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Governo muda projeto e água retirada do Cauípe vai atender população

Proposta inicial era usar recursos hídricos para abastecer indústrias do Pecém. Com protestos da população e suspensão da obra pela Justiça, Estado anuncia novo destino para os recursos

Para tentar encerrar o impasse sobre o destino das águas retiradas do sistema Cauípe e das dunas da Taíba, o Governo Estadual anunciou que os recursos hídricos serão destinados exclusivamente ao consumo da população de Caucaia e São Gonçalo do Amarante.

O grupo de contingência é coordenado pela SRH e reúne representantes da Cogerh, Sohidra, Cagece, Funceme e Defesa Civil (Foto: Divulgação/SRH)

A decisão foi tomada nesta sexta-feira, 15, durante a reunião semanal do grupo de contingência. Atualmente, as duas cidades são abastecidas pelo sistema integrado Jaguaribe-Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Autor da ação que pediu suspensão da obra, o ex-vereador João Alfredo (Psol) acusa Estado de fazer manobra para manter abastecimento das indústrias.

A ideia do governador Camilo Santana (PT), anunciada em maio deste ano, era abastecer o complexo industrial do Pecém com a água extraída das dunas, desafogando o sistema que fornece água para a Capital. Para isso, teve início uma obra para implantação da técnica pioneira no País de poços horizontais, orçada em R$ 7,2 milhões.

A região industrial consome mil litros de água por segundo (L/s) da rede de abastecimento. A iniciativa previa economia de 200 L/s por parte das empresas e o fornecimento de 200 (L/s) de cada bateria de poços instalados em dunas do Pecém, Cumbuco, Cauípe e Taíba.

Protestos

Contudo, desde outubro, comunidades da área demonstraram insatisfação com o projeto. Os protestos ficaram mais intensos e vias de acesso ao local foram bloqueadas pela população em pelo menos cinco ocasiões. No início deste mês, em 4 de dezembro, as lideranças do movimento ingressaram Ação Popular contra o Estado.

Na última quarta-feira, a juíza da 1ª Vara da Comarca de Caucaia, Maria Valdileny Sombra Franklin decidiu, em caráter liminar, a imediata suspensão das obras e atividades relacionadas à retirada de recursos hídricos. Ela também sustou todos os atos administrativos que autorizam essas intervenções, incluindo licenças, autorizações e outorgas.

Abastecimento humano

Para o ex-vereador João Alfredo, a mudança de postura do Governo do Estado, com o anúncio desta sexta-feira, é um “mero artifício” para continuar mantendo o abastecimento das indústrias do Pecém. “Está se fazendo uma operação indireta. A água que ia para abastecer a população de Caucaia, agora vai para o Pecém. E a retirada do Cauípe, vai para Caucaia”, criticou.

Procurada para esclarecer sobre como será distrituído o abastecimendo da região, a assessoria de imprensa da Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH) informou que o porta-voz não tem disponibilidade para entrevistas. E informou que desde março o comitê promove reuniões com as comunidade no intuito de ouvir demandas e fazer com que eles contribuam e entendam o projeto. Esclareceu ainda que a decisão tomada pelo colegiado foi apresentada nesta sexta-feira, 15, aos representantes da população do entorno da Lagoa do Pecém.

O POVO entrou em contato com lideranças das comunidades e aguarda posicionamento.

 Fonte: O POVO Online

Zeudir Queiroz