A pequena Rakelly Matias Alves, de sete anos, foi sepultada no início da tarde de ontem, no Cemitério do Jabuti, em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Ela estava desaparecida desde a última quarta-feira (21) e foi encontrada morta dentro de uma cacimba, em um sítio nas proximidades da casa onde morava. O caseiro foi preso e autuado por homicídio e ocultação de cadáver.
De acordo com informações da Polícia Civil, a companheira do suspeito foi conduzida para a sede da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e permaneceu na Especializada durante todo o dia de ontem para ser ouvida pelas autoridades policiais. “Tanto a esposa quanto o irmão dele podem estar implicados na ocultação do cadáver. Está sendo apurado se eles ajudaram de alguma forma. Ainda não há um convencimento sobre isso, mas existe a possibilidade”, declarou um investigador, que preferiu não se identificar.
A delegada Socorro Portela, diretora da DHPP, disse que a criança foi encontrada amordaçada e tinha um saco plástico envolvendo a cabeça. Segundo ela, aparentemente, Rakelly foi vítima de abuso sexual, mas só os exames realizados pela Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) poderão confirmar.
“O trabalho dos inspetores da DHPP durou o dia inteiro, até a descoberta deste crime que chocou toda a equipe. Foi muito brutal. Ela foi encontrada de uma forma que dá para ver que sofreu bastante. Muito mesmo”, disse a presidente do inquérito.
José Leonardo Vasconcelos Gracindo, conhecido como ‘Zé’, 33, continua dando versões desencontradas para o fato. Em entrevista à TV Diário, concedida no sábado (24), ele disse que o que aconteceu foi um acidente. Além disso, nega que tenha abusado sexualmente e matado Rakelly. “Eu sou inocente. Foi um acidente e eu me arrependo de não ter dito a ninguém, de não ter pedido ajuda. Os exames vão provar que não fiz nada”.
Em versões anteriores ele chegou a confessar o homicídio à Polícia, mas disse também que a menina caiu e se machucou. Como ele achou que iriam culpá-lo, decidiu jogá-la no poço. “As versões dele são fantásticas, mirabolantes. Não dá para acreditar que você veja uma criança cair e se machucar e ao invés de socorrer, coloque uma mordaça nela e jogue em uma cacimba”, declarou o policial civil.
‘Chumbinho’
‘Zé’ sofreu um acidente de moto e está caminhando com ajuda de muletas. Por conta disto, não foi algemado e nem posto no camburão depois de ser detido. Quando já estava sob custódia da Polícia, no sítio em que trabalhava, disse aos inspetores que tinha acabado de ingerir ‘chumbinho’. Foi levado às pressas ao hospital de Itaitinga e estava prestes a ser submetido a uma lavagem estomacal, mas confessou que estava mentindo sobre ter tomado veneno de rato. O suspeito alega que “não está bom do juízo”.
As tentativas de se livrar da prisão contando mentiras não foram bem-sucedidas para ‘Zé’. A equipe da DHPP reuniu elementos suficientes que apontam para a culpa dele. José Gracindo foi autuado pela morte da criança e será transferido para uma unidade prisional adequada, porque há ameaça de linchamento contra ele, por parte dos outros presos, no xadrez da DHPP.
A Polícia não detalhou as provas recolhidas até agora, nem a motivação para o crime. A delegada Socorro Portela disse que falará hoje com a imprensa, em entrevista coletiva, para passar informações precisas sobre as apurações do caso.
Comoção
Uma multidão acompanhou o cortejo até o cemitério em que a criança foi sepultada. Os vizinhos de Rakelly Alves se disseram revoltados com o que aconteceu. A técnica de enfermagem Janaína Ferreira afirmou que conheceu a vítima ainda bebê e que todos na localidade onde moravam gostavam dela. “Muito difícil ver uma criança, que não tem chance de defesa nenhuma, passar por uma coisa tão cruel. Ela era muito inteligente, amável e querida por todos. Não sei nem dizer o que é o sentimento da gente diante de uma maldade desse tamanho”.
Na noite em que o corpo foi descoberto, a mãe de Rakelly, Patrícia Alves, disse que acredita que José Gracindo fez isso por vingança, porque ela não cedia aos assédios dele. “Eu já tinha discutido uma vez com ele, porque vivia me cercando e eu me sentia incomodada. Fez isso para se vingar, porque eu não queria nada com ele. Levou uma parte de mim”, afirmou.
Patrícia disse que a filha costumava ir na casa do suspeito, porque era amiga do filho dele. “Ela brincava com o menino. Tinha costume de andar lá. No dia que ela sumiu saiu de casa dizendo que ia para o sítio”, declarou.
O tio de Rakelly, Josué Alves, afirmou que está muito abalado e jamais esperou isto de José Gracindo. “As famílias se davam bem. Nossos filhos eram amigos do filho dele e brincavam juntos. Ninguém jamais imaginou que ele fosse capaz de uma coisa dessas. Não dá nem para acreditar que eu nunca mais vou ver minha sobrinha e a culpa é dele”.
Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
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