Eleições 2024

Deputados se defendem de acusações do Ministério Público

Deputado Danilo Forte diz que não visitou Martinópole nas eleições. O Ministério Público alega que ele foi beneficiado pela Prefeitura do Município FOTO: KID JÚNIOR
Deputado Danilo Forte diz que não visitou Martinópole nas eleições. O Ministério Público alega que ele foi beneficiado pela Prefeitura do Município
FOTO: KID JÚNIOR

O governador eleito Camilo Santana também está sendo questionado pelo MP Eleitoral, mas não quis se pronunciar

Após o Diário do Nordeste divulgar, na edição de ontem, que o Ministério Público Federal já encaminhou ações ao Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE) solicitando a cassação do diploma do governador eleito Camilo Santana (PT) e de deputados vitoriosos no pleito deste ano, os parlamentares citados nos processos afirmam que foram surpreendidos pela notícia e negam as acusações. A maioria não foi encontrada durante o dia de ontem. As ações referem-se a supostas irregularidades praticadas na campanha eleitoral.

O deputado federal reeleito Danilo Forte (PMDB), cujo nome consta em processo sobre beneficiamento eleitoral da máquina pública de Martinópole, se defende das acusações, justificando que nem sequer chegou a visitar o município durante a campanha eleitoral. “Fui surpreendido. Peço até desculpa ao povo de Martinópole, porque não tive condições de ir lá. Priorizei os municípios com maior eleitorado”, declarou.

Danilo Forte acrescenta que não pode se responsabilizar por ações praticadas por terceiros na campanha eleitoral. No processo, o Ministério Público alega que gestores do município, inclusive o prefeito e a primeira-dama, usando adesivos e bottons do deputado e do candidato ao Governo derrotado, Eunício Oliveira, distribuíram brindes à população, o que foi encarado pela Procuradoria Regional Eleitoral do Ceará como captação ilícita de sufrágios no pleito.

“Se fizeram um ato, eu não sei quem foi e o que fez. O que tem contra mim é porque tinha gente com meu botton? Não fui eu que patrocinei. Não tenho uma notificação contra mim. Fui o deputado do Ceará que teve o maior volume de recursos declarados na campanha, porque não tenho caixa dois”, destaca.

Intrigas

O peemedebista atribuiu as denúncias a intrigas políticas de opositores e afirma que o fato de ter sido firme na defesa da candidatura de Eunício Oliveira gerou inimizades. “Tenho um partido, tenho ideologia, sou defensor do municipalismo, tenho uma defesa clara da nordestinidade. No Interior, a luta política é permanente. Quanto menor é a cidade, maior é a disputa política”, diz.

O deputado federal Genecias Noronha (SD) também minimiza a ação do Ministério Público Eleitoral que sustenta que ele e a esposa, Aderlânia Noronha, deputada estadual eleita neste ano, foram beneficiados por ações da Prefeitura Municipal de Parambu, hoje comandada por Keylly Mateus Noronha, sobrinha e afilhada de Genecias.

“Não tem nada a ver. Estão cobrando uma multa pela festa do dia das mães, mas as candidaturas só foram homologadas em junho. Eu não estava nem presente na confraternização. O pessoal do site do município falou que a Aderlânia estava presente no evento me representando”, argumenta o parlamentar.

O processo que responsabiliza Genecias Noronha e a esposa por irregularidades na campanha eleitoral aponta notícias publicadas no portal eletrônico da Prefeitura de Parambu em referência aos dois candidatos. “Não posso impedir que o site cite o nome de um deputado. Estão atirando para todo lado, não faz sentido. Já justifiquei, fiz minha defesa, não vejo como ser multado em uma coisa que não estava presente”, ressalta.

O Diário do Nordeste entrou em contato com a assessoria de imprensa do governador eleito, Camilo Santana, que informou que a coordenação da campanha eleitoral do petista é quem está respondendo por episódios referentes às eleições. No entanto, a equipe de comunicação do coordenador da campanha e chefe de gabinete do Governo do Estado, Danilo Serpa, declarou que ele não se pronunciaria sobre o tema por conta da falta de tempo na agenda.

Convênios

Camilo Santana e a vice-governadora eleita Izolda Cela são citados em mais de um processo. Entre as acusações da Procuradoria Regional Eleitoral, constam repasses de recursos aos municípios referentes a convênios estaduais em período proibido pela legislação eleitoral.

Outra ação pede a suspensão dos procedimentos disciplinares abertos pelo Governo do Estado contra policiais que manifestaram posição política contrária à candidatura de Camilo Santana na campanha eleitoral deste ano. O Ministério Público avalia as punições aos policiais como abuso de poder em benefício da candidatura governista.

Também foram procurados pelo Diário do Nordeste o deputado federal José Guimarães, o deputado estadual Osmar Baquit e a deputada eleita Augusta Brito, mas eles não atenderam as ligações durante a tarde de ontem. Todos têm os nomes citados em processos encaminhados ao TRE por conduta vedada na campanha eleitoral.

O procurador regional eleitoral do Estado, Rômulo Conrado, ainda deve assinar novas ações questionando as vitórias dos parlamentares até a diplomação dos eleitos, que ocorre no dia 19 de dezembro. O Ministério Público poderá protocolar ações de impugnação de mandato até 15 dias após a diplomação. As sanções impostas aos candidatos acusados podem variar conforme a gravidade do caso, passando de pagamento de multas à cassação do diploma.

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz