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Camilo pede R$ 236 mi ao governo federal

Mayra Pinheiro, presidente do Simec, em reunião com Camilo
Mayra Pinheiro, presidente do Simec, em reunião com Camilo

Na mesma semana em que Dilma Rousseff (PT) promete anunciar corte de até R$ 80 bilhões do orçamento, o governador Camilo Santana (PT) pede R$ 236 milhões em compensação por despesas do Estado com a saúde entre 2013 e 2014. Segundo Camilo, no ano passado, o Ceará gastou R$ 1,4 bilhão no setor, que vive uma crise aguda. Nesse período, a União destinou apenas R$ 404 milhões à área.

“Estarei na semana que vem com minha equipe para averiguar por que o Ceará é apenas o 22º estado em repasse de média e alta complexidade do SUS. Há necessidade de mais recursos, de olhar para essa área com mais delicadeza”, disse Camilo.

O pedido de reembolso foi apresentado pelo governador durante audiência com a presidente, em Brasília, na última quarta-feira, 20.

De acordo com o governador, o volume de recursos federais para a saúde não acompanhou o estadual. De 2006 a 2014, enquanto os investimentos do Ceará na saúde cresceram 412%, os da União aumentaram 61%. “Apresentei todos os números da saúde (à presidente). Mostrei a discrepância que existe em relação aos últimos oito anos”, argumentou o chefe do Executivo estadual.

Documento

No relatório entregue a Dilma, Camilo pediu também a ampliação do teto de investimentos da União como fortalecimento da rede de hospitais estaduais. O governador quer que o Planalto aumente o patamar em R$ 290 milhões. Assim, gastos com alta e média complexidade na saúde sairiam dos atuais R$ 1,5 bilhão para R$ 1,8 bilhão.

Promessas

Em reunião com o Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará (Simec), Camilo apresentou planejamento para melhoria e expansão da rede especializada e prometeu contratar consultoria para estudar o setor.
“A nossa auditoria vai otimizar mais os recursos e diminuir o desperdício”, disse.

Uma das presentes à reunião, a presidente do Simec, Mayra Pinheiro, afirma que o governador “demonstrou grandeza, esforço e ansiedade” para resolver os problemas da saúde, “mas, ao mesmo tempo, deixou bem claro que o Estado não tem recurso e que isso depende de um orçamento federal extra”.

Nas últimas semanas, o Simec passou a divulgar o número de pacientes que esperam por leitos nos corredores dos hospitais do Ceará.

O “corredômetro”, como o balanço foi chamado, é um dos elementos da atual crise no setor. Para a médica, filiada ao PSDB, Camilo estaria de mãos atadas até que seja paga a compensação ou sejam aprovados recursos para o setor.

“Camilo agiu diferentemente do (ministro) Arthur Chioro, que negou o problema (crise) e achou que fazíamos política. Esperamos que o prefeito Roberto Cláudio também faça o mesmo”, afirma.

Saiba mais

Após as declarações, a oposição quer agora a convocação do secretário interino da Saúde, Henrique Javi, e do presidente do ISGH, Flávio Clemente, para explicar contratos com o Estado. O ISGH e a Secretaria da Saúde disseram que só vão se manifestar após convocação dos parlamentares

O Ceará é o 22º estado em repasses federais para procedimentos de alta e média complexidade do SUS, à frente somente do Piauí, Pará, Paraíba, Rio de Janeiro e Goiás.

Camilo Santana (PT) autorizou verba emergencial de R$ 60 milhões para os próximos três meses. Os recursos serão destinados à compra de medicamentos e para abertura de leitos.

No encontro de ontem com o governador, também participaram a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Universidade Estadual do Ceará (Uece),a Associação dos Médicos e os conselhos regionais de medicina e enfermagem.

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz