e Registros Históricos”, palestras, debates, exposição de exemplares empalhados da fauna local, além da plantação de árvores nativas Bioma Caatinga pelos alunos visitantes de Tauá. A Banda de Música municipal abriu o evento com uma apresentação. Todos os sete chefes, e o atual responsável pela Reserva em toda sua existência foram homenageados. Dentre as duas palestras realizadas na solenidade, foram
trabalhados os seguintes temas: “A Importância da Estação ecológica para a sustentabilidade do Bioma Caatinga no semiárido do Brasil”, ministrada pela professora Juliana Rodrigues de Sousa, da UECE, e “Riqueza Biológica da Estação Ecológica de Aiuaba”, ministrada por uma equipe da URCA, que desenvolve um projeto de pesquisa na ESEC.
O público presente foi informado pelo atual chefe da unidade, Honório Miguel Arrais, que atualmente estão sendo desenvolvidas 15 pesquisas na ESEC, e que o objetivo é ampliar esse número.
Benilda Sousa, bióloga, falou da importância da ESEC para Aiuaba e região, e lamentou que a comunidade local ainda não valoriza integralmente esse bem que possui, necessitando maior cuidado, preservação e visitação, além da tomada de consciência da importância da reserva para o futuro das gerações. “Nós também somos meio ambiente, mas falta essa consciência ambiental. As pessoas da própria comunidade continuam desmatando e matando, alheias à importância da Caatinga, não só
para a comunidade, mas para todo o mundo!”
Jorge Moura, Coordenador do Pacto Ambiental dos Inhamuns, parabenizou a ESEC pelos seus 37 anos, e lembrou que a preocupação do ambientalista Manuel Alencar, compartilhada pelo atual chefe da ESEC, Honório Arrais, é levar a Estação para a comunidade, sair dos limites físicos da reserva e se aproximar das pessoas. Para tal, Jorge Moura ressaltou a importância dos Meios de Comunicação, como uma importante ferramenta para aproximar a ESEC da comunidade regional. Moura destacou o empenho dos funcionários da Estação, e o fato da mata estar totalmente preservada, e lembrou que, apesar da caça ilegal ainda ser muito comum, essa prática vem aos poucos diminuindo, na medida em que a conscientização ambiental avança. O ambientalista ressaltou que as exposições de animais empalhados e dos fatos históricos e atividades da ESEC através de banners, permitirá que estes sejam conduzidos para fora da ESEC, em exposições itinerantes.
A palestrante Juliana Rodrigues de Sousa, da UECE, comentou a importância da conservação do entorno da reserva, e a conscientização das pessoas que vivem nesse entorno, ressaltando que a importância da ESEC não se restringe aos meios acadêmicos, mas que toda a população regional faz parte desse meio ambiente, evitando assim o uso irresponsável dos recursos naturais que estão em volta da reserva. “É preciso trabalhar na ótica da sustentabilidade”, destaca a professora e bióloga.
Honório Miguel Arrais, responsável pela ESEC há dois anos e meio, falou da alegria de comemorar 37 anos da reserva. Falou das dificuldades que a unidade ecológica que vem enfrentando, como a ausência total de recursos nesse momento de crise econômica nacional, o fechamento de um posto de vigilância localizado no Sítio Gameleira, há aproximadamente um ano, de modo que, sem ninguém para realizar a vigilância a área fica exposta às ações de caça ilegal e retirada de madeira. “Já chegamos a enviar um documento a Brasília, solicitando a reativação desse posto, mas até agora não obtivemos resposta. Não vamos ter aqui esse ano na ESEC o Prev-Fogo, onde sete brigadistas que eram contratados por um período de seis meses, para atuar no combate aos incêndios florestais, política de redução das queimadas e orientação do pessoal que habita no entorno da reserva. Com a ausência do Prev-Fogo, ficamos apenas com dois funcionários do ICMBio para cobrir toda uma área de 11.525,3 hectares”. Até mesmo a pouca de quantidade de combustível liberado pelo Governo é uma dificuldade para o trabalho na ESEC, destacou Arrais.
O atual responsável pela ESEC anunciou porém uma boa notícia. A Estação receberá uma compensação ambiental através da CHESF- Companhia Hidroelétrica do Vale do São Francisco, onde seremos contemplados com um viveiro semiautomático para produção de mudas que resultarão na arborização de áreas degradadas.
Honório Miguel fez ainda um apelo ao Governo do Estado, lembrando que o Governador Camilo Santana fez parte do quadro do Ibama, e portanto, conhece os problemas e as dificuldades que enfrentamos de perto. “Eu acredito que, com o conhecimento de causa e a sensibilidade do nosso Governador, o Estado pode desenvolver
uma parceria de assistência à ESEC de Aiuaba”. Indagado se a ESEC recebe algum apoio da Prefeitura Municipal de Aiuaba, Honório afirmou que não, que não recebe nenhum apoio financeiro ou logístico do governo municipal.
fonte: da Jornalista Aécia Leal e Amaury Alencar.
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