Transplante de coração une casal em Fortaleza

Jônatas Cabanelas e Elys Parente casaram-se em Fortaleza, no último dia 10 de outubro. Eles devem ir morar em Salvador, terra do noivo ( Foto: Bruno Gomes )
Jônatas Cabanelas e Elys Parente casaram-se em Fortaleza, no último dia 10 de outubro. Eles devem ir morar em Salvador, terra do noivo ( Foto: Bruno Gomes )
O baiano Jônatas Cabanelas veio ao Ceará na esperança de receber um coração e ganhou dois. Durante a espera na fila do transplante cardíaco no Hospital de Messejana, os seus olhos encontram-se com os da técnica de enfermagem Elys Parente. Apesar do final feliz, a caminhada foi repleta de percalços. Aos 5 anos, Jônatas descobriu ser portador de miocardiopatia hipertrófica congênita, doença genética herdada de seu pai e passada também a seus três irmãos. Aos 33 anos, iniciou o processo para entrar na fila do transplante. Três dias antes de vir para a consulta marcada em Fortaleza, ele teve um AVC e perdeu, por cerca de 50 minutos, os movimentos e a fala, tendo de ser encaminhado à capital cearense por uma UTI aérea e internado em um hospital privado. Depois de falsos alarmes, devido à situação do órgão a ser doado e principalmente decorrente de desistências, o sétimo chamado foi o seu número da sorte. Em 19 de março, após sete anos de cirurgia, finalmente um novo coração batia em seu peito. Todavia, foi preciso, temporariamente, um coração artificial para auxiliar no trabalho cardíaco. A conquista do segundo foi mais fácil e imprevisível. Nos primeiros dias em Fortaleza, quando estava em uma cama de UTI, conheceu Elys. A estudante trancou a faculdade de Enfermagem e pediu demissão do emprego para dedicar-se aos cuidados de Jônatas. Na primeira semana de janeiro, ele chegou a Fortaleza e, no dia 21, começou o namoro com Elys. Após receber a alta, no dia 29 de junho, Jônatas fez o pedido de casamento. A escolha do local, a Associação dos Transplantados Cardíacos do Ceará, foi decidida sem titubear. Essa foi uma das maneiras encontradas pelos dois para dar suporte à casa de apoio e à causa da doação de órgãos. Na entrada do local, um folheto era entregue com a história escrita por Jônatas de sua luta pela vida desde criança. O casamento civil foi realizado na presença de familiares, amigos e colegas conquistados no hospital. “Ele sempre teve muita força de vontade, não desanimava, não se deixava abater durante o momento após o transplante, quando estava até com risco de morrer”, lembra o cardiologista clínico Gláuber Vasconcelos, que o acompanhou no preparatório para receber a doação e, em seguida, na adaptação. O evento aconteceu no dia 10 de outubro, porém uma nova data já está prevista. Os familiares e conhecidos que ficaram em Salvador vão poder participar também da felicidade do casal de pertinho. Em janeiro, com previsão para o dia 24, será a celebração religiosa, ministrada por um pastor, com direito a uma festa para embalar as comemorações. Aliás, a capital baiana será a nova casa dos dois. Eles vão, mas com a promessa de voltar sempre, seja para visitar os parentes de Elys, para continuar o tratamento no Hospital e aproveitar um pouco mais da cidade que já é a segunda casa de Jônatas. Referência Ele não é o único de fora do Estado que busca uma nova vida no Hospital de Messejana. Segundo o cardiologista e coordenador da equipe da Unidade de Transplante Cardíaco do Hospital, João David de Souza Neto, a unidade é referência e atende ao Norte, Nordeste e ao Centro-Oeste. Com 329 transplantes cardíacos realizados de 2009 até agora, ele é o terceiro do País em números. O médico acompanhou pessoalmente o caso do Jônatas e marcou presença no casamento. “A maior alegria é poder devolver a vida”, disse. Levantando a bandeira da doação de órgãos e tecidos, o Movimento Doe de Coração é realizado pela Fundação Edson Queiroz desde 2003. A campanha é referência em todo o País e é reconhecida pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Fonte: Diário do Nordeste
Zeudir Queiroz

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