Muitos fortalezenses foram despertados pelo barulho dos trovões na manhã de ontem. Outros podiam jurar que as chuvas ocorridas em Fortaleza entre a madrugada da última segunda-feira e a manhã da terça-feira tinham sido intensas. Mas a sensação foi maior do que a realidade. De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), apenas 20 milímetros foram registrados na Capital. Apesar da quantidade abaixo do que se pensou, a cidade enfrentou problemas como semáforos apagados e árvores caídas, provocando falta de energia e pontos de congestionamentos no tráfego de veículos.A meteorologista da Funceme, Dayse Moraes, confirma que as precipitações registradas em 83 municípios do Ceará são características da pré-estação chuvosa, normalmente ocorrida entre os meses de dezembro de janeiro e provocadas pelo vórtice ciclônico de altos níveis. “A tendência é ficar nublado com pancadas de chuvas em todo o Estado até a próxima sexta-feira”, afirma, comentando que a baixa precipitação amenizou o calor, principalmente na capital cearense.
Quem andou pelas ruas da cidade ontem, se deparou com congestionamento em várias áreas, além de danos causados pela queda de árvores. No cenário de transtorno, estavam agentes de trânsito tentando controlar o tráfego e pontos sem energia, além de semáforos com defeitos FOTOS: JOSÉ LEOMAR E NATINHO RODRIGUES
Bloqueio
Na Rua Vicente Leite, entre a Avenida Santos Dumont e Rua Maria Tomásia, na Aldeota, a queda de duas árvores interditou o trecho e deixou moradores e comércio sem energia elétrica por algumas horas. Segundo o proprietário de um salão de beleza localizado naquela área, José Holanda Lima, o acidente ocorreu por volta das 8 horas, quando ainda se preparava para abrir o estabelecimento. “Houve um forte estrondo e imediatamente sai para constatar o ocorrido. Vi que a árvore maior caiu, puxou a fiação, derrubou dois postes e ficou em cima de um carro. Foi um susto daqueles”, relata ele.
O flanelinha Antônio de Sousa, que estava embaixo da árvore segundo antes da queda, só conseguia agradecer a Deus por escapar sem arranhão. “Foi a graça divina. Quando ouvi um pipoco, saí correndo e agora conto a história”, diz ainda trêmulo.
De acordo com informações da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania de Fortaleza (AMC), agentes do órgão foram encaminhados por volta de 9 horas para desviar o tráfego na via. O órgão de trânsito também registrou problemas com sete semáforos durante a chuva de ontem. Conforme o órgão municipal, seis semáforos ficaram apagados e um ficou com amarelo intermitente. Enquanto os equipamentos não eram reparados, agentes de trânsito controlaram o tráfego nas vias.
Contratempo
Em alguns pontos da cidade, o trânsito ficou congestionado. Foi o caso da Avenida Engenheiro Santana Júnior, nas proximidades dos túneis do Iguatemi e das obras do viaduto. Ali, os motoristas tiveram que redobrar atenção e paciência, devido ao número de veículos e o dobro de tempo para percorrer poucos metros até a Avenida Antônio Sales, sentido Centro. “O negócio é manter a calma e esperar o trânsito seguir”, frisa o vendedor autônomo, Pedro Henrique Albuquerque.
De acordo com o boletim da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil, ao longo do dia de ontem, foram registradas um total de 19 ocorrências durante a chuva. Dentre elas: oito alagamentos, na Barra do Ceará; dois desabamentos, também na Barra do Ceará e no bairro Barroso; três incêndios, nos bairros Cajazeiras, Paupina e Centro; uma inundação, no bairro Cristo Redentor; e cinco áreas corriam risco de desabamento até a noite de ontem, nos bairros Barra do Ceará, Jacarecanga e Centro.
966 raios atingiram Capital e Interior
Durante a chuva iniciada na madrugada de ontem, que banhou boa parte do Estado, o Centro de Controle do Sistema (CCS), da Companhia Energética do Ceará (Coelce), registrou 966 raios no Ceará. Os municípios com maior número de descargas atmosféricas foram Tauá (55), Auiaba (53), Acopiara (52), Sobral (51) e Independência (45). Em Fortaleza, foram dois registros.
O trabalho realizado pelos operadores do CCS tem o objetivo de acompanhar o sistema e orientar as equipes de manutenção do Estado sobre ocorrências na rede elétrica provocadas por descargas atmosféricas.
Para identificar o local de queda do raio na rede elétrica, prever tempestades e, consequentemente, minimizar o tempo de atendimento, foi criado o Sistema de Monitoramento de Descargas Atmosféricas, no Ceará, que monitora as áreas de maior incidência, otimizando a instalação de equipamentos de proteção contra descargas.
A iniciativa é fruto de um projeto de Pesquisa & Desenvolvimento da Coelce, com participação técnica dos engenheiros da empresa e realização de pesquisas de estudiosos da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual do Ceará (Uece), e possui tecnologia inovadora no País, monitorando todo o território brasileiro e captando um raio de até 6.000 km. O Sistema de Monitoramento de Raios, com acesso gratuito e ilimitado pela internet (www.zeus.iag.usp.br), oferece informações sobre o número de descargas atmosféricas e a situação do tempo em todo o Brasil.
Para fugir do risco de acidentes com descargas elétricas em períodos chuvosos, deve-se tomar algumas precauções, como evitar uso de chuveiro ou torneira elétrica e o contato com objetos com estrutura metálica como fogão, canos, sobretudo se a residência se encontra em campo aberto. Desligar equipamentos elétricos, desconectar das tomadas aparelhos eletrônicos e, se possível, permanecer dentro de casa durante a tempestade.
Caso não esteja abrigado, evite o contato com objetos metálicos, como cercas de arame, tubos metálicos e, principalmente, linhas telefônicas ou elétricas.
Fonte: Diário do Nordeste
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