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Após atraso: CE começa a explorar 1º poço em água profunda

Sonda Ocean Courage SS-75, da Petrobras, começou a operar no bloco BM-CE-2, a 76 km de Paracuru
O Ceará entrou na rota da exploração de petróleo e gás em águas profundas. Pela primeira vez, o Estado recebe uma perfuração de poços a 1.400 metros de lâmina d´água. A sonda Ocean Courage SS-75, da Petrobras, começou a operar no último sábado (12) no poço exploratório Pecém bloco BM-CE-2, situado na Bacia do Ceará, localizado a cerca de 76 quilômetros de Paracuru, no litoral do Estado.

Segundo a estatal informou em nota, a atividade terá a duração estimada de quatro meses. “Com relação aos requisitos e proteção ao meio ambiente, a Petrobras conta com infraestrutura e equipamentos próprios para atendimento a eventuais emergências durante todas as fases de operação. Atenção navegante, para sua segurança mantenha uma distância mínima de 500 metros da sonda de perfuração”, alertava a nota.

Exploração esperada
De acordo com o presidente do Sindipetro (Sindicato dos Petroleiros dos Estados do Ceará e Piauí), Orismar Holanda, este tipo de perfuração estava previsto “há muito tempo”. “E sempre foi adiada por conta das questões ambientais”, disse. “Essa perfuração deve-se a um trabalho do sindicato, que realizou uma reunião com o governador Cid Gomes em abril. Citamos a necessidade de investimentos da Petrobras no Estado, um deles era essa perfuração que nunca saía porque não tinha licença do Ibama”.

Cronograma atrasado

Em outubro do ano passado, a Petrobras garantia começar a exploração em água profundas ainda em 2011. A informação era de que seriam quatro poços.

Adquiridos na terceira rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), ocorrida no ano passado, os poços estão localizados na Bacia do Ceará, nas concessões chamadas BM-CE-1 e BM-CE-2.

No intuito de definir a área onde os poços seriam perfurados, a empresa realizou estudos com análises de dados geológicos e geofísicos na bacia, concluídos no primeiro trimestre do ano passado, e que indicaram a presença de petróleo líquido, além de não descartarem a possibilidade de presença de jazidas de gás natural. O prazo de concessão concedido no pleito à estatal foi de oito anos, mas teve prorrogação até o ano de 2013.

Atualmente, a Petrobras possui no mar cearense os campos de Curimã, Atum, Espada e Xaréu, todos classificados como rasos e localizados também na Bacia do Ceará, em parte no litoral de Paracuru.

De acordo com informações anteriores da estatal, os dados da perfuração serão “imediatamente comunicados à ANP, respeitando os prazos legais”.

Previsão é especulação

Para Orismar Holanda, qualquer previsão sobre o resultado da exploração é “mera especulação”. Ele, no entanto, não descarta a possibilidade de que seja encontrada uma camada de pré-sal, que refere-se a águas ultraprofundas. “Mas isto não é o que está previsto”, afirmou. “O que estão procurando é petróleo e gás em águas profundas. Nada indica a existência de pré-sal. São apenas suposições”.

Viabilidade

Mas, se confirmada a possibilidade, a descoberta vai “mudar a economia do Estado”, segundo o gestor do Sindipetro. “Se encontrar óleo e gás, o projeto se completa, dependendo da análise, e da viabilidade econômica, será colocada uma plataforma ou navio”, disse. “A viabilidade econômica depende da quantidade e qualidade da jazida. Se for algo que cubra despesas da exploração e dê lucro, será explorada”.

Do Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz