Dois anos após garantir permanência na elite nos tribunais, diretoria promete parar Estadual se time não se salvar
Rebaixado do Campeonato Cearense ao ser derrotado pelo Quixadá, no último domingo, por 1 a 0, o Ferroviário tirou seus jogadores de campo no Estadual, mas já escalou os seu time de advogados para tentar se manter na elite do futebol local. Se não bastasse a virada de mesa, o Tubarão da Barra ainda espera chegar ao G-4 e suspender de forma liminar a competição.
O dia seguinte ao descenso foi de acusações de irregularidades, boa parte delas partiram do vereador (PMDB) e conselheiro do clube, Carlos Mesquita. O parlamentar afirma que há vários jogadores atuando de forma irregular no Estadual e cobra punição a todos os infratores.
“Posso garantir que o Ferroviário não cai. Há jogadores irregulares no Guarani de Juazeiro Icasa e Itapipoca, o que nos garante até no G-4. Pediremos os pontos e entraremos na Justiça para suspender o campeonato liminarmente”, ressaltou Mesquita.
O conselheiro coral se refere aos atletas Henry Kanu, do Icasa, e Djalma, do Itapipoca. Pelas acusações de Mesquita, o icasiano, de origem nigeriana, estaria sem o visto brasileiro de trabalho. Enquanto que o jogador do Garoto Travesso estaria em débito com uma suspensão.
Carlos Mesquita salientou ainda que, caso nenhuma das situações dê o resultado desejado ao time da Barra do Ceará, ele irá revelar que há até uma equipe disputando o Campeonato Cearense de forma irregular.
“Não vem ao caso revelar o nome agora, estamos certo que tem um time no Cearense que não poderia entrar em campo”, acrescentou, sem dar mais detalhes acerca da insinuação.
Apoio da diretoria
Procurados pela reportagem, o presidente do Ferroviário, Edmilson Júnior, e o vice, Evandro Ferreira Gomes, se mostraram um pouco mais cautelosos com as acusações, contudo, se mostraram de acordo com tudo o que o vereador apontou após o rebaixamento do domingo.
“Estamos cientes de algumas supostas irregularidades desde a semana passada. Comunicamos nosso setor jurídico e ainda esperamos um posicionamento. Só vamos agir mediante o parecer de nossos advogados”, esclareceu Ferreira Gomes. “Há uma onda grande de mentiras e boatos. Não tenho certeza em relação a todos os nomes que foram citados”, concluiu.
Perguntado se o conselheiro fala pelo clube, o vice-presidente garantiu que sim. “Mesquita é um conselheiro nato, título que damos aos ex-presidentes, e sim, ele fala oficialmente pela instituição. Ele tem autoridade para se pronunciar”, pontuou.
Para o mandatário coral, o Ferroviário deve se segurar em tudo o que possa beneficiá-lo e, se há falhas em outras equipes, o time de Elzir Cabral tem direito de buscar o cumprimento das leis esportivas.
“Não foi uma provocação do Ferroviário. Se há erros, se houver evidências, os envolvidos têm que ser punidos”, defendeu o dirigente coral.
Em 2012, o Ferroviário viveu situação semelhante após terminar sua participação no Campeonato Cearense na zona de rebaixamento. Naquele ano, o Tubarão da Barra encontrou um atleta do Crateús atuando em desacordo com as regras e acabou escapando do descenso para a Segundona.
Dois anos mais tarde, vivendo um novo rebaixamento e buscando auxílio jurídico para ganhar mais uma sobrevida na primeira divisão, Edmilson Júnior vê um momento para se refletir.
“Como disse: se nos beneficiar, sou totalmente favorável. Mas não é uma coisa saudável para a história, pois será a segunda vez e é muito grave. Isso nos leva a uma reflexão do motivo de tantas circunstâncias negativas”, avaliou.
Federação
Por meio de sua assessoria, a Federação Cearense de Futebol (FCF) afirmou que irá acatar qualquer decisão do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), além de destacar que o monitoramento de cartões e suspensões é feito exclusivamente pelos clubes participantes do Estadual.
Organizada picha e invade sede
Um dia depois ser rebaixado para a Segunda Divisão do Campeonato Cearense, integrantes de uma torcida organizada do Ferroviário invadiram o clube, picharam os muros da sede Elzir Cabral e cobraram uma reunião com a diretoria. Não havia nenhum dirigente no local.
Por volta das 15h, aproximadamente 15 homens se aproximaram da sede do Tubarão da Barra. Após escreveram palavras de ordem e críticas ao presidente Edmilson Júnior e ao vice Evandro Ferreira Gomes, os membros da Torcida Falange Coral (TFC) invadiram o prédio.
Os vândalos comemoraram a entrada no Elzir Cabral com fogos, o que assustou alguns jogadores que se hospedam no dormitório do clube. Os atletas acabaram chamando a Polícia.
Segundo um funcionário do Ferroviário que não se identificou, os torcedores chegaram a arrombar a porta que dá acesso à sala de imprensa e prometeram quebrar tudo. A situação teria mudado quando o empregado ponderou com os integrantes da organizada de que aquilo se tratava de um patrimônio do time.
Entre as pichações, estava uma ameaça de morte ao mandatário coral e críticas ao elenco. O policiamento chegou por volta das 16h, mas não entrou na sede. Temendo uma ação policial, os membros da torcida saíram das instalações do clube.
Preocupante
Em conversa com a Redação Web do Diário do Nordeste, Edmilson Júnior se disse preocupado com a ação ocorrida na tarde de ontem.
“Acho lamentável qualquer tipo de violência. Isso me preocupa muito. Foram até a casa da minha mãe, passando para uma esfera mais séria. Isso nos faz repensar nossa posição”.
Fonte: Diário do Nordeste
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