Morar em uma cidade e concentrar atividades profissionais e escolares em outra tem sido um fenômeno cada vem mais comum nos grandes centros urbanos brasileiros. Na capital cearense, por exemplo, 115 mil pessoas entram e saem do município, regularmente, por motivo de estudo ou trabalho. A informação resulta da pesquisa “Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem, tendo como base o Censo de 2010.
O maior fluxo de alunos e trabalhadores do Ceará ocorre entre Caucaia e Fortaleza. Ao todo, 52.640 pessoas partem do município da Região Metropolitana, com destino à Capital, devido a um destes motivos, ou os dois.
O advogado Fernando Pinto faz este trajeto diariamente, desde que iniciou a faculdade, há seis anos. Hoje, ele mantém boa parte de suas atividades longe de onde mora, visando à praticidade nos deslocamentos. Trabalho, academia, pós-graduação e atividades de lazer são realizadas na Capital, enquanto a residência fica na cidade vizinha.
“Antes encarava como desvantagem o maior gasto de combustível e de tempo. Mas, como já virou costume, nem percebo mais esses problemas. Tenho como hábito sair mais cedo de casa e procuro mudar meus caminhos, para evitar engarrafamentos. Como ponto positivo, destaco as atividades de qualidade a que tenho acesso, e que na minha cidade não tem”, explica.
Percurso
O segundo maior trânsito de trabalhadores e estudantes no Estado ocorre de Maracanaú para a Capital. Corriqueiramente, 23.023 pessoas fazem o percurso entre uma cidade e outra.
Os deslocamentos entre cidades no entorno de Fortaleza, por motivo de trabalho ou estudo, acontecem sobretudo em oito locais: Aquiraz, Eusébio, Itaitinga, Pacatuba, Maracanaú, Maranguape e Caucaia, além da Capital. Um total de 133.438 pessoas transporta-se, frequentemente, entre estes municípios.
Para o pesquisador Maurício Gonçalves, do IBGE, o estudo elaborado pelo órgão tem o papel de orientar gestores públicos e dirigentes do setor econômico, para que possam avaliar medidas. “Pode ajudar na elaboração de planejamentos de políticas públicas e, também, para empresas, dando a noção de qual a população envolvida em determinado município, que muitas vezes não é só a população do próprio município”, avalia o pesquisador do IBGE.
No Ceará, também destacam-se os arranjos populacionais de Juazeiro do Norte, com três municípios envolvidos, e Sobral, com dois municípios.
Em nível nacional, a maior taxa de deslocamento urbano ocorre em São Paulo, que agrega 36 municípios, movimentando 1,75 milhão de pessoas. Em todo o Brasil, 7,4 milhões de cidadãos se deslocam da cidade onde moram para trabalhar ou estudar em cidades vizinhas.
Bruno Mota
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste
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