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Construção da ponte sob o rio Ceará também trouxe lixo para o mangue

Impressiona a quantidade de lixo e sujeira ao longo do rio Ceará. Enquanto descíamos o leito de canoa, muito mais do que caranguejo-uçá, o que vimos sobrando foram garrafas pet e todo tipo de recipientes e sacos plásticos. Vi duas carcaças de tevês, uma de computador, uma de um rádio, três pneus e até um parachoque. A contagem não representa nem de longe o que deva ser o problema.

Estávamos a mais de três quilômetros da foz do rio, bem longe da ponte que liga Caucaia a Fortaleza pela Barra do Ceará. “Esse plástico vem lá da ponte e também da pista que passa perto dos tapebas”, contou Josafá “Farofa”, referindo-se à CE-090, que cruza a área indígena rumo a Caucaia.

As garças, tamatiões, maçaricos, socós, sericoias, sanhaçus do mangue e outras aves também bicam esse lixo em busca de alimento. Ainda do quadro degradado, Joaquim “Quinca” dava remadas e ia lembrando de quando o rio era mais farto. Mas o assoreamento causado pela ponte piorou o que se tira a cada pescaria. “Aqui a gente pegava cururuca, golosa, mero, serra pequena. Os peixes entravam com a maré, mas acabou a fundura da água”, reforça, ajudado na lembrança por Josafá. “Cavalo marinho, só vejo um ou outro. Tinha era muito”, diz Isaías “Pai do Rio”.

O Ibama esteve há poucos meses orientando moradores de perto da margem do rio. “Pediram que não tirassem madeira”, conta Josafá. “A gente faz mais um trabalho preventivo, educativo, com os moradores da aldeia”, explicou Rolfran Ribeiro, chefe da fiscalização do órgão.

Para a proteção diretamente do caranguejo, o Ibama aplica todo ano a regra de períodos alternados de defeso ao longo do primeiro trimestre. A captura nesses dias é totalmente proibida, passível de multa, apreensão de carga e material e até prisão. Cada período de defeso dura uma semana. Coincide com o tempo da chamada “andada” do animal, quando ele sai da loca para o período de acasalamento.

Fonte: O Povo

Foto: Internet

 

Zeudir Queiroz