Durante a pior seca no Estado, que já se estende por três anos, pequenos vilarejos ainda não possuem água canalizada. Na Serra do Juá, localizada a aproximadamente 20 Km do centro de Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza, mais de 50 famílias esperam, todos os dias, a água brotar do chão. O líquido, aos poucos, está sumindo.
Sem recursos suficientes para construir poços profundos, a pacata comunidade do topo da serra busca fontes naturais para suprir necessidades básicas. “A rotina é acordar junto com o sol, descer pelas vielas no lombo do jumento e esperar que Deus mande a nossa água”, relata o agricultor Raimundo Nonato. Edilene Silva coloca a filha, ainda pequena, nas costas do animal e também repete o percurso todos os dias. “É bem difícil. A cacimba que tinha lá em cima também já secou, está só a lama”, lamenta.
A cacimba pertence a Jesus Alves de Andrade. Quando estava cheia, ele distribuía água para grande parte dos moradores. “Eu gosto de ajudar as pessoas. Enquanto o meu poço tinha água, eu sempre oferecia. Dava para tirar mais de 10 mil litros por dia. No outro dia, estava cheio de novo. Essa é a pior época que estamos passando. Tenho 68 anos e nunca vi tanta sequidão na minha vida. As plantas e os bichos estão morrendo”.
Na casa de Iraci Nascimento, a geladeira ainda guarda meia garrafa da preciosa “água de beber”. O marido, Antônio Nascimento, logo faz questão de oferecer a quem chega para experimentar o sabor que a água possui. “Essa é da boa, é a de beber. Mas só conseguimos menos de meio balde por dia, porque é mais difícil, nasce pouca do chão. Já da água de gastar, pegamos uns oito baldes”. E enquanto conversava, o agricultor organizava os baldes para descer mais uma vez. “Preciso fazer esse caminho umas três vezes ao dia para ter como lavar a louça, tomar banho, cozinhar e beber”.
Solução
Conforme o secretário de Agricultura e Recursos Hídricos do município, Ivan Sales, a Defesa Civil estuda um meio de enviar um carro tracionado capaz de chegar às regiões de difícil acesso para fornecer água, não à Serra do Juá, como também à Serra da Rajada e Serra da Melancia.
Ele ressalta, ainda, que existe a grande dificuldade de canalizar a água devido à pouca pressão em grandes altitudes. “Há a boa vontade tanto da Prefeitura, quanto da Cagece”, garante.
A assessoria do órgão afirma que conta com a colaboração do Exército nessa empreitada, bem como a ida de quatro caminhões-pipa, diariamente, para atender essas áreas mais críticas de Caucaia. “É importante ressaltar que a água é 100% aprovada pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen-CE)”.
Segundo a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), em Caucaia, o órgão é responsável pelo abastecimento de mais de 96% do município, contando com a própria sede e alguns distritos. Há perspectiva de ampliação da cobertura, com investimentos já assegurados e outros em captação de recursos para ampliar o abastecimento da Região Metropolitana.
Patrícia Holanda
Especial para Cidade
Fonte: Diário do Nordeste
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