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Papa Francisco tem encontro com Castro no Vaticano

O líder cubano participará de uma reunião estritamente privada com o pontífice, que foi intermediário das conversas entre Raúl Castro e o presidente americano, Barack Obama. Em setembro, será a vez de Francisco retribuir a visita do presidente de Cuba durante viagem a Havana FOTO: REUTERS
O líder cubano participará de uma reunião estritamente privada com o pontífice, que foi intermediário das conversas entre Raúl Castro e o presidente americano, Barack Obama. Em setembro, será a vez de Francisco retribuir a visita do presidente de Cuba durante viagem a Havana
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Cidade do Vaticano. O presidente de Cuba, Raúl Castro, será recebido, neste domingo, no Vaticano pelo papa Francisco. O líder cubano participará de uma reunião estritamente privada com o pontífice, que foi protagonista na retomada do diálogo entre Havana e Washington.

“Como sabemos, o presidente Raúl Castro agradeceu publicamente ao papa pelo seu papel desempenhado na reaproximação entre Cuba e Estados Unidos”, declarou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.

Esta é a segunda visita de um presidente cubano ao Vaticano. Em novembro de 1996, Fidel Castro visitou o papa João Paulo II e os dois deram um histórico aperto de mãos. Em 1998, pela primeira vez um papa viajou a Cuba. João Paulo II visitou a Ilha e deixou a mensagem: “que Cuba se abra ao mundo e o mundo se abra a Cuba”.

A relação entre Havana e a Santa Sé passou por momentos de crise e tensões desde os primeiros anos da Revolução Cubana, mas as relações diplomáticas existem desde 1935.

O papa Francisco foi intermediário das conversas entre Raúl e o presidente americano, Barack Obama. Durante mais de um ano, a Igreja Católica proporcionou secretamente suas instalações para reuniões entre altos funcionários de Washington e Havana, em um processo que levou ao anúncio histórico de 17 de dezembro sobre o início do processo para restabelecer os laços diplomáticos.

No mês passado, o Vaticano havia afirmado que o papa visitaria Cuba em setembro – após ter recebido um convite de Havana e da Igreja Católica Romana de Cuba -, antes de fazer uma visita aos EUA.

A viagem de Francisco a Cuba e aos Estados Unidos servirá para legitimar de forma irrefutável o processo de aproximação entre dois antigos adversários, avaliaram, em Washington, acadêmicos cubanos.

Laços bilaterais

Esta visita “será um feito histórico que dará legitimidade ao processo de restabelecimento das relações e também à valentia dos dois países em dar este passo”, avaliou o advogado cubano especialista em ciências políticas, Roberto Veiga, durante coletiva de imprensa na capital norte-americana.

Mas, “esta visita dará legitimidade também ao processo interno em Cuba”, que nos últimos anos se moveu em direção a uma tímida abertura e à modernização econômica, disse Veiga, um dos responsáveis pelo círculo de reflexão política “Cuba Posible”, sediado em Havana.

Segundo Veiga, o papa Francisco promove um discurso centrado na humildade, na horizontalidade e na tolerância, conectando-se diretamente com as aspirações dos cubanos.

O sociólogo cubano Leiner González, lembrou que “Cuba passou de ser um país ignorado pelos papas, ao receber a visita dos três últimos” pontífices em menos de 20 anos e destacou que Bento XVI, antecessor de Francisco, esteve em Havana em apoio declarado à incipiente abertura econômica.

O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, disse que a visita do papa a Cuba será “memorável”. “A presença de Sua Santidade em Cuba será memorável”.

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz