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MP-CE propõe nova proibição de torcidas organizadas nos estádios de Fortaleza

Organizadas do Fortaleza entraram em conflito no Castelão
Organizadas do Fortaleza entraram em conflito no Castelão

Em maio de 2013, a Justiça acatou ação do Ministério Público do Estado do Ceará (MP-CE) para proibir a entrada de três torcidas organizadas cearenses nos estádios. Duas destas eram do Fortaleza (Torcida Uniformizada Tricolor e Jovem Garra Tricolor) e uma do Ceará (Cearamor). A determinação foi revogada em julho de 2015. Neste período, pouca coisa mudou quanto aos casos de violência em jogos dos dois principais clubes do Estado. Mas devido ao conflito entre TUF e JGT na última quarta-feira, 9, a medida contra a presença das organizadas nos eventos esportivos deve voltar para o Clássico-Rei do próximo domingo.

Na tarde desta quinta-feira, 10, o promotor de Justiça e coordenador do Núcleo de Desporto e Defesa do Torcedor (Nudetor), Francisco Xavier Barbosa Filho, entrou com ação civil na 36ª Vara Cível de Fortaleza com o objetivo de estabelecer o retorno da suspensão.

“A Justiça concedeu no primeiro momento a suspensão das três torcidas, em 2013. Acontece que, em julho do ano passado, foram suspensos os efeitos da liminar. Estamos pedindo o restabelecimento dos efeitos da liminar”, explicou Francisco Xavier em coletiva realizada nesta quinta-feira na sede do Ministério Público Estadual.

Para o promotor, a ação deve valer já para o primeiro encontro entre Ceará e Fortaleza no ano, às 18 horas do próximo domingo, 13, no Castelão. Proibindo pelo menos a presença das organizadas coletivamente, diz Xavier, já é um passo importante na tentativa de combater a ação destes grupos. “A preocupação maior nossa é buscar no Poder Judiciário e também na Federação Cearense de Futebol (organizadora do campeonato) uma medida que possa ter efetividade, evitando o ingresso dessas torcidas no Clássico-Rei”

“Essa é uma petição para que se restabeleça os efeitos da liminar, proibindo o ingresso para as torcidas organizadas. Você dá um impacto na torcida. Pelo menos tira aquela ideia de que há uma manifestação de que os seus atores estão lá. Precisamos sensibilizar a juíza responsável diante da gravidade que é essas torcidas permanecerem livres e soltas para protagonizar esse espetáculo de selvageria”, afirmou o coordenador do Nudetor.

Apesar de ser tratada como diagnóstico, a suspensão das organizadas não proíbe que seus membros vão ao estádio. A proibição se restringe à entrada de maneira organizada – com faixas, camisas, instrumentos musicais e outros adereços. Diante disso, o MP-CE reconhece deficiências na fiscalização durante as realizações de jogos.

“Os torcedores infratores devem ficar impedidos de frequentar as praças esportivas. Acontece que esse controle é deficitário. Hoje não temos condições, pois não existem formas de identificação, seja por cadastro ou biométrica, nem de qualquer natureza”, aponta o promotor. Francisco Xavier destaca que a implantação de formas realmente eficientes para tratar a questão já foram pensadas, mas esbarram na discussão de custos entre Poder Público e iniciativa privada, no que diz respeito aos clubes e sobre quem deverá assumir os gastos nos investimentos.

O membro do Nudetor afirma, ainda, que o trabalho das polícias Militar e Cívil se torna dificultado pela falta de condições de trabalho. Segundo ele, o Batalhão de Eventos não tem como dar conta de um jogo de grande proporção como um Clássico-Rei. Tanto por questão de efetivo, quanto por contextos de ação no estádio – quando, por exemplo, é preciso coibir vândalos e ao mesmo tempo proteger torcedores inocentes.

“Nós temos a Polícia miliar, ostensiva, como também a Polícia civil, nas investigações. Não podemos achar que o Ministério Público é obrigado a fazer tudo sem exigir que esses organismos façam a sua parte”, expôs.

Para tentar ampliar a discussão quanto ao combate aos casos de violência nos estádios cearenses, o Ministério Público do Ceará vai realizar reunião, na tarde desta sexta-feira, 11, às 14h30min, com secretário de Segurança do Estado do Ceará, Delci Teixeira, para falar dos problemas logísticos de segurança e apreensão de torcedores infratores, além de ampliar o debate sobre as organizadas.

Fonte: http://esportes.opovo.com.br/

Zeudir Queiroz