O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, disse que o grupo extremista está “fugindo para o sul” de Gaza.
Israel disse, nesta segunda-feira (13), que o Hamas “perdeu o controle de Gaza”, no 38º dia do conflito com o movimento islamista, uma guerra que deixou milhares de deslocados em condições “desumanas” em vários hospitais do pequeno território palestino.
O Hamas, no poder desde 2007, “perdeu o controle de Gaza” e seus combatentes estão “fugindo para o sul” desse território, disse, nesta segunda, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, em um vídeo exibido pelas principais redes de televisão.
No hospital de Al Shifa da Cidade de Gaza, o maior do território, “a situação é muito grave, é desumana”, alertou a Médicos Sem Fronteiras (MSF) na rede X (antigo Twitter), citando um dos seus cirurgiões presentes no complexo.
Durante dias, os enfrentamentos entre combatentes do Hamas – considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e a União Europeia – e soldados israelenses se concentraram na Cidade de Gaza.
O corpo de saúde não conseguiu recuperar os mortos e feridos nas ruas próximas, segundo o médico.”Não temos eletricidade, nem comida, nem água no hospital”, disse.
Mariam Jadallah, de 63 anos, explicou a um jornalista da AFP que havia sido evacuada à força do Al Shifa, depois que, no sábado (11), o Exército israelense destruiu uma clínica sueca localizada ao oeste da Cidade de Gaza. “Primeiro, dormimos na rua, depois fui com outras seis mulheres e várias crianças” ao Al Shifa, disse. “Agora estou ali e não sei onde estão meus filhos e meus familiares”.
Segundo o Hamas, vários doentes e bebês morreram pela falta de eletricidade no hospital, que abriga cerca de 600 pacientes e milhares de civis que buscam abrigo.
Por sua vez, o presidente americano, Joe Biden, instou a proteger essa unidade de saúde e disse que as ações de Israel devem ser “menos invasivas”.
“Escudos humanos”
Israel bombardeia incessantemente a Faixa de Gaza desde o ataque realizado pelo movimento islamista palestino Hamas em 7 de outubro. Desde 27 de outubro, Israel realiza uma operação terrestre com o objetivo de “aniquilar” o movimento islamista.
Do lado israelense, cerca de 1.200 pessoas morreram, segundo as autoridades, a grande maioria deles civis mortos no mesmo dia do ataque, de uma magnitude e violência inéditas desde a criação do país em 1948. O Exército israelense, que, nesta segunda, informou que 44 soldados morreram desde o início da guerra, estima que cerca de 240 pessoas foram tomadas como reféns na Faixa de Gaza em 7 de outubro.
No domingo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, levantou a possibilidade de um acordo para liberar alguns dos reféns, uma condição indispensável, segundo ele, para qualquer possibilidade de cessar-fogo. Na Faixa de Gaza, os bombardeios israelenses mataram 11.240 pessoas desde 7 de outubro, em sua maioria civis, incluindo 4.630 crianças, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
O Exército israelense acusa o movimento islamista palestino de ter instalado uma rede de túneis sob o hospital Al Shifa e de utilizar doentes e refugiados como “escudos humanos”. O vice-ministro da Saúde do governo do Hamas, Yusef Abu Rich, disse à AFP nesta segunda-feira que “sete bebês prematuros” e “27 pacientes sob cuidados intensivos” haviam morrido desde sábado devido à falta de eletricidade nesse hospital.
A situação também é dramática no hospital Al Quds, em outra região onde são travados combates, segundo o Crescente Vermelho Palestino. “Nossas equipes estão presas com pacientes e feridos, sem eletricidade, água e comida”, disse a organização no X.
“O mundo não pode permanecer em silêncio quando os hospitais, que deveriam ser refúgios de paz, se transformam em cenários de morte, devastação e desespero. Cessar-fogo agora”, disse o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“Legitimidade” das operações
Há semanas, a ONU pede que se entregue combustível ao sitiado território palestino privado de eletricidade, em particular, para o funcionamento de geradores em hospitais. Devido à falta de gasolina, os caminhões da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNWRA) não poderão receber ajuda internacional do Egito pelo posto fronteiriço de Rafah na terça-feira, anunciou seu chefe, Thomas White, na rede X.
Israel nega-se a permitir a entrada de combustível em Gaza, assegurando que poderia beneficiar as operações militares do Hamas.
O chefe da diplomacia israelense, Eli Cohen, admitiu nesta segunda que seu país deve se esforçar para estender a “legitimidade” das operações militares ante a crescente pressão internacional.
Ainda nesta segunda, o Exército anunciou que “continuou realizando ataques, mirando infraestruturas terroristas instaladas em edifícios governamentais e civis, como escolas, universidades e mesquitas”. Ainda assim, um porta-voz militar, Richard Hecht, assegurou no X: “nossa guerra é contra o Hamas, não contra a população de Gaza”.
Quase 200.000 palestinos, segundo o Exército israelense, fugiram em três dias, até sábado, rumo ao sul da Faixa, onde centenas de milhares de deslocados se encontram amontoados em condições humanitárias extremas. Segundo a ONU, ao redor de 1,6 dos 2,4 milhões de habitantes do território foram deslocados pela guerra.
Fonte: /www.correiobraziliense.com.br/
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