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Ceará poderá receber 1ª fábrica da Suzlon

O maior parque em operação no Brasil utiliza aerogeradores da Suzlon: Praia Formosa, em Camocim, na região Norte, do Ceará, com 105 MW
FOTO: DIVULGAÇÃO

Quinta maior produtora mundial de aerogeradores (turbinas eólicas), a Suzlon deverá instalar sua primeira fábrica no Brasil no fim deste ano ou no início de 2015. E o Ceará, importante mercado para o setor de energia eólica no País, integra a lista dos estados cotados pela empresa para receber o equipamento, considerando que 93% dos investimentos da companhia em território brasileiro estão concentrados no Estado.

A informação foi divulgada na manhã desta segunda-feira (14) pelo presidente da Suzlon, o indiano Tulsi Tanti, que está em Fortaleza participando da VI Conferência de Cúpula do Brics, no Centro de Eventos do Ceará.

De acordo com Tanti, o projeto para a instalação da unidade fabril – que abrange pontos como estudo de viabilidade física e coleta de tributação fiscal – está sendo finalizado.

Em breve, a empresa se reunirá com os governantes dos estados escolhidos para definir, em no máximo dois meses, onde o empreendimento será construído. Ele adianta que, principalmente por questões logísticas, a fábrica precisa ficar numa área portuária que disponha de infraestrutura necessária às atividades da empresa, que já tem clientes no Estado. “Em todo o Brasil, nosso foco principal é o Ceará. Estamos confortáveis e felizes com o mercado daqui”, afirma Tanti, chamando a atenção para a importância do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), onde está localizada a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, que diferencia o Estado dos demais.

Projetos

Em 2009, a Suzlon investiu R$ 1 bilhão no mercado cearense, produzindo 182 aerogeradores para a CPFL Renováveis, maior produtora de energias renováveis da América Latina.

Atualmente, a empresa está concluindo um novo projeto, também orçado em R$ 1 bilhão. São 168 aerogeradores, 144 para o Ceará e 24 para o Rio Grande do Norte, dos quais 14 faltam ser entregues. Os clientes são as empresas Votorantim (projeto eólico Faísas), Queiroz Galvão Energias Renováveis (QGER) e MS Renováveis.

Os equipamentos restantes serão entregues até setembro deste ano. Com a fim do projeto, o Ceará passará a ter 326 turbinas da Suzlon e uma capacidade total instalada de 685 megawatt (MW) em operação.

Sugestão

Mesmo destacando o potencial do Ceará para a expansão dos negócios da Suzlon e de outras empresas do setor, Tanti faz sugestões ao governo estadual. Entre elas estão: a criação de um mapa com a capacidade de instalação de usinas eólicas nos próximos dez anos; a mediação junto ao Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) para que os projetos sejam viabilizados com maior rapidez; e o incentivo fiscal para o mercado de energias renováveis.

Expansão

Conforme analisa Tulsi Tanti, o mercado de energias renováveis está crescendo no Brasil e começa a atrair a atrair novas empresas do segmento.

“Há cinco anos, não era um mercado lucrativo, quase não tínhamos retorno financeiro. Agora, temos custos fixos e o mercado começa a crescer. Nossos fornecedores também já estão se instalando no Brasil, o que é favorável para a expansão dos negócios”, declara.

Perfil

A Suzlon está presente em 30 países, com aproximadamente 13 mil colaboradores e operações nas Américas, Ásia, Austrália, África do Sul e na Europa.

Atualmente, o market share mundial da empresa é de 8%, fazendo com que ocupe a quinta posição no mercado de fornecedores de energia eólica.

A empresa está no Brasil desde 2006, com sede em Fortaleza e escritório de vendas em São Paulo, e detém 38% da capacidade instalada no mercado brasileiro. Atualmente, o maior parque em operação e no Brasil utiliza aerogeradores da Suzlon: Praia Formosa, em Camocim, na região Norte, do Ceará, com 105 megawatts (MW).

Energia: África busca parceiros e Brasil é opção

Durante o primeiro painel do Foro Empresarial do Brics, que ocorreu ontem, em Fortaleza, o presidente-executivo da Transnet SOC ltd – maior companhia de transporte da África do Sul -, Brian Molefe, disse que o Produto Interno Bruto (PIB) do país não vem crescendo como o esperado por conta das greves e do setor de energia, que vem passando por dificuldades. Segundo ele, porém, um plano de ação já foi desenvolvido e o Brasil pode ser um parceiro em potencial em um futuro próximo.

“O governo deseja unificar o sistema de energia da África do Sul, focando na solar e na térmica. Para isso, estamos buscando alianças e os países do Brics são opções muito promissoras. Por que não o Brasil?”, questiona.

Ainda segundo Molefe, a intenção é que os países que compões o Brics ajudem o continente africano como um todo a se desenvolver. “Queremos que a relação não seja focada apenas na África do Sul, mas na África de um modo geral, que tem muitos problemas internos”, afirma.

Parceiro importante

Segundo o representante sul-africano do Conselho de Negócios do Brics, Patrice Motsepe, apesar da China ser o maior parceiro da África, “o Brasil é um muito importante, já que essa relação girou US$ 31 bilhões no ano passado e tem capacidade para atingir US$ 50 bilhões em médio ou curto prazo”.

Primeira sessão de trabalho dos chefes de Estado é hoje

Dando continuidade à programação do encontro dos líderes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brics, o Centro de Eventos do Ceará (CEC) sedia, hoje, a primeira sessão de trabalho da VI Cúpula. A reunião, marcada para as 10h, inclui uma sessão privada e uma plenária do encontro dos chefes de Estado. A reunião de trabalho será seguida da cerimônia de Assinatura dos Atos, às 14h45, quando serão oficializadas as resoluções definidas no encontro.

Os tópicos mais aguardados são o Tratado Constitutivo do Arranjo Contingente de Reservas, que deve criar um fundo no valor de US$ 100 bilhões, a serem usados para auxiliar os membros do grupo que, no futuro, estejam em situação delicada, e o acordo para a criação do banco de desenvolvimento.

Logo após as assinaturas, às 15h, a presidente Dilma Rousseff, o presidente russo Vladimir Putin, o líder chinês Xi Jinping, o presidente sul africano Jacob Zuma e o primeiro ministro da Índia, Narendra Modi, devem fazer seus discursos públicos. Em suas falas, os líderes deverão destacar o papel dos países emergentes na inclusão de pessoas no mercado de consumo, seja pelo crescimento econômico ou por meio de políticas públicas.

Os discursos também devem reforçar o compromisso com o desenvolvimento sustentável- tema da cúpula deste ano, destacando a contribuição dos países do Brics na redução da pobreza e no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) além de seus respectivos territórios.

Roteiro em Brasília

Amanhã, a programação do encontro ocorrerá em Brasília, no Palácio do Itamaraty, a partir das 10h. Na Capital federal está programada para acontecer a segunda sessão de trabalho da Cúpula, reunindo, dessa vez, os líderes do Brics com os chefes de Estado ou de Governo dos países da América do Sul, uma novidade para o encontro deste ano.

Os líderes sul americanos deverão apresentar suas perspectivas sobre o tema da Cúpula de 2014. A presença dos representantes regionais faz parte da estratégia de aproximação do Brics com países não membros, especialmente os considerados em desenvolvimento.

Reuniões anteriores

A primeira Cúpula do Brics ocorreu em junho de 2009, em Ecaterimburgo, na Rússia, com a presença dos chefes de Estado do Brasil, Rússia, China e Índia. No ano seguinte, Brasília foi a sede do encontro dos líderes, realizado em abril. Em 2011, quando a África do Sul passou a fazer parte do grupo, a Cúpula foi realizada na China. A quarta edição do encontro foi sediada em Nova Deli, Índia, no mês de março, e a última Cúpula, no ano passado, ocorreu em Durban, na África do Sul, também no mês de março.

Raone Saraiva
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz