Seminário em Juazeiro do Norte promoveu intercâmbio com técnicos de língua portuguesa
Juazeiro do Norte. Com a finalidade de firmar um projeto de cooperação técnica, foi realizado o I Encontro de Intercâmbio Técnico dos Países de Língua Portuguesa no Âmbito da Convenção das Nações Unidades para o Combate à Desertificação. Uma parceria de trabalho com a Universidade Federal do Cariri (UFCA), juntamente com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), e outras instituições, aconteceu na última quarta-feira, a abertura do Seminário Internacional “Convivência com o Semiárido: desafios e possibilidades no âmbito das ações para o combate à desertificação”.
Integrantes de nove países estiveram reunidos durante três dias de debates e conhecendo experiências bem sucedidas no Semiárido. Praticamente, todos os projetos visitados pelo grupo de participantes, estão na área da Chapada do Araripe.
Com o projeto, inicialmente se prevê o intercâmbio de pesquisadores bolsistas no âmbito dos países inseridos nos debates, como forma de promover a interatividade e compartilhamento de experiências e convivência em áreas de desertificação. Com este primeiro encontro no Brasil, o segmento de trabalho estará voltado para a formação técnica, com programa de bolsas para levar estudantes e professores aos países de língua portuguesa de vários continentes. A meta é poder trabalhar junto às universidades e principalmente a UFCA, que aderiu à proposta de trabalho, numa estratégia de formação, justamente na região onde há muitas experiências de projetos já consolidados.
O seminário realizado em Juazeiro do Norte integra a programação do I Encontro de Intercâmbio Técnico, com atividades que ocorrem desde o último dia 16, e se estendem até o dia 27, nos Estados do Ceará, Pernambuco e Paraíba. No Cariri cearense, a programação começou na quarta-feira, com a palestra magna sobre o papel da universidade na construção de culturas, proferida pelo vice-reitor da UFCA, Ricardo Ness, no campus de Juazeiro do Norte. Em Barbalha, foram realizadas palestras, onde a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), institutos e agências dos países de Língua Portuguesa debateram sobre cooperações técnicas. Os movimentos sociais que atuam no combate à desertificação também desenvolveram atividades.
Promoção
A primeira edição do Encontro de Intercâmbio é uma promoção do Ministério do Meio Ambiente, Comissão Nacional de Combate à Desertificação, Instituto Nacional do Semiárido, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, UFCA, Unilab e Fundação Araripe.
Os nove países que falam a língua portuguesa estão se integrando para firmar um protocolo de cooperação técnica até o fim do encontro, para que experiências de desenvolvimento sustentável em áreas do Semiárido sejam compartilhadas entre os países. Dois representantes de cada um deles e diversas instituições brasileiras que já atuam com os projetos estiveram reunidas durante a semana para debater questões voltadas para a inserção do desenvolvimento na área da pesquisa, com atuação de pesquisadores e estagiários nesses países.
O representante do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Campelo, destacou a realização do encontro no Ceará e, em especial, no Cariri, onde estão sendo apresentadas aos participantes mais de 90% das experiências do Semiárido. Na região, os grupos de trabalho estiveram em cidades como Jati e Jardim, para ver projetos como o de manejo florestal, onde sobrevivem com as produções locais dezenas de famílias. Ainda conforme o representante do MMA, o encontro nasceu com a finalidade de desenvolver um projeto regional, que inclua os países de diversos continentes que tenha a língua como plataforma.
Nesse caso, o português passou a prevalecer para alguns países presentes em parte da África, Europa e ainda na Ásia, e na América do Sul. O outro aspecto seria trabalhar a questão de desertificação por meio de uma estratégia de convivência. “Resgatar e difundir as boas práticas de produção sustentável, que permita estar produzindo sem degradar e, com isso, de fato, fazendo o combate à desertificação”, diz. No caso do Brasil, ele observa que a atuação tem sido intensa, principalmente com o uso da biodiversidade em base sustentável e essa experiência é pouco visualizada. Essa realidade justificou ainda a realização, que seria uma forma de oportunizar essa percepção e esse contato com essas experiências que estão atualmente sendo executadas, em assentamentos de reforma agrária, comunidades tradicionais ou pequenos produtores da agricultura familiar. Camelo ainda ressalta que o evento tem uma preocupação em formar quadros técnicos.
Visitas
Diversas experiências foram visitadas, na região da Chapada do Araripe, a exemplo de um manejo florestal no assentamento no município de Jati, com cerca de 8 mil hectares e mais de 100 famílias. Cerca de 2 mil ha do local estão destinados ao manejo florestal sustentável. Os moradores da localidade chegam a tirar uma renda de mais de R$ 1 mil por mês da atividade florestal. “Ou seja, mantendo a paisagem, sem degradar o meio ambiente e vivendo da biodiversidade”, frisa.
Outra experiência conhecida pelos participantes esteve relacionada à segurança hídrica e alimentar, na área do Araripe pernambucano, próximo ao município de Ouricuri, onde foram apresentadas técnicas de conservação de solo e de água, as cisternas e produção, barragens de trincheiras e subterrâneas, os quintais produtivos, pequenos sistemas agroecológicos, além das comunidades que vivem da produção não madeireira da floresta. A única experiência que não foi mostrada na região, mas que já existe um projeto iniciado, está relacionada à conservação do solo, que é importante ser percebida, mas demanda tempo para isso.
São 18 participantes dos países, incluindo representantes pontuais, a exemplo de um técnico e outro integrante que esteja ligado à área da ciência e pesquisa. No Brasil, o representante focal técnico é o do MMA e um correspondente científico, que é do Instituo Nacional do Semiárido. Estiveram presentes os países Timor Leste, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Portugal, Moçambique, Angola, Guiné Equatorial, Guiné Bissau e Brasil. Esse é o primeiro encontro dos pontos focais da convenção de combate à desertificação dos países de língua portuguesa. (E.S)
Fonte: Diário do Nordeste
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