Reportagem do O Estado de São Paulo revela que a vitória do deputado Arthur Lira (Progressistas-AL) na Câmara resgatou um grupo de parlamentares que estava no ostracismo desde a queda, há quase cinco anos, de Eduardo Cunha, presidente cassado na Casa. Ao contrário do antecessor Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tinha uma clara agenda liberal, Lira não atuará com uma pauta econômica preestabelecida. Ele já acenou que a prioridade agora é deixar a digital em temas de impacto imediato e apelo popular, como o auxílio emergencial. As reformas para destravar a economia ficam para um segundo momento.
A reportagem relata o realinhamento de forças no Legislativo com as eleições dos novos presidentes da Câmara e do Senado.
A agenda do grupo deverá incluir projetos de interesses diretos das suas lideranças, como prisão em segunda instância e mudança da lei de improbidade, e mesmo o auxílio emergencial, uma pressão das bases eleitorais dos partidos do Centrão. O “dinheiro na veia do povo”, como traduziu o ministro da Economia, Paulo Guedes, garante popularidade e votos para políticos paroquiais.
A falta de uma agenda definida faz com que cada projeto seja negociado. A tropa de choque do novo presidente da Câmara admite que a ofensiva do Palácio do Planalto em mudar votos nas eleições do Congresso, no começo deste mês, com a liberação de verbas e cargos atendeu apenas a essa votação. Daqui para frente, cada um dos projetos de interesse do Executivo vai exigir esforço semelhante da equipe do governo.
Legalização dos jogos
Segundo a reportagem, com Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), os lobbies setoriais ganham força. A pressão para que a Câmara aprove a lei do gás ganhou até campanha na TV. Na próxima semana, o Senado deve acelerar a tramitação de proposta que regulamenta cassinos, bingos e jogo do bicho. O argumento: a arrecadação de impostos poderá reforçar os cofres do Bolsa Família.
O lobby dos jogos de azar começou a vencer resistências. O Estadão apurou que o Republicanos, por exemplo, partido ligado à Igreja Universal, tende a liberar o voto. O partido ganhou na semana passada o Ministério da Cidadania.
Conselheiros políticos
A reportagem também registra os conselheiros políticos do presidente da Câmara: o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI), e o pai, Benedito de Lira, ex-senador e prefeito de Barra de São Miguel (AL), além do consultor de gerenciamento de crises Mario Rosa. “Vejo que, fora os políticos, a pessoa que mais o influencia é o Mario Rosa”, diz Marcelo Ramos (PL-AM), primeiro vice-presidente da Casa. Entre os presidentes de partido, ganharam ainda mais força Gilberto Kassab (PSD) e Marcos Pereira (Republicanos). Nas rodas de conversa, eles costumam dizer que não viraram ministros de Bolsonaro porque não quiseram. Outro que teve papel fundamental na ascensão do grupo foi Valdemar Costa Neto. Num telefonema em dezembro, ele demoveu Marcelo Ramos de ser candidato adversário e fechar acordo com Lira.
A força dos caciques partidários ressurge com Lira, mas as cartas estão agora também nas mãos de uma turma sem expressividade nacional e que opera nos bastidores do poder. O grupo mais fechado inclui André Fufuca (Progressistas-MA), Elmar Nascimento (DEM-BA), Wellington Roberto (PL-PB), João Carlos Bacelar (PL-BA), Hugo Motta (Republicanos-PB), Celina Leão (Progressistas-DF), Celso Sabino (PSDB-AP), Claudio Cajado (Progressistas-BA), Soraya Santos (PL-RJ) Cacá Leão (Progressistas-BA), Dr. Luizinho (Progressistas-RJ), Luis Tibé (Avante-MG) e Margarete Coelho (Progressistas-PI). Os mais próximos de Lira são Elmar Nascimento, cujas famílias se frequentam, e André Fufuca.
Ministros simpáticos a legalização
Além das notícias positivas vindas do Legislativo, as nomeações do ministro Onyx Lorenzoni para a Secretaria-Geral da Presidência e do deputado João Roma (Rep-BA) para Ministério da Cidadania também contribuem para o processo.
Onyx volta a ocupar um gabinete no Palácio do Planalto e ficará mais próximo ao presidente e Roma vai comandar uma importante pasta e terá sob sua responsabilidade o programa Bolsa Família.
Legalização dos jogos para bancar Auxílio Emergencial
O senador Angelo Coronel (PSD-BA) defendeu neste domingo (14) através de post no Twitter a necessidade de fonte nova de recurso para bancar o Auxílio Emergencial: “Eu apoio a prorrogação do Auxílio Emergencial. E existe uma fonte de recursos para bancar essa despesa: a legalização dos jogos. Compartilhe e venha com a gente nessa luta! #AuxílioEmergencial”.
Colaboração do setor
No entendimento do BNLData, o momento é de mobilização junto aos parlamentares para pedir que o PLS 186/14 e o PL 442/91 sejam colocados em pauta e aprovados pelo Senado e Câmara, respectivamente.
Projetos de lei no Congresso Nacional não andam sozinhos. É necessário que haja pressão da sociedade civil para que desperte o interesse dos parlamentares em votar uma proposta. Além disso, a opinião pública será muito importante para o processo de legalização dos jogos no país.
Fonte: https://bnldata.com.br/
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