Nicolás Maduro é eleito na Venezuela

O aliado de Hugo Chávez liderou as pesquisas de opinião com folga, mas o resultado mostrou uma disputa acirrada Caracas Nicolás Maduro é o novo presidente da Venezuela. Com 50,66% dos votos, o herdeiro político do ex-presidente Hugo Chávez, morto em março, conquistou a Presidência do país e vai governar a Venezuela até 2019, dando continuidade ao mandato iniciado em 10 de janeiro. Maduro, presidente interino do país, derrotou o principal candidato da oposição, Henrique Capriles, que obteve 49,07% dos votos. Nicolás Maduro, após ter a vitória confirmada, pediu que a oposição aceite a vontade popular e prometeu ´fortalecer a revolução bolivariana´ FOTO: REUTERS Em uma disputa apertada, onde compareceram 78,71% dos eleitores – o voto não é obrigatório na Venezuela – Maduro conquistou 7.505.338 votos e Capriles recebeu 7.270.403 votos. O resultado foi anunciado pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral), que disse que 99,12% das urnas já haviam sido apuradas. Em discurso feito logo depois do anúncio do resultado, no Palácio de Miraflores, Maduro disse que confia no sistema eleitoral da Venezuela e que o resultado deve ser respeitado. O presidente eleito pediu que a oposição aceite os resultados, sem arrogância. Diante de um possível pedido de auditoria feito pelo candidato derrotado, ele pediu que o procedimento seja feito, “para que não fique dúvida dos resultados”. Logo após o resultado, Maduro disse ainda que pretende fortalecer a ´revolução´. “Vamos construir um governo poderoso, do povo e também uma nova, ampla e poderosa maioria da revolução bolivariana”. De acordo com a emissora Telesur, ele toma posse no próximo dia 19 de abril. Tensão A Venezuela teve neste domingo uma jornada eleitoral sem maiores incidentes, mas marcada pela tensão política devido às insinuações de vitória feitas tanto pela campanha de Nicolás Maduro, como pelos aliados do opositor Henrique Capriles. Mesmo antes do boletim oficial, o chefe da campanha chavista, Jorge Rodríguez, convocou eleitores ao palácio presidencial para esperar pronunciamento de Maduro. Com sorriso, afirmava que os governistas “defenderão” o resultado nas ruas e com os instrumentos da Constituição, mesmo que a diferença fosse apenas de um voto. Enquanto isso, Capriles, em sua conta de Twitter, fez uma grave acusação ao CNE (Conselho Nacional Eleitoral), ao afirmar que as autoridades estariam permitindo votos após o encerramento de mesas. Às 19h30 (21h em Brasília), Capriles publicou em seu Twitter uma mensagem na qual pedia o fechamento imediato das mesas de votação, dizendo que havia eleitores votando mesmo em mesas que já tinham sido fechadas. No minuto seguinte, Capriles escreveu: “alertamos ao país e ao mundo a intenção de querer mudar a vontade expressada pelo povo”. Os dois comandos de campanha se acusaram mutuamente de irregularidades. Os governistas acusaram os oponentes de hackear a conta de Twitter do presidente interino. Já os antichavistas relataram denúncias de grupos que estariam intimidando eleitores oposicionistas nos centros eleitorais. Por Chávez Maduro teve como estratégia de campanha apresentar o voto em sua candidatura como cumprimento do “último desejo” de Hugo Chávez, algo repetido pela maioria de seus eleitores em Caracas, capital do País. O ex-chanceler foi votar, ontem, acompanhado da mulher, a também dirigente chavista Cília Flores, e da família do mandatário morto, liderada pelo atual vice-presidente, Jorge Arreaza, casado com a filha mais velha do esquerdista, Rosa Virgínia. “Minha vida nos últimos 21 anos fiz ao redor de um sonho de um homem, de um gigante. Hoje, quando amanheceu, amanheci com ele, com seu pensamento, com seu canto, com sua obra”, disse num centro de votação no bairro de Cátia, região empobrecida da capital venezuelana. “A história continua. O povo é garantia”, respondeu Maduro, antes da vitória ser confirmada. No decorrer da campanha, ele sempre falava em vitória contundente, mas ontem, diante do clima de acirramento que tomou as ruas de Caracas, foi comedido: “se chegar a perder por um voto, perco. Mas, se ganhar por um voto, ganho e vou ser presidente da Venezuela”. Num discurso inusual para um chavista, o mandatário interino de 50 anos prometeu fortalecer a economia combalida pela alta inflação e pelo desabastecimento atraindo mais investimentos, incluindo os externos, “para desenvolver a indústria mista, pública e privada, pequena, média e grande”. Do Diário do Nordeste
Zeudir Queiroz

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