Fortaleza. A capacidade hídrica para o abastecimento de Crateús deverá se esgotar até o dia 10 de fevereiro próximo. Em outras cidades, somente a perfuração de poços poderá atender às demandas das comunidades, sendo que as residentes nas zonas rurais já são as que mais se ressentem dos efeitos da seca.
Esse foi um dos principais pontos de debate na reunião do Comitê Integrado da Seca, realizada ontem, na sede do comando do Corpo de Bombeiros do Ceará. O encontro, fugindo à tradição desde que foi criado o grupo intersetorial de trabalho, foi realizado a portas fechadas, podendo a imprensa apenas registrar imagens dos participantes. Estiveram ausentes representantes do Exército e da Cogerh.
Com uma duração de mais duas horas, a reunião produziu “desabafos”, como disse o prefeito de Canindé, Celso Crisóstomo, dos gestores e de representantes dos municípios. No caso de Crateús, o coordenador da Defesa Civil do município, Teobaldo Marques, disse que o temor maior é que toda a cidade entre em colapso bem antes do Carnaval. A solução para o abastecimento seria a instalação da adutora proveniente de Varjota, mas ele informou que as obras estão atrasadas.
O prefeito Celso Crisóstomo disse que saía da reunião pessimista com relação à zona rural. Ele lembrou que os açudes estão secando e isso inviabiliza o funcionamento das adutoras e até mesmo o serviço emergencial dos carros-pipas.
“A solução para a zona rural é a perfuração de poços. Para as cidades, a transposição. O problema é que as medidas emergenciais estão esbarrando em burocracias e demoras no atendimento”, disse o gestor. Ele lembrou que Canindé tem um gasto de R$ 146 mil com gerador, uma vez que o bombeamento de água não está sendo disponibilizado pela energia elétrica fornecida pela Coelce.
Milho
Apesar de boa parte do encontro dos representantes do Comitê tenha reclamado ações urgentes para resolver o problema do abastecimento da água, a pauta inicial era para reservar ampla discussão para o fim do subsídio do milho, que chegou a custar R$ 23,00 a saca até 31 de dezembro do ano passado. Atualmente, a saca custa R$ 32,50, num aumento de 41%.
A ideia é que os prefeitos e mais representantes das classes produtoras, como o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Ceará (Faec), Flávio Saboya, pudessem sugerir saídas para os problemas que afetam a economia cearense, especialmente a pecuária, que necessita do produto para a alimentação animal. Sobre esse tema, foi deliberado que será produzida uma minuta a ser encaminhada ao Ministério da Agricultura, solicitação uma reedição da portaria que concedia o subsídio. Segundo Flávio Saboya, o problema do milho, que trará impactos imediatos para os produtores do leite, afeta especialmente os Estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
No Estado, há uma grande dependência do milho para alimentação do rebanho, estimado em 2,6 milhões de cabeças, somente entre bovinos e bubalinos, à medida em que a forragem, produzida pelas fracas quadras chuvosas, são insuficientes. Com a seca registrada de 2012 a este ano, houve uma mortandade de cerca de 100 mil bovinos, uma redução de 3,5% do rebanho.
Açudes
O titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Dedé Teixeira, chegou a falar com os jornalistas. Ele explicou que o motivo do encontro acontecer a portas fechadas, deveu-se “à necessidade de discussão interna de alguns pontos”.
O secretário informou que medidas de convivência com a seca, deverão ser anunciadas pelo governador Camilo Santana, logo após o anúncio do prognóstico da quadra chuvosa, pela Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), que deverá acontecer hoje, a partir das 9 horas, no Palácio da Abolição, sede administrativa do governo do Estado.
Atualmente, 176 dos 184 municípios cearenses têm decretos de estado de emergência por consequência da estiagem. A situação dos açudes preocupa, pois nos 149 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), há disponíveis somente 20,3% da capacidade de armazenamento de água, havendo várias regiões do Estado em que o sistema de reservatórios está abaixo dos 10%.
De acordo com o monitoramento, o quadro de reservas hídricas mais grave está nos Sertões de Crateús. O reservatório com maior capacidade de armazenamento de água é a barragem do Batalhão, atualmente com 5,65%. Na Bacia do Curu, os açudes de Itapajé, no município, e Caxitoré, em Umirim, são os com maiores reservas, apresentando, respectivamente, 6,75% e 6,11%. O açude do Castanhão, maior reservatório do Estado, detém, atualmente 24,91%; e o Gavião, que integra o sistema Pacoti/Riachão/Gavião, que abastece a Região Metropolitana de Fortaleza, está com 93,47% de sua capacidade.
Mais informações:
SDA
Avenida Bezerra de Menezes, 1820 São Gerardo – Fortaleza
Telefone: (85) 3101-8002
Marcus Peixoto
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste
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Seca?! Então o ‘Aquário’ de Fortaleza, não é uma obra monumental, faraônica, feita exatamente para celebrar a abundância de água no Estado?