Quando o técnico em edificações Wellington Pedrosa Alves põe o capacete, tudo fica bem. “Está no sangue andar de moto. Faço isso desde os meus 16 anos”, explica. Pouco depois da conversa com O POVO, no início da manhã de ontem, ele iria pilotar por cerca de 120 quilômetros. De onde estava, na Avenida Mister Hull, em Fortaleza, seguiu até à Praça dos Romeiros, em Canindé. Lá, uma bênção recebeu Wellington e outros motociclistas da 26ª Motorromaria. “É uma satisfação vir para a romaria. Isso aqui é uma irmandade”, afirma.
Na garupa de uma moto, a dona de casa Graça Furtado compareceu pelo segundo ano à peregrinação em homenagem a São Francisco. Desta vez, quis benzer a motocicleta do filho e dar apoio a “seu Maia”, “pois a história dele é muito bonita”. Ela se refere a Edson Maia, militar reformado da aeronáutica que organiza o evento.
No trajeto
“A motorromaria começa mesmo é no sábado à noite”, diz Maia. Muitos motoqueiros decidem fazer o percurso antes do comboio principal. É que as motos não passam de 50 km/h para evitar acidentes.
O amontoado de pilotos ocupa os dois lados da BR-020. Ao longo da estrada, outros motociclistas vão se unindo ao grupo. “Poucos são imprudentes”, diz Graça. “É um passeio sempre tranquilo, porque as pessoas se respeitam”, conta Wellington. Uma missa às 12 horas, na Basílica de São Francisco, e o sorteio de uma moto completaram a programação.
Promessa
Na Praça dos Romeiros, aos pés da escada principal, Maia relembra os momentos de agonia em 1984. Voltando da praia, a moto derrapou por causa de rastros de óleo derramados no asfalto. A camiseta não o protegeu. A pele se rasgou. “Fiquei um dia no hospital”, relata. “Mas eu me peguei a São Francisco. E ele me protegeu”. Ao se livrar do infortúnio, foi pagar a promessa ao santo em Canindé. De moto.
Os 50 veículos de duas rodas no primeiro ano de romaria se converteram em cerca de 50 mil este ano. Além dos veículos, o evento fez crescer outro número. São 500 cestas básicas que Maia fornece a comunidades carentes da cidade na época do natal com o dinheiro arrecadado pelas inscrições.
Como
ENTENDA A NOTÍCIA
Operação da Polícia Rodoviária Federal com 60 policiais, 20 viaturas e 12 motos disciplinou o trânsito na BR-020. Os carros que vinham no contra-fluxo tinham de esperar o mar de motos passar. Fiscalização tentou garantir a Lei Seca.
Do Diário do Nordeste
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