Crato. Embora centenas de alunos tenham reivindicado apoio dos colegas à causa dos professores, que decidiram pelo indicativo de greve na noite de ontem, não houve consenso entre os universitários que estiveram presentes a assembleia realizada no campus do Pimenta, em Crato, na tarde desta quarta-feira (30).
Por volta das 15h30 os alunos começaram a se colocar no pátio de acesso à reitoria. Utilizando uma caixa de som, manifestantes tentavam explicar aos colegas como seria o processo de votação que decidiria pelo apoio ao movimento iniciado pelos professores. Minutos após as primeiras informações, um segundo grupo de universitários, a maioria do curso de Direito, chegou ao local apresentando interesse em reivindicar melhorias à instituição sem que, no entanto, houvesse apoiamento ao indicativo de paralisação pelos docentes.
Houve princípio de desentendimento entre os estudantes. Durante quase duas horas os alunos apresentaram teses distintas em relação ao caso. Esgotado o prazo para apresentação das argumentações a votação foi iniciada. O resultado da votação gerou insatisfações e muitas dúvidas em relação há necessidade da deflagração da greve. Metade dos alunos votaram pelo apoio aos docentes enquanto que os outros 50% decidiu não apoiar o movimento grevista.
A greve dos professores, caso realmente ocorra, resulta numa série de reivindicações da categoria, dentre elas: a convocação e a nomeação dos professores aprovados no último concurso, realização de concurso para professor efetivo, regulamentação do Plano de Cargos, carreira e Vencimentos (PCCV); equiparação salarial dos professores substitutos com os efetivos, além de outras questões.
Os alunos também possuem reivindicações. Eles cobram melhorias na infraestrutura dos campi da universidade que, conforme dizem, não possuem quaisquer condições para que aulas sejam ministradas. Alguns, inclusive, afirmam que há falta de energia em alguns locais e, até mesmo no restaurante universitário, os problemas se acumulam.
A universitária Eudiane Pinheiro, aluna do segundo período do curso de Educação Física, avalia que a situação não é das melhores. Segundo afirma, na semana passada ela e os colegas foram expulsos das dependências do Crato Tênis Clube onde algumas disciplinas do curso eram ministradas por causa no atraso de alugueis devidos pela instituição educacional.
“O semestre inteiro foi convidado a se retirar do clube. Uma coisa absurda”, avalia. A acadêmica ainda informa que não há bloco para realização do ensino da disciplina. O curso de Educação Física estaria sendo ministrado no mesmo local onde funcionam as aulas do curso de Pedagogia. “Se por acaso transferirem o curso para o período noturno ninguém mais terá como estudar. Não haverá local. O curso de Educação Física não possuí infraestrutura alguma para funcionamento”, garante a estudante.
Integrante do Centro Acadêmico do curso de enfermagem, a universitária Elka Miranda, diz que já houve casos de colegas levados ao Hospital Regional do Cariri (HRC) devido a falta de infraestrutura nas salas de aula onde o curso funciona. “Teve colega nosso no curso que precisou ser levado as pressas ao HRC porque estava passando mal devido o calor na sala. Não existe refrigeração nas salas do curso de enfermagem. O calor que a gente enfrenta é insuportável”, afirma.
Após a contagem de votos, cujo resultado não garante apoio ao professorado, os universitários decidiram acampar na sala de acesso ao gabinete da reitora e do vice reitor da universidade. Pelo menos cinquenta alunos pernoitarão no local. Amanhã, por volta das 8 horas,
haverá uma nova assembleia onde os que apoiam a greve do professorado irão procurar convencer os dissidentes ao mesmo propósito.
Fonte: Diário do Nordeste
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