A vacina contra a dengue, um dos reforços mais ansiados pela comunidade científica brasileira no combate à doença, deve chegar ao mercado em 2016. Ela é produzida pela Sanofi Pasteur, laboratório multinacional, com participação, inclusive, de pesquisadores brasileiros. A novidade foi apresentada durante o 51º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop/SBMT), que termina hoje, em Fortaleza.
Segundo infectologistas, apesar de ser aguardada, a vacina só garante 60% de eficácia contra os quatro sorotipos da enfermidade. “Ela é mais fraca, podemos dizer assim, contra o tipo 2, no mais, é boa”, avalia o médico e professor Anastácio Queiroz.
O infectologista Afonso Bezerra reconhece a importância do produto, no entanto alerta para a necessidade de manter o foco no combate ao mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti. “Não podemos achar que com a vacina tudo estará resolvido. Nosso principal alvo é o mosquito transmissor também de outras doenças que se espalham, como a chikungunya, zika e febre amarela”, alertou.
Focos
De acordo com o médico, é imprescindível reforçar a atenção nas políticas preventivas como os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do mosquito transmissor. “É preciso procurar fazer a prevenção de dengue dentro de casa contra o inseto. Vedar as caixas-d’água, não deixar pneus a céu aberto ou garrafas como depósitos de água”, destaca. Além disso, ele também considera importantes as pesquisas sobre tecnologia que podem impedir mosquitos de transmitirem a dengue.
A chegada da vacina, no entanto, é comemorada por profissionais. “A Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, quando a Anvisa liberá-la no Brasil, irá defender que o Sistema Único de Saúde a incorpore no calendário de vacinação em todo o País”, adiantou o médico.
A segunda fase dos testes no Brasil já está em andamento. No fim de maio, o diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Renato Alencar Porto, afirmou que o Brasil pode ser o primeiro País do mundo a registrar uma vacina da Sanofi.
Outros quatro laboratórios, na Inglaterra, Estados Unidos e Japão, também buscam desenvolver a vacina contra a dengue. O Instituto Butantã, de São Paulo, em parceria com um instituto norte-americano, também estuda a vacina.
O infectologista Ivo Castelo Branco explica que o maior desafio é produzir um medicamento que imunize contra os quatro sorotipos conhecidos. “Se um produto que imunize só contra o vírus tipo 1, por exemplo, poderia fazer com que pessoas que nunca tiveram a doença contraíssem casos mais graves de dengue na primeira vez, se fossem contaminadas pelos tipos 2, 3 ou 4 do vírus. Isso porque estudos indicam que quando se tem dengue pela segunda, terceira e quarta vezes, a doença costuma ser pior do que na primeira”, avalia.
Um dos pesquisadores da Fiocruz que fazem parte dos estudos da vacina francesa, Rivaldo Venâncio, garante a sua eficácia. “Não tivemos reações adversas em nenhum teste realizado e com 60% de eficiência já podemos dizer que ela trará grandes benefícios para a saúde pública brasileira. “A vacina da gripe H1N1, por exemplo, apresenta o mesmo percentual de positivismo e tem bons resultados”, diz.
Lêda Gonçalves
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste
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