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Papa diz que Cúria tem ‘alzheimer’

Em seu discurso anual aos membros do governo da Igreja, o pontífice afirmou que o alto clero católico sofre de "infidelidades ao Evangelho" FOTO: REUTERS
Em seu discurso anual aos membros do governo da Igreja, o pontífice afirmou que o alto clero católico sofre de “infidelidades ao Evangelho”
FOTO: REUTERS

Cidade do Vaticano. O papa Francisco elaborou ontem uma lista de “doenças” que ameaçam a Cúria, entre elas o que chamou de “alzheimer espiritual”, em um discurso de uma severidade sem precedentes, no qual condenou as rivalidades, as calúnias e as intrigas.

Em seu discurso anual aos membros do governo da Igreja, o papa afirmou que, “como qualquer corpo humano”, a Cúria sofre de “infidelidades ao Evangelho” e de “doenças que precisa aprender a curar”. Depois anunciou que vai divulgar “um catálogo” das doenças e necessidade para que a Cúria “seja cada vez mais harmoniosa e unida”.

O papa citou “doenças”, usando expressões fortes como, além de “alzheimer espiritual”, “terrorismo do falatório”, “esquizofrenia existencial”, “exibicionismo mundano”, “narcisismo falso” e “rivalidades pela glória”. “A cura é o fruto da tomada de consciência da doença”, concluiu o papa, pedindo que os bispos e cardeais se permitam que o Espírito Santo inspire suas ações, invés de confiar apenas em suas capacidades intelectuais.

“Os padres são como aviões. Estão na primeira página quando caem”, acrescentou. Depois deste discurso, recebido como uma ducha fria, Francisco saudou um a um todos os cardeais, em um ambiente tenso, apesar das amabilidades de fachada.

‘Cobiça e poder’

Os principais administradores do Vaticano esperavam uma troca de gentilezas no encontro anual de Natal com o papa Francisco ontem, mas o pontífice escolheu a ocasião para fazer um alerta duro, afirmando que o carreirismo e a cobiça contaminaram a cúpula da Igreja.

Francisco, primeiro papa não europeu em 1.300 anos, recusou muitas das regalias do cargo e deixou claro estar determinado a levar a Igreja para mais perto de seus 1,2 bilhão de membros.

Reformas

Com esse propósito, o papa tem planos de reformar a Cúria, cujas disputas de poder e vazamentos de informações foram considerados os motivos que levaram Bento XVI a se tornar o primeiro papa a renunciar em seis séculos, no ano passado.

“A Cúria precisa mudar, melhorar… Uma Cúria que não se critica, que não se atualiza, que não tenta melhorar, é um órgão doente”, disse o papa.

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz