Os aparelhos amenizam os problemas dos pequenos produtores em épocas de escassez de chuva na região
Sua estrutura é feita de carnaúba, matéria-prima abundante na região, e as hélices são feitas de metal, tradicionalmente de latões de óleo FOTO: ELLEN FREITAS
Limoeiro do Norte Cata-ventos estão auxiliando pequenos agricultores de Russas nos períodos de seca. O bombeamento da água feito de forma ainda artesanal garante a cultura de subsistência das famílias e comida para o rebanho. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Russas, José Cândido, propôs em reunião do Comitê de Combate à Seca, ocorrida em dezembro passado, a criação de um projeto de revitalização do equipamento.
De acordo com o presidente, mais conhecido como Josué, os cata-ventos amenizam os problemas dos pequenos agricultores em épocas de escassez de chuva. “Eles permitem que os agricultores continuem a cultivar pequenas culturas, como a de milho, feijão e sorgo, que serve de comida para o rebanho. Muitos não sentiram a estiagem por conta da presença desses cata-ventos na comunidade que garantiu água durante todo o ano”.
A instalação de um cata-vento artesanal custa a partir R$ 600,00, dependendo do seu tamanho. Sua estrutura é feita de carnaúba, matéria-prima abundante na região, e as hélices são feitas de metal, tradicionalmente de latões de óleo. O preço da perfuração de um poço raso também fica dentro deste orçamento. Quando há algum problema os próprios agricultores realizam os reparos. Segundo Josué, a revitalização dos cata-ventos não resolveria os problemas do município em épocas de seca porque nas regiões de sequeiro a água só é obtida a partir de 70 metros de profundidade.
“O intuito é minimizar o problema em comunidades que são banhadas pelo leito do Rio Jaguaribe. Esses cata-ventos seriam distribuídos para algumas famílias”, ressalta. Josué frisa também a economia de energia na utilização dos dispositivos. “Os cata-ventos usam somente a energia dos ventos, que é gratuita. Aos poucos eles foram substituídos por motores, mas os agricultores têm reclamado do preço da energia elétrica rural que vem encarecendo a pequena produção. Além disso, não são todos que possuem condições de ter um motor em casa”, explica.
De acordo com o agricultor Raimundo Aldo Honorato, ele gastou R$ 2.700,00 para instalar um motor em sua pequena plantação. “É muito caro e quando tem problema também é caro mandar consertar”, lamenta.
Um cata-vento no leito do rio pode puxar água a cinco metros de profundidade e atender a pequenas plantações com área de 25m². “Não é muito, mas garante o alimento da família”, garantiu o agricultor Leuzimar Felix. Em épocas de seca, como a ocorrida no último ano, os mais de 50 cataventos espalhados pela comunidade de Timbaúba de Nossa Senhora das Dores, zona rural de Russas, garantiu pequena safra para a subsistência e venda do excedente, e também ração para bovinos e caprinos. A comunidade, junto com as comunidades de Gracismões e Jaburú, ainda utilizam os dispositivos para a pequena agricultura.
Levantamento
A reunião do Comitê Integrado de Combate a Seca, em dezembro de 2012, que contou com a presença do titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Nelson Martins, procurou fazer um levantamento da realidade dos agricultores locais no que se refere principalmente ao abastecimento de água.
Em sua fala, Josué expôs a realidade de comunidades mais distantes do município como Lagoa Grande, Capim Grosso, São Pedro e outras, onde falta água para o consumo. “Na época fizemos a exposição das nossas necessidades e apresentamos algumas alternativas como a perfuração e poços profundos e o projeto de revitalização do cata-vento, que garantia o acesso à água em períodos de seca”. Leuzimar comemora a chegada da chuva para plantar e reserva o catavento para a época de escassez. “Agora a gente aproveita a chuva”.
ELLEN FREITAS
COLABORADOR
Do Diário do Nordeste
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