Confronto entre sunitas e xiitas agrava quadro de violência no Oriente Médio

Enquanto Rússia e Estados Unidos concordam sobre “como eliminar as armas químicas da Síria”, segundo afirmou o presidente russo, Vladimir Putin, nesta terça-feira, após reunião com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, o quadro de violência se agrava no conflito entre xiitas e sunitas, no Oriente Médio. Na guerra civil síria, um acordo entre norte-americanos e russos abre uma janela para o fim do conflito armado, enquanto civis tentam retomar, ainda que de forma tímida, o diálogo entre as diferentes facções em atividade no país. – Nós temos um entendimento comum sobre o que precisa ser feito e como. Estou muito feliz que o presidente (Barack) Obama esteja tomando essa posição (sobre as armas químicas) – disse Putin a jornalistas no final do cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico na ilha indonésia de Bali. Especialistas internacionais encarregados de iniciar o processo de verificação e eliminação das armas químicas chegaram à Síria no início deste mês. A Rússia, aliada de longa data da Síria e fornecedora de armas ao país, se ofereceu para ajudar no processo de destruição. Putin disse que acredita que os peritos da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) será capaz de realizar o objetivo de eliminar as armas químicas da Síria dentro de um ano. – Nós e os norte-americanos, toda comunidade internacional, confiamos neles. Se eles estão dizendo que é possível fazer isso em um ano, então que assim seja – disse ele. A equipe de especialistas, apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU), tem o objetivo de supervisionar a destruição da linha de produção de armas químicas da Síria e equipamento de mistura a partir de 1º de novembro, e lidar com todos os materiais de armas químicas até o final de junho de 2014. Putin elogiou a Síria pela cooperação com o plano para destruir seu arsenal químico, um acordo mediado por Moscou e Washington no mês passado em meio a uma possibilidade de ataques militares dos EUA contra as forças do presidente sírio, Bashar al-Assad. Explosões Na noite passada, bombas explodiram em diferentes pontos da capital iraquiana, Bagdá, matando pelo menos 38 pessoas, informou a polícia. Oito das 10 explosões ocorreram em bairros de maioria xiita, mas também houve explosão em uma área mista e outra no bairro predominantemente sunita de Doura. No ataque mais violento, um carro-bomba estacionado explodiu em uma rua comercial em Husseiniya, matando cinco pessoas, informou a polícia. Não houve reivindicação imediata de responsabilidade pelos ataques. Insurgentes sunitas, incluindo a Al Qaeda, têm recuperado força este ano em uma campanha para desestabilizar o governo xiita do Iraque e fomentar conflitos étnicos. Mais de 6.000 pessoas foram mortas em todo o país este ano, de acordo com o grupo de monitoramento Iraq Body Count, revertendo um declínio na violência sectária que atingiu seu clímax em 2006-07. A guerra civil na vizinha Síria aumentou a pressão sobre o delicado equilíbrio sectário no Iraque, que já enfrentava instabilidade devido a rixas políticas entre sunitas, xiitas e curdos. Cabeça a prêmio Longe de alcançar uma situação de calmaria, desde a morte do líder Muammar Gaddafi, militantes líbios propuseram sequestrar cidadãos norte-americanos em Trípoli e realizar ataques a gasodutos, navios e aviões para vingar a prisão de um alto membro da Al Qaeda, integrada por muçulmanos sunitas, capturado no fim de semana por forças especiais dos EUA na Líbia. Nazih al-Ragye, mais conhecido como Abu Anas al-Liby, é suspeito de envolvimento nos atentados de 1998 contra as embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, que mataram 224 civis. Ele foi capturado no sábado numa rua de Trípoli, e está sendo mantido a bordo de um navio da Marinha norte-americana no mar Mediterrâneo, segundo autoridades dos EUA. Mensagens de militantes líbios divulgadas na Internet e monitoradas pelo serviço Site incluem uma página doFacebook chamada “Benghazi está protegida por seu povo”. Ela sugere que os líbios fechem os acessos à capital e sequestrem cidadãos dos EUA e de países aliados, para poder trocá-los por militantes presos. O texto sugere também ações contra os dutos que exportam gás para a Europa, e que ataquem aviões e navios. “A Líbia hoje ainda é um lugar de descrença, que está dominada por algo além da sharia (lei islâmica) de Alá; portanto, não há segurança para os descrentes aqui”, disse a mensagem. Em outro texto, postado em fóruns e redes sociais, o grupo intitulado “Os Revolucionários de Benghazi — Al Bayda, Derna” condenou a captura do dirigente da Al Qaeda. Ele acusa os governantes líbios de terem conhecimento prévio da operação, embora o primeiro-ministro Ali Zeidan tenha dito no fim de semana que seu governo cobrou explicações de Washington. Desde a deposição do ditador Muammar Gaddafi, em 2012, militantes islâmicos – inclusive grupos ligados à Al Qaeda – usam o território líbio para contrabandear armas e como base para combatentes. As autoridades dos EUA ofereciam uma recompensa de US$ 5 milhões pela cabeça de Liby. Fonte: Correio do Brasi
Zeudir Queiroz

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