Levantamento é de janeiro até agora, enquanto que, em 2012, foram verificados apenas dois casos
Crato. Levantamento realizado pelo setor de Epidemiologia da Secretaria de Saúde deste município aponta para sete o número de casos de Leishmaniose Visceral em seres humanos confirmados no período de janeiro a outubro deste ano. Do total de casos, há registro de pelo menos um óbito ocorrido no mês passado, na localidade de São Miguel.
No bairro São Miguel, a preocupação é ainda maior FOTO: ROBERTO CRISPIM
O avanço em relação aos números já confirmados tem assustado as autoridades do setor de saúde. No ano passado, apenas dois casos de Leishmaniose Visceral haviam sido confirmados. “O resultado deste último levantamento comprova aumento quase quatro vezes maior em relação aos casos detectados durante todo o ano de 2012”, afirma Antônio Soares, técnico do setor de Epidemiologia.
Segundo ele, através de parceria com outros setores da área de saúde, ações foram iniciadas na tentativa de impedir a propagação da doença. “Iniciamos, a partir do levantamento, uma varredura nas áreas onde houve confirmação de casos. Armadilhas foram instaladas para captura do mosquito transmissor e fizemos, também, solicitação para que os departamentos de Zoonoses e Endemias realizassem ações de pulverização de inseticida nos locais apontados e, ainda, o recolhimento dos animais abandonados”, disse.
O combate à proliferação da doença, no entanto, foi interrompido no início da semana, devido a falta de inseticida e de material para o exame de sorologia canina. “Nós temos pessoal capacitado e bombas costais suficientes para atender a toda a demanda. O que falta, na verdade, é o inseticida à base de órgano-fosforato que deveria ter sido repassado pela Secretaria de Saúde do Estado e que, até agora, ainda não chegou ao município”, afirma o coordenador do setor de Endemias, Antônio Esmeraldo.
Conforme o levantamento, as áreas de maior incidência estão localizadas no bairros Vila Alta, São Miguel e Muriti. “Nestas localidades, nós chegamos a iniciar o trabalho de pulverização do inseticida. Como o veneno acabou ainda faltam algumas ruas a serem trabalhadas”, comentou Antônio Soares.
Aumento
O diretor do Centro de Zoonoses de Crato, Ricardo Pierre Martins, também prevê possibilidade de aumento no número de casos, devido à falta do material para exames. O veterinário afirma que não há como o órgão realizar o recolhimento dos animais por que não há kits para realização da sorologia canina à disposição dos veterinários e técnicos que atuam no órgão.
Ele calcula que existam cerca de mil cães abandonados pelas ruas do município. Além dos animais em situação de abandono, também há cães que apresentam sintomas da doença e que não estariam sendo recolhidos devido à falta de permissão de seus guardadores.
“O problema existe em todos os sentidos. Não bastasse a falta de interesse das pessoas, que abandonam seus animais, ou então, impedem que estes sejam recolhidos devido à apresentação de sinais da doença, há também a falta de condição de atendimento por causa da carência de material para análise”, afirma. A distribuição dos kit´s para sorologia canina, segundo Ricardo Pierre, são de responsabilidade do Estado, e não estariam sendo emitidos ao município há, pelo menos, trinta dias.
“Primeiro disseram que estava em falta em todo o Estado. Depois, fomos informados que os kits já estavam disponíveis na Capital e que não teriam sido encaminhados devido a um problema de logística, não há veículos para que o material seja trazido ao Crato”, frisa.
O veterinário diz que, com a falta do material, todas as ações desenvolvidas para barrar o crescimento da doença ficam prejudicadas. “No momento em que falta o material para pulverização nos bairros e, ainda, para a realização da sorologia nos animais, o ciclo de propagação tende a ser contínuo”, ressalta.
Ricardo Pierre também aponta redução no número de eutanásias realizadas no Centro de Zoonoses. Conforme afirma, a redução também se refere à falta do exame de sorologia. “Não se pode realizar eutanásia em animais sem que haja comprovação clínica para tal finalidade. Seria um crime se isso acontecesse”, disse. A Leishmaniose visceral, ou calazar, é uma doença transmitida pelo mosquito Palha (Lutzomyia longipalpis), sendo que apenas a fêmea do mosquito é responsável pela transmissão do parasita Leishmania chagasi.
Na maioria dos casos, o período de incubação é de 2 a 4 meses.Os principais sintomas da leishmaniose visceral são febre intermitente com semanas de duração, fraqueza, perda de apetite, emagrecimento, anemia, palidez, aumento do baço e do fígado, comprometimento da medula óssea, problemas respiratórios, diarreia, sangramentos na boca e nos intestinos.
A reportagem procurou ouvir a Secretaria de Saúde do Estado em relação à falta dos materiais citados pelos coordenadores e técnicos dos setores de saúde no município. A assessoria de comunicação da pasta ficou de encaminhar nota explicando a situação, o que não aconteceu até o fechamento desta edição.
Mais informações:
Secretaria Municipal de Saúde
Crato
Telefone: (88) 3586-8000
Centro de Zoonoses
Telefone: (88) 3521- 2698
Roberto Crispim
Colaborador
Fonte: Diário do Nordeste
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