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Cinturão Digital: 105 municípios são beneficiados no CE

Scanners que monitoram mercadorias trazidas por caminhões que entram no Ceará são acompanhadas em Fortaleza por meio do Cinturão Digital
Scanners que monitoram mercadorias trazidas por caminhões que entram no Ceará são acompanhadas em Fortaleza por meio do Cinturão Digital

A Capital cearense é privilegiada geograficamente pelo fato de concentrar todos os cabos submarinos de fibra ótica que partem ou chegam da Europa e da América do Norte. Por este motivo, tem potencial de transmissão de dados maior do que a cidade de São Paulo, por exemplo, o que representa alta capacidade na distribuição de internet. Entretanto, até alguns anos atrás, a tecnologia disponível era pouco aproveitada.

A realidade começou a mudar a partir da instalação do Cinturão Digital do Ceará (CDC), sistema de infraestrutura em rede implantado pelo governo do Estado, capaz de levar internet a municípios do Interior, que antes tinham custos altíssimos para ter acesso a web. Hoje, todas as cidades do Ceará com mais de 50 mil habitantes contam com o recurso, além de outras de menor porte, totalizando 105 prefeituras beneficiadas. Ao todo, 1,6 milhão de pessoas fazem proveito do sistema, seja utilizando-o em casa ou em órgãos públicos.

O Ceará é pioneiro na iniciativa de distribuir internet aos municípios desta forma. “Outros estados estão implantando agora, depois de virem aqui olhar como funciona. Há modelos muito parecidos com o nosso, hoje, no Pará, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul, na Paraíba e no Piauí”, ressalta o presidente da Empresa de tecnologia da Informação do Ceará (Etice), Fernando Carvalho. O gestor cita, inclusive, que os Estados Unidos também estão instalando tecnologia semelhante, utilizando financiamento público, o que é incomum para aquele País.

Hoje, existem instalados 3 mil quilômetros de cabos óticos ao longo do Estado, dentro do projeto do Cinturão Digital. O objetivo é que cada vez mais municípios sejam contemplados com o sistema. Entretanto, conforme Fernando, quanto mais remota é a localidade, mais dispendiosa é a sua inserção no programa.

“Não é possível fazer nos 184 municípios agora porque a quantidade de investimento necessário para levar a todos os que ainda faltam é maior do que já foi gasto até agora para levar aos 105 municípios que usufruem da estrutura. O investimento vai aumentando à medida que o município é mais remoto em relação ao mapa do cinturão”, explica o presidente da Etice. Um dos principais critérios para a implantação do CDC é a quantidade de pessoas na localidade.

Modos de operação

Atualmente, são duas modalidades utilizadas pela Etice para distribuir internet ao longo do Estado. A primeira interliga em rede os órgãos vinculados ao governo. Ao todo, 74 instituições estatais têm contrato com a Etice para o fornecimento de internet. São Secretarias, delegacias e escolas, por exemplo, que conectam-se à web por meio do CDC.

A fiscalização da Secretaria da Fazenda (Sefaz) na fronteira do Estado, por exemplo, não precisa ser feita presencialmente. Os scanners que monitoram as mercadorias que entram no Ceará, conduzidas dentro dos caminhões, são acompanhadas em tempo real na Capital, por meio da estrutura de transmissão de dados do Cinturão Digital.

O preço cobrado pela Etice para prestar o serviço é de R$ 7 por gigabyte trafegado. O valor pago pelos órgãos estatais é suficiente para cobrir o custeio do Cinturão Digital, incluindo manutenções e atualizações do parque tecnológico.

A outra modalidade disponível oferta infraestrutura para a transmissão de dados a prefeituras do Interior. O serviço funciona da seguinte forma: a internet chega em Fortaleza pelos cabos internacionais. O sinal é transportado para as cidades por meio do Cinturão Digital. Em seguida, as Prefeituras transportam o sinal para seus órgãos e para as residências dos cidadãos que quiserem usufruir do sinal.

As prefeituras podem utilizar a estrutura do CDC pagando o valor de R$ 20 por megabyte transferido. Antes do Cinturão, o preço era de R$ 600 por mega. É preciso, ainda, comprar a internet dos fornecedores, que cobram, em média, R$ 47 por mega entregue.

De acordo com o contrato, os municípios precisam instalar Wi-fi de qualidade em pelo menos duas praças da cidade e em todas as escolas da Prefeitura, o que consome cerca de 20 mega. Com o que sobrar de banda, adquirida pelo Município junto aos fornecedores, é possível repassar à população.

Nem todas as Prefeituras têm estrutura para entregar por conta própria o serviço de internet, tanto nos pontos públicos como nas casas dos cidadãos. Para tanto, delega o serviço a provedoras situadas no município. Neste caso, a distribuição acontece da seguinte forma: as empresas assumem o compromisso de fazer a ramificação da rede e, em troca, a Prefeitura cede determinada quantidade de banda, que é vendida à população. O contrato determina que haja uma opção de plano que custe, no máximo, R$ 29,90 por mega entregue.

Conforme Carvalho, a tecnologia utilizada pelo Cinturão Digital, que compreende tanto a fibra ótica quanto a transferência via rádio, é estável e em alta qualidade. “O sistema cumpre com todos os seus objetivos: interliga os órgãos do Estado, promove o crescimento de pequenas empresas provedoras situadas nos municípios, e leva internet barata e de qualidade para a população”, argumenta.

Bruno Mota
Repórter

Cinturão

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz