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BR-116 tem 52 acidentes a cada mês

MelanciaSomente nos quatro primeiros meses deste ano, 343 acidentes foram registrados na BR-116 no território cearense. Destes, 207 ocorreram na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), o que corresponde a 60% do total. Ainda assim, a quantidade de sinistros na região diminuiu, em comparação com o igual período do ano passado, quando foram contabilizados 357 desastres. O número de óbitos também caiu, de 11 para oito, assim como o de feridos, que passou de 129 para 100. Os dados são da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Embora a quantidade de ocorrências tenha decrescido de um ano para o outro, o número de acidentes ainda é considerado alto. É como se, a cada mês, 52 novos casos fossem registrados na rodovia apenas na RMF, ou 1,75 por dia. A estatística de 2015 aumentou ontem, com dois acidentes à altura de Aquiraz, no sentido sertão/praia. Um deles envolveu dez veículos.

O primeiro sinistro foi por volta das 4h30. Um caminhão carregado com tomates colidiu em outro, que estava parado no acostamento da via e transportava melancias, à altura do Km 30. Nenhum dos condutores se feriu, porém, a carga de ambos foi derramada na pista, ocasionando a interdição de uma das faixas. Com o bloqueio parcial, formou-se um engarrafamento.

Às 6h30, um caminhão que vinha em alta velocidade não freou a tempo e colidiu contra nove veículos à sua frente, parados por causa do congestionamento, formando um engavetamento no Km 32. Entre os atingidos, estavam sete carros e dois caminhões.

Ao longo da manhã, no trecho em que houve o maior acidente, era visível o rastro de destruição ao longo de cerca de 100 metros, com peças de veículos e carga espalhada pela pista. A maioria dos carros ficou destruída.

Conforme o policial rodoviário federal Jamys Souza, que prestava atendimento no local, três pessoas tiveram ferimentos leves e foram socorridas por ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), sendo conduzidas a hospitais de Fortaleza.

Como também houve vazamento de carga, foi necessário bloquear as duas faixas da estrada. O tráfego só foi liberado, parcialmente, às 9h. Uma hora depois, a via foi totalmente desbloqueada e o fluxo passou a ocorrer normalmente.

O comerciante José Alves, um dos envolvidos na batida, comemora o fato de ter saído ileso do incidente, embora tenha ficado com o carro totalmente destruído. “O importante é que a gente está vivo e tranquilo”, relata o motorista, que vinha com mais duas pessoas no veículo. Todas passam bem. O motorista do caminhão que colidiu contra os demais veículos, que preferiu não se identificar, disse que “faltou freio” e, por isso, não conseguiu evitar a batida.

Fluxo

Segundo o inspetor Karlos Derickson, da PRF, o trecho mais perigoso da BR-116 no Ceará corresponde aos 20 primeiros quilômetros da rodovia. O risco, segundo o policial, é maior nesta extensão pelo fato de estar em uma área com grande densidade populacional.

“A BR-116 assumiu as características de uma avenida urbana. Nosso trabalho aqui é diferenciado do que é feito no Interior, devido ao crescimento dos bairros à beira da via”, observa, acrescentando que a maioria dos acidentes são atropelamentos.

Para Derickson, a principal causa dos sinistros está relacionada à imprudência na estrada, tanto de pedestres como de condutores. Trafegar em alta velocidade, conduzir veículo digitando ao celular e falta de atenção são apontadas como algumas das principais motivações de acidentes nos relatórios feitos pelo órgão. “Já atendemos casos de atropelamentos embaixo de passarelas”, revela o inspetor.

Além disso, na visão de Derickson, contribui para o alto número de acidentes o grande fluxo de veículos. “De 2007 para cá, a frota do Estado dobrou, e a quantidade de efetivo policial não tem acompanhado esse passo, obrigando-nos a trabalhar com a inteligência”, argumenta.

Ainda conforme Derickson, a diminuição dos acidentes na BR-116, do ano passado para este, é relacionada ao uso do radar do tipo pistola. “Reativamos os radares portáteis e isso reduziu o número de acidentes, de feridos e de mortos”, alega, acrescentando que, no mês de abril, um fato histórico foi registrado: apenas um óbito ocorreu na estrada, na RMF, durante todo o mês. A média mensal de mortes neste trecho da BR-116, conforme Derickson, é de dez pessoas. “Muitos acidentes acontecem, mas a vítima não morre, pela velocidade reduzida”, finaliza.

Bruno Mota
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz